A partir deste domingo (30), o Tribuna de Jundiaí inicia uma rodada de entrevistas com os prefeitos da Aglomeração Urbana de Jundiaí (AUJ). O primeiro a fazer parte destes sete bate-papos do já conhecido “Entrevistão” é Luiz Fernando Machado (PSDB), chefe do Poder Executivo de Jundiaí.
Reeleito com quase 70% dos votos no primeiro turno das eleições de 2020 (134.793), Luiz Fernando disse que a população jundiaiense pode esperar muito mais deste segundo governo, porque hoje a cidade está estruturada e pronta para receber mais investimentos.
Ele celebrou, também, todo o trabalho feito em relação às crianças e projeta a “Jundiaí do Futuro” – como usou no slogan da campanha vencedora de 2017 – a partir da valorização do capital humano. Mas, ainda existem desafios a serem transpostos, segundo ele – como a mobilidade urbana e as políticas de habitação no município. Confira:
Tribuna de Jundiaí – Governar num segundo mandato, em alguns casos, remete a uma acomodação por parte do administrador. Em Jundiaí, temos visto entregas, programas e projetos em áreas essenciais. Essa será a marca do seu segundo governo?
Luiz Fernando Machado – Segundo a nossa concepção, o primeiro ano do nosso primeiro mandato foi de organização e o segundo de planejamento. O terceiro e quarto anos de investimentos. E na lógica da nossa reeleição, a dinâmica que ficou foi a de continuidade dos investimentos e não mais uma necessidade de organização administrativa-financeira da Prefeitura.
A projeção que nós fizemos seria de investimentos em 2019, 2020 e 2021. Eu sempre disse que quem estivesse sentado nesta cadeira, a partir de 2021, teria R$ 50 milhões em investimentos porque o desembolso do financiamento feito era para três anos e não para uma única vez.
Este ano, especialmente, nós vamos entregar a Emeb Joaquim Candelário de Freitas, a Clínica da Família e a UPA da Vila Hortolândia, concluímos o processo de recapeamento asfáltico, vamos iniciar a ampliação da instalação de câmeras (de monitoramento), fizemos a conclusão das obras de galerias de água pluviais margeando a rodovia João Cereser… então a dinâmica da cidade é a de continuidade dos investimentos.
Estamos colocando como se a população, em 2017, tivesse nos dado a chance de administrar a cidade por oito anos. O gás, de fato, será dado nos próximos três anos – não foi nos últimos dois. Pode-se esperar muito mais do governo atual, deste mandato, porque a cidade está estruturada para viabilizar e executar estes investimentos.
Tribuna – Qual será o maior desafio de Luiz Fernando Machado neste segundo mandato?
Luiz Fernando – O maior desafio será na área social. Entendo que o pós-pandemia vai gerar um enfraquecimento natural da própria sociedade, uma redução no perfil de renda da classe trabalhadora do nosso município, então os investimentos sociais serão muito importantes. Acredito, também, na manutenção da cidade no horizonte do pleno emprego.
O desafio do serviço público é sempre uma obrigação: uma prestação do serviço na saúde, na educação, no transporte, na segurança… mas a dinâmica de manter Jundiaí como uma cidade que dá oportunidade eu acho que é o grande ponto.
Tive a felicidade de receber, semana passada, o Fort Atacadista que já anunciou investimento altíssimo em Jundiaí, inclusive com a geração de 300 empregos diretos. Hoje (quinta, dia 27) pela manhã, recebi a Total Express que vai gerar, a partir de agosto deste ano, 500 empregos diretos, podendo chegar à geração de mil postos de trabalho diretos na área logística.
O grande desafio do gestor público é este: exatamente no momento em que a sociedade demanda mais, como ele vai agregar mais empresas, para que se tenha mais receita, e mais empresas para que se tenha mais pessoas economicamente ativas no mercado de trabalho. O nosso desafio está muito voltado à cidade que continua na boa prestação do serviço público, mas que não tenha uma falta de atenção à área social, especialmente o fortalecimento do emprego.
Sem a qualificação de mão de obra também não é possível ter um bom emprego. A gente pensa no futuro, por isso investe no presente: na educação das nossas crianças, para que sejam a melhor mão de obra do Brasil daqui a alguns anos, e atua com a lógica do fortalecimento da qualificação e capacitação profissional, seja pelo Fundo Social de Solidariedade presidido pela primeira-dama Vanessa Machado, pela Escola de Gestão Pública, pela TVTec, pela iniciativa privada, por instituições ou pela própria Prefeitura. Assim, a cidade se desenvolve sem deixar ninguém para trás.
