O Encontro de Cultura Caipira e o 18º Encontro de Companhias de Santos Reis de Várzea Paulista celebraram no último domingo (25) as raízes culturais e religiosas do município. A festividade, organizada pela Companhia de Santos Reis Luz Divina com apoio da Unidade Gestora Executiva Municipal de Cultura e Turismo, reuniu aproximadamente 1.500 pessoas, dez cidades representadas e diversas atrações no Espaço Cidadania.

O evento contou com apresentações de sete companhias de Santos Reis, missa, homenagens, além de emocionantes exibições da Banda da Musicarte, da Orquestra de Violeiros Terra da Uva (de Jundiaí) e um espetáculo inclusivo, que teve como destaque a participação dos sanfoneiros mirins Henrique, jovem autista, e sua irmã Lívia.

Segundo o gestor executivo municipal de Cultura e Turismo, William Paixão, o encontro cumpriu seus principais objetivos: preservar e renovar a tradição das companhias de Santos Reis, fomentar o turismo local e fortalecer a inclusão.

“O objetivo do encontro é fazer com que a cultura das companhias de Santos Reis se mantenha viva. É uma marca de Várzea Paulista e precisamos passar isso, com o apoio da própria Igreja Católica e sociedade civil, às gerações mais novas, haja vista que a idade dos atuais membros das companhias já é avançada”, destacou.

“Estamos bastante otimistas e consideramos que este encontro é um pontapé inicial para uma renovação da cultura e para que esse evento cresça ainda mais”.

Tradição, espiritualidade e inclusão em destaque

Além da anfitriã Companhia Luz Divina, participaram os grupos Filhos de Belém (Jundiaí), São José Operário (Campinas), Mensageiros do Cordeiro (Cordeirópolis), São Francisco de Assis (Indaiatuba), Família Du Catira (Itapevi), Estrela Guia (Leme) e Estrela de Belém (Santa Bárbara d’Oeste).

A programação começou com a missa, celebrada pelo padre Belão, seguida pela abertura oficial e homenagens a personalidades que promovem a cultura caipira e de Santos Reis em Várzea Paulista, como o ex-gestor executivo municipal de Cultura Jota Moreira, o ex-vereador Giba Moraes e a própria Companhia Luz Divina.

O encerramento emocionou o público com a Orquestra de Violeiros Terra da Uva, a apresentação da Banda da Musicarte interpretando clássicos como “A Festa do Santo Reis”, de Tim Maia, e a participação inclusiva dos sanfoneiros mirins Henrique e Lívia.

Roberto Magoga, bastião — um dos tipos de palhaço das companhias — da Luz Divina há 16 anos, celebrou a organização do evento. Apaixonado pela cultura católica desde a infância no Paraná, o jundiaiense afirmou: “No ano que vem, participarei de novo, se Deus quiser e eu tiver saúde”.

Feiras criativa e inclusiva valorizam artesãos locais

O evento também abriu espaço para a Feira Criativa, Turística e Cultural, e a Feira Inclusiva, que proporcionaram visibilidade e renda para artesãos e empreendedores varzinos. Entre os destaques, a apresentação dos sanfoneiros Henrique Tinen dos Santos e Lívia emocionou o público.

A artesã Cristiane Piasotto, participante da Feira Criativa há três anos, aprovou a iniciativa. “A iniciativa é maravilhosa. Sou católica e vimos pessoas de crenças diferentes conhecendo essa tradição, porque é uma cultura bonita e que tem que continuar sendo valorizada. Se não for cultivado e passado às próximas gerações, acaba morrendo”, comentou.

Cultura impulsiona turismo e fortalece a cidade

O prefeito de Várzea Paulista, professor Rodolfo Braga, destacou a importância da celebração: “Celebrar os Santos Reis é mais do que manter um costume. É alimentar a alma com as coisas do céu, é ensinar às novas gerações que quem não valoriza o que é seu, perde a raiz e se esquece do chão de onde veio. E aqui, em Várzea Paulista, temos orgulho de manter firmes essas raízes”.

De acordo com William Paixão, a festa pode transformar a cidade em uma referência estadual: “Queremos transformar Várzea Paulista na capital paulista do encontro de companhias de Santos Reis. Temos totais condições de alcançar esse objetivo. Este é um evento cultural, mas também turístico, por trazer companhias e visitantes de outras cidades”.

Em 2026, o encontro já tem data marcada: 24 de maio. “Nossa meta é trazer 15 ou mais companhias. Muitas relataram dificuldades de transporte este ano por conta da troca de governos. Vamos fazer uma varredura em todo o estado de São Paulo, para poder trazer o maior número possível de companhias”, afirmou Paixão.

Por que o evento ocorre em maio?

Paixão explica que, de dezembro a janeiro, período tradicional das apresentações, as companhias estão em suas próprias cidades, o que inviabiliza um encontro regional.

“Aqui temos um encontro de companhias. A gente recebe companhias do estado todo, que se reúnem para encerrar o período de apresentações e já projetar o novo calendário do ano que vem. É como se fosse uma grande confraternização”, explicou.

Inclusão: protagonismo das Famílias Atípicas

A Feira Inclusiva também foi um espaço importante para o programa Famílias Atípicas, que reúne familiares de pessoas com deficiência em Várzea Paulista. Michele Lopes, coordenadora do programa, celebrou a participação: “É uma oportunidade incrível de levarmos o nome do programa a esses eventos, deixar uma palavra de afeto e carinho para outra família atípica, porque recebeu um diagnóstico recente, por exemplo, e até mesmo falar sobre a inclusão”.

Michele destacou ainda a emoção ao ver Henrique, indicado pelo programa, se apresentar: “O nosso coração se aquece, porque vemos que a inclusão está, de fato, ocorrendo. Conseguir trabalhar a inclusão de todas as formas só tende a enriquecer o município”.

Eliane Fernandes, mãe de Davi Vieira, de 8 anos, que vive com autismo, também relatou a importância do programa: “É libertador. A gente conversa, chora junto, ri junto. Uma acolhe a outra. É uma forma de termos essa rede de apoio, ajudar outras mães e, ao mesmo tempo, empreender, vender nossos produtos e conseguir uma renda”.

Interessados em conhecer e integrar o programa podem acessar o perfil oficial: @familiasatipicas_varzeapta.

Incentivo à leitura também marcou presença

Outro destaque foi o estande do projeto “Voa, Livro, Voa”, promovido pela Biblioteca Municipal Profª Zulmar Zuleica Turcatto Maraccini, que ofertou gratuitamente livros de diversos gêneros. “Quando os livros doados já fazem parte do acervo, ficam disponíveis para a retirada definitiva”, explicou Ivanilda Solar, coordenadora de atendimento da biblioteca.

Quem quiser doar ou retirar livros pode se dirigir à biblioteca, localizada no Espaço Cidadania (Avenida Ipiranga, 151 — Centro).

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