O Arquivo Histórico Professora Maria Angela Borges Salvadori deu início a uma nova etapa de trabalho com a documentação do Clube Beneficente, Cultural e Recreativo 28 de Setembro. Desta vez, o foco são documentos produzidos entre as décadas de 1930 e 1980, fundamentais para a pesquisa da doutoranda Michele Silva Joaquim, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisadora decidiu aprofundar seus estudos sobre a criação e gestão do clube após participar da “Rota Afro – Circuito da Memória da População Negra de Jundiaí”.

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Preservação e digitalização do acervo histórico

O material inclui livros de atas, registros de sócios, plantas do prédio do clube e outros documentos inéditos. Devido às condições inadequadas de conservação e à presença de microrganismos nocivos, a pesquisadora viabilizou um tratamento de irradiação no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), garantindo a segurança no manuseio do acervo.

“O recorte temporal escolhido é por conta da disponibilidade de acervo, de ser também o período em que se inaugurou este prédio e fundada a sua biblioteca, além de contar também com iniciativas importantes, como a criação de uma escola de alfabetização de adultos, batizada com o nome do poeta ‘Cruz e Sousa’. O objetivo agora é entender as relações estabelecidas entre os trabalhadores envolvidos e como alcançaram êxito na gestão do clube. Trata-se de documentos inéditos e, portanto, torna-se para mim um privilégio poder estar entre as primeiras pesquisadoras a manuseá-los”, explica Michele.

Importância histórica do Clube 28 de Setembro

A equipe do Arquivo Histórico, vinculado ao Departamento de Museus da Unidade de Gestão de Cultura (UGC), agora dará início à limpeza, catalogação e digitalização do acervo. Os documentos serão disponibilizados na plataforma de Acervo Digital do site da Cultura, ampliando o acesso público ao material.

Para o diretor do Departamento de Museus, Maurício Ferreira, a digitalização desses registros representa um marco na preservação da história negra na cidade. “Repito o que disse quando a Michele nos fez o pedido, de que é para a Cultura e para o Município motivo de honra poder contribuir com a recuperação e democratização destes documentos. Falar da importância histórica do Clube 28 é algo modesto perto da contribuição dele para a história de luta e resistência do movimento deles em Jundiaí, às vésperas de seu aniversário de 130 anos, como o terceiro clube social negro mais antigo do País e o mais antigo de São Paulo”.

O início dos trabalhos também contou com a presença da presidente do Clube 28 de Setembro, Edna Oliveira; da pesquisadora de clubes sociais negros e integrante da diretoria do clube, Joana Prudêncio; e da servidora da UGC, Valéria de Paula Ignácio.