No Dia Internacional da Paz, contamos a história da ONG Panahgah
Foto: Divulgação/Panahgah

O Dia Internacional da Paz serve como um lembrete da importância da coexistência pacífica entre os povos. No Brasil, a ONG Panahgah materializa essa busca por harmonia, oferecendo abrigo e apoio a refugiados que tiveram suas vidas radicalmente transformadas pela guerra.

A Panahgah começou em resposta à crise no Afeganistão e não tinha a pretensão de virar uma ONG. Quem conta a história da instituição ao Tribuna de Jundiaí é Sophia Nobre, de 22 anos e estudante de direito, que deu o ponta pé em busca de mudança.

No Dia Internacional da Paz, contamos a história da ONG Panahgah
Foto: Divulgação/Panahgah

“Eu sempre gostei da área de direitos humanos, sempre me voluntariava em instituições. Por causa disso, eu escolhi fazer direito”, conta. Em 2020, Sophia entrou na faculdade e se envolveu em um grupo de pesquisa estudantil. Neste grupo, iniciou um trabalho sobre tráfico de pessoas.

“Quando o Taliban assumiu o poder [do Afeganistão], eu comecei a mandar mensagens perguntando se pessoas conheciam algum trabalho em São Paulo que estivesse ajudando os afegãos, porque eu queria ser voluntária”, conta Sophia.

No entanto, a resposta que ela recebeu era que não havia nenhum projeto conhecido que fosse direcionado a ajudar a população do Afeganistão. Ainda assim, os contatos que ela fez estavam interessados em participar de um trabalho neste sentido. “A gente começou a estudar quais seriam as possibilidades de ajudar essas famílias. Eu comecei a receber muita mensagem de famílias ainda no Afeganistão pedindo ajuda, muito pedido de ajuda”, destaca a estudante.

Nasce um movimento de solidariedade

Na época, além de uma existente pressão interna sobre a pauta, o grupo que se formava também escreveu uma carta para o Governo Brasileiro, pedindo vistos humanitários para que os afegãos em perigo pudessem buscar acolhimento no Brasil. Em setembro de 2021, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a conceder o visto humanitário para afegãos.

“Eu escrevi um documento bem simples explicando como entrar no site do Itamaraty, o que fazer quando você encontra uma caixinha escrito ‘não sou um robô’ e comecei a enviar para as famílias. Em novembro de 2021, a primeira família chegou através dessa ajuda com visto no Brasil”. Quando essa família refugiada chegou ao Brasil, o grupo viu que a dificuldade não era trazê-los para o Brasil, mas o que fazer depois que eles chegavam.

“A gente começou um projeto piloto de acolhimento. Eu recebi um e-mail da OIM que é organização de migração da ONU, que se interessou pelo projeto. A gente precisou institucionalizar e criou a Panahgah em março de 2022.”

No Dia Internacional da Paz, contamos a história da ONG Panahgah
Foto: Divulgação/Panahgah

Como é o acolhimento dos refugiados através da Panahgah

O trabalho acontece assim: a Panahgah recebe a família no Aeroporto de Guarulhos e os leva para um hotel em São Paulo, que firmou uma parceria com o projeto. A família refugiada fica com o grupo por 15 a 20 dias, recebe vacinas e exames necessários. Além disso, a Panahgah proporciona aula de português e orientações sobre a cultura brasileira.

Após esse período de integração, as famílias são encaminhadas para diferentes cidades no Brasil, onde a Panahgah conta com instituições parceiras que acolhem essas famílias. O projeto também conta com parceiros que patrocinam cada família por um ano. Durante este período, as famílias são orientadas a se estabilizar no Brasil e alcançar uma autonomia financeira. “A família vai alugar a própria casa, a gente ajudar a matricular as crianças na escola e até acesso à saúde pública do município. A nossa instituição parceira vai mostrar onde fica a farmácia, o mercado, ajudar se alguém for instalar a internet na casa. A gente recebeu nesse modelo 220 famílias, em torno de 1.000 pessoas”, conta Sophia.

Dia Internacional da Paz: Panahgah criou impacto que transforma vidas

Hoje, a Panahgah também acolhe refugiados de outras nacionalidades, como venezuelanos, haitianos e sírios.

No Dia Internacional da Paz, contamos a história da ONG Panahgah
Foto: Divulgação/Panahgah

Além dos brasileiros que começaram a Panahgah, o grupo conta com refugiados que passaram pela integração e agora atuam como mediadores culturais. É o caso de Saideh Sohbati e Hamid Farahani, do Irã, que vivem no Brasil há dois anos. “Como falamos quase a mesma língua, garantimos que eles sejam compreendidos. Também abordamos qualquer problema que eles possam ter neste país”, comenta Hamid.

De acordo com ele, a primeira observação sobre os refugiados que chegam no Brasil é a sensação de paz. Além disso, ele conta que os acolhidos amam a natureza do país, a calmaria e tranquilidade que encontram. “Eu os encontro até pescando, fazendo churrasco. Apenas algumas semanas antes disso eles passavam por momentos muito difíceis, agora eles estão chegando aqui e encontrando paz.”

Saiba mais sobre a Panahgah e acompanhe o projeto acessando o site panahgah.org e as redes sociais, através do @panahgah.ong