
Os casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas vêm crescendo no estado de São Paulo e acendem um alerta para consumidores e autoridades. Até terça-feira (30), o governo estadual confirmou 22 ocorrências suspeitas e confirmadas, com cinco mortes investigadas, uma delas já atribuída diretamente ao consumo da substância.
Segundo o governador Tarcísio de Freitas, cerca de 50 mil garrafas com suspeita de adulteração foram apreendidasnos últimos dias. A Polícia Civil interditou bares da capital onde vítimas relataram ter consumido caipirinhas, uísque, gim e vodca adulterados.
A Polícia Federal também abriu investigação própria para rastrear a origem do metanol, enquanto a Vigilância Sanitária intensifica fiscalizações.
O que é o metanol e por que é tão perigoso?
O metanol é um álcool de uso industrial, presente em produtos como fluido de radiador e limpador de para-brisa. Não é destinado ao consumo humano e pode ser letal mesmo em pequenas quantidades. Quando metabolizado pelo fígado, gera substâncias tóxicas (como formaldeído e ácido fórmico) que atacam órgãos vitais, podendo levar à cegueira, coma e morte.
“O metanol não tem cheiro desagradável, não tem gosto desagradável, e com isso ele se mistura bem na bebida, então a pessoa ingere de forma que não percebe”, explicou o médico toxicologista do Grupo Fleury, Alvaro Pulchinelli.
Sintomas de intoxicação por metanol
Os sintomas iniciais podem confundir-se com os de uma intoxicação por álcool comum, como:
- tontura
- fala arrastada
- andar cambaleante
- raciocínio lento
- julgamento comprometido
A gravidade aparece de 6 horas a 2 dias após a ingestão, com sinais como:
- náusea e vômito intensos
- respiração acelerada
- visão borrada ou brilhante
- perda parcial ou total da visão, que pode ser irreversível
Pulchinelli reforça: “Esse é o momento de procurar atendimento médico imediatamente para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível.”
Como se proteger de bebidas adulteradas?
Não há como identificar o metanol a olho nu ou pelo sabor. A única forma seria por meio de análises laboratoriais. Por isso, especialistas e entidades do setor recomendam:
- Comprar bebidas apenas em locais confiáveis.
- Desconfiar de preços muito abaixo do mercado.
- Conferir lacres e rótulos, embalagens mal coladas, borradas ou sem selo do IPI são sinais de risco.
- Exigir nota fiscal.
- Evitar consumir em bares e casas noturnas sem reputação comprovada.
O que dizem as autoridades?
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, confirmou que a Polícia Federal apura possíveis conexões com o crime organizado, já que o metanol também é usado em esquemas de adulteração de combustíveis. No entanto, o governador Tarcísio de Freitas afirma que “não há evidência nenhuma” da participação de facções criminosas, tratando o problema como estrutural de destilarias clandestinas.
Casos pelo mundo
Tragédias semelhantes já ocorreram em países como Rússia, Turquia, Laos e Kuwait, resultando em centenas de mortes. No Brasil, a onda recente expõe uma ameaça à saúde pública e reforça a necessidade de fiscalização rígida.
Tratamento da intoxicação por metanol
A intoxicação é uma emergência médica. O tratamento pode envolver:
- medicamentos específicos
- diálise para limpeza do sangue
- administração de etanol sob supervisão médica, que compete com o metanol no organismo e reduz seus efeitos tóxicos
“Você pode morrer com uma proporção muito pequena de metanol, e pode sobreviver com uma proporção bastante substancial, se conseguir ajuda rapidamente”, afirma Knut Erik Hovda, médico da organização Médicos Sem Fronteiras.
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