Churrasco mais caro: por que o preço da carne subiu tanto?
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Economia

Churrasco mais caro: por que o preço da carne subiu tanto?

Em termos mensais, o preço da carne sofreu uma alta de 8,02%, a maior elevação para o item desde dezembro de 2019, quando o aumento chegou a 18,06%.

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Carne - Preço da carne
Foto: Canva

Em novembro, o preço da carne registrou o terceiro aumento consecutivo, com uma alta acumulada de 15,43% nos últimos 12 meses, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (10). Esse aumento segue uma tendência de crescimento que começou em setembro de 2024, após um longo período de queda nos preços da proteína bovina, que durou cerca de um ano e meio.

Dentro dos cortes bovinos, o patinho foi o que mais encareceu, com uma inflação de 19,63%. Outros cortes que apresentaram elevação significativa nos preços incluem o acém (18,33%), o peito (17%) e o lagarto comum (16,91%). A única exceção foi o fígado, cuja cotação apresentou uma queda de 3,61%, de acordo com os dados do índice.

Em termos mensais, as carnes sofreram uma alta de 8,02%, a maior elevação para o item desde dezembro de 2019, quando o aumento chegou a 18,06%.

Fatores que influenciam o aumento do preço da carne

De acordo com economistas consultados, quatro fatores principais explicam a alta no preço da carne. Estes fatores são:

  1. Ciclo Pecuário: A oferta de bois está diminuindo no campo após dois anos de abates elevados.
  2. Clima: A seca e as queimadas prejudicaram a formação de pastos, comprometendo a alimentação do gado.
  3. Exportações: O Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, tem registrado recordes de vendas, o que afeta a oferta interna.
  4. Renda: A queda do desemprego e a valorização do salário mínimo têm impulsionado a demanda por carnes.

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O impacto do acordo comercial com a União Europeia

O IPCA foi divulgado logo após a assinatura de um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, na última sexta-feira (6). A carne bovina está entre os produtos que terão impostos reduzidos nas exportações para o bloco europeu.

No entanto, ainda não há uma previsão para a implementação dessa medida, pois o novo texto precisa passar por revisão, tradução, assinatura e ratificação antes de entrar em vigor.

Carne - Preço da carne
Foto: Canva

Ciclo pecuário: a oferta de carne e os abates de gado

O ciclo pecuário também contribui para o aumento nos preços. Os ciclos da pecuária funcionam de forma cíclica, com períodos de alta e baixa. Durante a alta do ciclo, os pecuaristas optam por reter as fêmeas para reprodução, o que diminui a oferta de carne.

Em momentos de baixa do ciclo, quando os preços do bezerro caem, há um aumento no volume de abates. O aumento no preço da carne está relacionado ao fato de que, após um período de grande volume de abates, a oferta de gado diminui, pressionando os preços.

Influência das condições climáticas: secas e queimadas

A seca e as queimadas, que afetaram a produção de pasto, também desempenham um papel importante nesse cenário. Em períodos de escassez de pasto, é comum que os pecuaristas optem por confinar o gado, alimentando-os com ração. Contudo, esse processo é mais caro e tem sido mais evitado devido à baixa nos preços do boi gordo ao longo de 2024. Esse fator tem gerado uma alta nos custos de produção.

Exportações: demanda externa e redução da oferta interna

Outro fator significativo é o aumento das exportações de carne bovina. O Brasil, como maior exportador global, tem registrado volumes recordes de vendas para o exterior. Em outubro, por exemplo, as exportações de carne atingiram 301.166 toneladas, o maior volume já registrado para o mês. A razão para esse aumento é que outros fornecedores de carne bovina, como Austrália e Estados Unidos, não têm conseguido atender à demanda externa, o que tem pressionado a oferta interna e levado os preços para cima.

O impacto da renda: consumo de carne e recuperação econômica

A demanda interna por carne também está aquecida, impulsionada pela melhoria na renda da população. A queda do desemprego, o aumento na remuneração média e as políticas de valorização do salário mínimo contribuíram para esse cenário.

Além disso, o pagamento do 13º salário e as bonificações típicas do final do ano devem manter a demanda por carne alta. Esse aumento no poder de compra tem ajudado a manter o preço da carne elevado, especialmente em um período de festas.

Carne - Preço da carne
Foto: Canva

Perspectivas para o mercado de carne em 2025 e 2026

Os economistas indicam que, diante de todos esses fatores, o preço da carne devem continuar pressionados em 2025 e possivelmente se estender até 2026. A expectativa é de que, com a diminuição da produção de carne devido aos ciclos pecuários, a oferta continue restrita, mantendo o preço da carne elevado por um período mais longo.

A combinação de um cenário externo favorável para as exportações, desafios climáticos e a melhoria da renda interna cria uma pressão contínua sobre o mercado de carne no Brasil.

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