“Estamos colocando como se a população, em 2017, tivesse nos dado a chance de administrar a cidade por oito anos. O gás, de fato, será dado nos próximos três anos – não foi nos últimos dois. Pode-se esperar muito mais do governo atual, deste mandato, porque a cidade está estruturada para viabilizar e executar estes investimentos”
Tribuna – A pandemia trouxe muita tristeza, obviamente, pelas vidas perdidas. Mas serviu para mostrar a força do município na estrutura e ações de combate, além da maneira como lidar com algo que, até então, nunca tínhamos enfrentado. Isso é fruto de qual aspecto da cidade, no seu entendimento?
Luiz Fernando – Isso é fruto de uma cidade em que as pessoas entendem qual é o seu papel na construção da comunidade, da sociedade… Jundiaí é uma cidade que ajuda! Isso é fruto, também, de uma equipe que nós temos de servidores de carreira, comissionados, equipes médicas, profissionais de saúde que têm claramente a noção da sua responsabilidade.
Jundiaí não é boa pela ação de um ou outro, ela é boa pelo conjunto. Falei isso na Fiesp, inclusive, que a cidade tem uma grande força nas instituições que trabalham de maneira conjunta. Agradeci a paróquia Santo Antônio por ter sido a primeira a disponibilizar o espaço para que pudéssemos fazer a vacinação. Todo mundo se coloca à disposição, seja a Igreja Católica, os pastores evangélicos, as religiões de matriz africana… não é só a cidade dirigida por políticos, mas a cidade onde as pessoas sabem o seu papel.
No final de semana, fui ao Mundo das Crianças e havia uma senhora com o neto na minha frente. Ela não me viu. Tinha um resto de construção no chão: ela foi lá, retirou e colocou em um canto. Ninguém pediu, ela viu e tomou a atitude. Onde você vê isso? Nas cidades onde as pessoas têm um comportamento melhor.
Foi por isso que Jundiaí virou referência nacional na vacinação solidária: as pessoas mais simples fazem questão de levar (o alimento). O mais pobre, por mais que tenha menos, ele doa com todo o gosto. E, de repente, independentemente do perfil, as pessoas fizeram as doações e o Fundo Social estava com 85 toneladas de mantimentos. Isso é fruto de uma sociedade, de uma construção coletiva, não de uma liderança política.
Eu vejo muito dessa forma, aqui, seja no poder Executivo, no Legislativo, Judiciário, no Ministério Público, nas instituições religiosas, nos veículos de imprensa… são colaborativos, não aqueles que buscam o “quanto pior, melhor”. Se a cidade for boa, mas capacidade você terá de propagar o seu trabalho, seu negócio…
A cidade é boa quando ela é boa para todo mundo! Essa é a grande dinâmica e o grande sucesso de Jundiaí, seu povo, a sua população. Não a classe política ou muito menos as pessoas que coordenam as ações na cidade. O mérito é todo da população.
“O grande desafio do gestor público é este: exatamente no momento em que a sociedade demanda mais, como ele vai agregar mais empresas, para que se tenha mais receita, e mais empresas para que se tenha mais pessoas economicamente ativas no mercado de trabalho. O nosso desafio está muito voltado à cidade que continua na boa prestação do serviço público, mas que não tenha uma falta de atenção à área social, especialmente o fortalecimento do emprego”
Tribuna – Tivemos prefeitos em Jundiaí que ficaram marcados por construir avenidas e pontes, por trazer qualidade de vida, investimentos no setor econômico e projetar a cidade em nível nacional e internacional. O seu legado, pelo que se tem visto, será voltado principalmente às crianças?
Luiz Fernando – Sem dúvida! Vamos viver uma sociedade que cada vez mais fortalecerá o seu capital humano. As cidades, de uma forma geral, serão sempre competitivas, seja pela localização, aspecto logístico, pela proximidade com grandes centros… o que vai diferenciar, no futuro, um município do outro serão as pessoas e não mais as estruturas, como tivemos até agora.
E nós desenhamos um modelo para que a nossa geração na Prefeitura, que será de oito anos, possa ser impactada pelo modelo de governança. Pegue o aplicativo de transparência do gestor, que é utilizado como referência no Brasil inteiro, e veja o mecanismo do Hospital São Vicente, por exemplo.
