Na quarta-feira (25) será Natal, uma das comemorações de maior importância em nossa cultura. Reunir a família, presentear aqueles que amamos e celebrar o nascimento de Jesus Cristo é o maior intuito da data, mas também há outro elemento que se destaca nesta época do ano: o Papai Noel.
Presente nos shoppings, centros comerciais, em eventos solidários e até nas festas de Natal das famílias, não há de se negar que o Papai Noel carrega um enorme significado para as crianças, que transmitem pureza e esperança em seus olhinhos quando enxergam o bom velhinho de barba branca e vestes vermelhas.
E, com tantos Papais Noéis por aí, é necessário que exista aqueles que se dispõem a, ano após ano, vestir não somente as pesadas roupas vermelhas, mas toda a essência do bom velhinho: eles ouvem uma série de desejos, alguns muitas vezes tristes, sorriem e acenam para os pequenos, levando para eles a magia do Natal.
Um desses Papais Noéis é o Rolando Carlos Caron, que desde 1982 leva alegria para crianças, adultos e idosos de Jundiaí. O que começou como algo despretensioso e de forma voluntária, hoje virou sua profissão. Para saber um pouco mais sobre como é ser Papai Noel e como tudo começou, confira a entrevista que fizemos com um dos bom velhinhos de Jundiaí:
Tribuna de Jundiaí: Você é um dos Papais Noéis mais antigos de Jundiaí. Quando e como foi que essa história começou?
Rolando Carlos Caron: Essa história começou em 1982. Eu havia deixado a barba crescer, mas ela era preta ainda – eu tinha uns 30 anos na época. Aí a empresa que eu trabalhava fez uma festa de confraternização na Rua do Retiro e eu me vesti de Papai Noel. Lembro que pintaram minha barba, ficou prateada na época (risos). Achei interessante aquele trabalho com as crianças. Nesse dia dei a volta na rua com bala, as crianças saíam na rua felizes… Foi aí que comecei a fazer o Papai Noel.
Posteriormente comecei a sair e em um dos anos fui ao Varjão, onde um amigo tinha um sítio. Começamos a anualmente fazer um evento lá, até 2002. A barba, na época, era postiça. A gente entregava bala, bonecas e bolas. Aí, em 2007, por meio de uma conhecida que era assistente social, quando minha barba já era branca, comecei a fazer o Papai Noel com as crianças de lá novamente, mas já era em um evento maior, todas eram apadrinhadas, tinham os presentes certinhos e eu entregava para todos. Fiz esse trabalho até 2014.
Em 2015 eu perdi meu emprego e trabalhei por dois anos no Shopping Paineiras e agora estou na Associação Comercial Empresarial de Jundiaí (ACE), lá eu já fiz 2017, 2018 e agora neste ano.
TJ: Quando foi que você decidiu trabalhar profissionalmente como Papai Noel? E por quais locais você já passou em Jundiaí?
RCC: A partir de 2015, quando perdi o emprego e apareceu a primeira oportunidade remunerada. Pensei como um trabalho extra. Até então, nunca tinha feito por dinheiro, sempre fiz tudo voluntariamente, sem cobrar nada. Hoje também visito casas que sou contratado. Tem sete casas que eu já passo na véspera do Natal há uns quatro anos.
TJ: Para você, qual é a melhor parte de ser Papai Noel?
RCC: A melhor parte é a satisfação de poder dar uma alegria para as crianças, mas não só para elas, também para os idosos. No caso dos idosos, a maior parte deles nunca tiveram isso de Papai Noel na infância. Essa semana, por exemplo, teve uma senhora de 82 anos no Centro e ela ficou radiante ao me ver. Você se sente satisfeito e alegre, por produzir essa felicidade, dar essa alegria para as pessoas.
TJ: Você tem alguma história em específico muito marcante, que te fez sentir emocionado e que você não esquece?
RCC: Tem várias. Nessa época que a gente ia no Varjão, nós saímos para fazer o trajeto, e passamos na frente de uma casa onde tinha um casal de idosos no portão. A gente passou e eu pedi para o motorista parar, para entregar um saquinho de bala. Eles agradeceram e eu muito novo na época, falei feliz natal. Eles retribuíram: “Pro senhor também, Papai Noel”. É uma satisfação, né. Esse ano tive contato com algumas crianças com deficiência, você fica emocionado com essas coisas.
Muitas histórias são tristes, de crianças que às vezes pedem o presente com a esperança de ganhar, mas eu não tenho como presenteá-las. Essa semana uma família até comprou o presente, deixou comigo, e na hora que a criança foi pedir eu dei o presente que os pais haviam comprado, mas não é todo mundo que pode fazer isso.
Essa semana também uma moça entrou para tirar foto comigo, e me pedi baixinho a cura do câncer dela. Infelizmente eu não tenho esse poder, mas gostaria. São muitas situações;
Mas o que marca mais é a satisfação da criança, ver o olhinho delas, brilhando por acreditar no Papai Noel.
TJ: A sua barba de Papai Noel é de verdade. Já houve casos de crianças que te chamaram pelo nome do bom velhinho mesmo sem estar caracterizado? E na roda de amigos e família, ser o Papai Noel já é algo que te caracteriza?
TCC: Hoje em dia, direto. Quarta-feira eu saí do Centro, fui no mercado comprar umas coisas, tinha um casal com dois filhos meninos. Pietro e Lorenzo, nem esqueço o nome. Na hora que me viram já falaram, “Olha o Papai Noel!”, uma alegria só. E as pessoas mesmo, no mercado, a menina com as frutas brincou que o Papai Noel tinha chegado. E tudo isso mesmos em a caracterização. Os amigos e família brincam demais também, é Papai Noel para todos os lados. É uma verdadeira farra.
TJ: Neste final de ano, como Papai Noel, que mensagem você gostaria de passar para as pessoas?
RCC: A mensagem é praticamente o que todo mundo quer, alegria, paz, saúde. Queremos que todos tenhamos um ano tranquilo, uma vida melhor. Não posso prometer nada do que me pedem, mas gostaria de poder dar.