Ele é uma referência de saúde no Brasil e quem me diz isso são também pessoas que não moram em Jundiaí. Isso acontece porque o que é oferecido ali é o que se tem de melhor. Quando você vai para a rede municipal de ensino, a gente entende que o que deve ser oferecido é o melhor.
Nós temos hoje, nos nossos mandatos, a menor taxa de mortalidade infantil da história da cidade. Agora, vai ver o que a gente faz: busca ativa de grávidas, sete consultas de pré-natal, cobra a grávida para que ela cuide daquela criança na gestação, porque o nascimento é uma consequência da boa gestação que essa grávida tem. Quando você faz esse trabalho, percebe o resultado nos índices.
Eu disse isso no governo passado, quando algumas pessoas falavam que “o Luiz é bom na retórica”. Eu dizia: “Esqueça o que o Luiz fala e vá olhar os dados!”. O maior Ideb da cidade é nosso; a menor taxa de mortalidade infantil é no nosso governo; a maior evolução que você tem na cidade sob o aspecto de que as pessoas estão sendo capacitadas, abertura de MEIs, pequenas empresas é no nosso governo; o maior volume de ruas asfaltadas que eram rurais é neste governo; a infraestrutura que foi dada para problemas que era históricos, como no Jardim das Tulipas que chovia e inundava a casa de todo mundo, foi resolvido neste governo; a rua Oito, que sempre foi objeto de políticas paliativas, hoje é uma avenida.
Tudo o que de fato projetamos, nós conseguimos fazer, inclusive com reconhecimento internacional. Hoje, o Francesco Tonucci, que é o maior pedagogo que se tem com conhecimento nas políticas para crianças, escolheu Jundiaí como sede do instituto que ele representa, que é o Instituto Cidade das Crianças. Temos demonstrado que é possível fazer e, como não queremos cair na mesmice, nós vamos formar uma geração.
Para representar essa responsabilidade, usamos aqui um exemplo: no dia 1º de janeiro de 2017, tomei posse na Prefeitura. No dia 1º de janeiro de 2017, também nasceu uma criança no Hospital Universitário. No dia 1º de janeiro de 2025, quando deixar o governo, ela terá oito anos. Se ela passou pela rede municipal, ela passou com os meus olhos. O que ela vai absorver até os oito anos é 80% da formação cognitiva, motora e sensorial dela. E nas mãos de quem está a responsabilidade por formar a geração futura? Do prefeito! Governador não tem interferência nenhuma na política de Primeiríssima Infância e nem de Primeira Infância, o presidente muito menos.
Pensar que fazer uma política por oito anos, qualificada, ainda não vai ter o horizonte do eleitor “porque sujeito com oito anos não vota” é pensar de maneira pequena. A nossa geração, que será formada a partir das políticas de Primeira Infância, será aquela que vai tomar conta de uma Jundiaí do Vale do Cilício, do Vale do Futuro, do que quiser… porque o capital humano estará aqui.
Se mantivermos a qualidade de vida, a boa prestação de serviços e capacitar as pessoas, as empresas vão escolher outra cidade por que? Na política da Primeira Infância, nós entendemos que a criança é o presente, não o futuro. Precisa investir agora para que ela possa colher lá na frente. E como estamos fazendo isso? Parcerias com instituições.
Fizemos a política do desemparedamento da atividade escolar com o Instituto Alana. A gente faz a política do brincar como essencial para o aprendizado e desenvolvimento porque nós temos estudos da Universidade de Harvard, financiados por uma outra instituição chamada Bernard van Leer, uma fundação holandesa sediada em Rotterdam, que identificou essas potencialidades. O que estamos aplicando aqui já é um conceito, que simplesmente resolvemos tirar do papel.
O Mundo das Crianças é o tirar do papel daquilo que é um conceito: brincar a partir da natureza, desenvolvimento a partir do brincar em brinquedos não estruturados, relacionamento com aquilo que é importante na cidade, como a represa, por exemplo. Temos um espaço lá que as crianças ficam numa simulação de represa e o que ela está vendo ali é o que ela enxerga na represa… é o mundo real ao lado do mundo lúdico que as crianças estão aprendendo.
Isso faz com que a gente possa dizer que a cidade tem uma visão de longo prazo, tem uma visão de legado, mais estruturada no sentido de não promover só o básico. Fazer o hospital funcionar bem é a nossa obrigação. Jundiaí não tem político de estimação, ela escolhe o político de resultado. Veja o Miguel (Haddad, ex-prefeito por três mandatos), que é um político de resultado. O nosso governo foi reeleito com 70% dos votos, no primeiro turno, porque a sociedade entendeu que houve resultados.
“Pensar que fazer uma política por oito anos, qualificada, ainda não vai ter o horizonte do eleitor ‘porque sujeito com oito anos não vota’ é pensar de maneira pequena. A nossa geração, que será formada a partir das políticas de Primeira Infância, será aquela que vai tomar conta de uma Jundiaí do Vale do Cilício, do Vale do Futuro, do que quiser… porque o capital humano estará aqui”
Tribuna – A cidade tem problemas pontuais há anos em relação à mobilidade urbana e isso ficou evidente na audiência pública sobre o Plano Municipal. Quais serão as ações para mitigar esses problemas nestes quatro anos, prefeito?
Luiz Fernando – Jundiaí é uma cidade antiga, uma senhora com mais de 300 anos e que foi projetada em uma época em que não havia um planejamento urbano definido. As ruas centrais são estreitas, os corredores são estreitos e já se ocupou a margem direita e esquerda, impedindo que se faça desapropriações ali. A rua Messina é um exemplo claro disso, pois ela fica completamente congestionada em um domingo à noite por conta do shopping próximo, ali.
Partindo deste ponto para as soluções, Jundiaí viabiliza hoje um plano cicloviário com muita qualidade e que vai fazer integração entre as regiões da cidade. Você vai sair da zona Sul, lá do Residencial Anchieta, e vai até a Humberto Cereser (zona Leste) por bicicleta; tem a ciclovia vindo da região Oeste e que será integrada ao Jardim Botânico, também com acesso.
Estamos visualizando neste mandato a construção de um outro terminal na região Oeste da cidade, entre os bairros Residencial Jundiaí, Almerinda Chaves e Jardim Novo Horizonte, para servir àquela população que demanda um centro próprio de integração de transporte coletivo para a região central.
Outro ponto que estamos desenvolvendo é na nova concessão do transporte coletivo, com o uso de ônibus elétricos para minimizar os efeitos da poluição. A abertura de vias e outros equipamentos que estão sendo projetados no sistema viário para minimizar os problemas, assim com a integração entre os modais. Tudo tem que estar integrado com o sistema de transporte e os aplicativos.
Existe uma dinâmica diferente para a locomoção das pessoas, principalmente em relação à pandemia. Há uma necessidade de individualização do transporte, porque a pessoa não quer mais ir de ônibus, ela quer usar o Uber. Por isso estamos projetando estes modais integrados. Temos a percepção que o Governo do Estado vai publicar ainda este ano a PPP (Parceria Público-Privada) do sistema de transporte ferroviário da região, o que nos faz pensar também na integração com este modal.
Todos estes olhares e ações nos fazem minimizar os efeitos, mas voltamos exatamente na sua fala: há um problema e ele é difícil de resolver pelas circunstâncias que já falamos, mas nós vamos investir para que pelo menos essa sensação seja minimizada. Hoje, seguramente, o sistema de transporte não é o nosso forte e precisa melhorar.
“Isso faz com que a gente possa dizer que a cidade tem uma visão de longo prazo, tem uma visão de legado, mais estruturada no sentido de não promover só o básico. Fazer o hospital funcionar bem é a nossa obrigação. Jundiaí não tem político de estimação, ela escolhe o político de resultado. Veja o Miguel (Haddad, ex-prefeito por três mandatos), que é um político de resultado. O nosso governo foi reeleito com 70% dos votos, no primeiro turno, porque a sociedade entendeu que houve resultados”
Tribuna – Uma das regiões mais pobres da cidade, o Jardim Novo Horizonte e bairros próximos receberam investimentos na ordem de R$ 80 milhões nos quatro anos da sua primeira administração. O que ainda deve ser feito para as famílias mais necessitadas? Há planos para habitações populares?
Luiz Fernando – Este é outro ponto fundamental para nós, aqui, refletirmos o quanto é necessário melhorar, exatamente em relação ao plano habitacional da cidade. Jundiaí é uma cidade muito cara, o valor de um terreno aqui é pelo menos 40% mais caro do que de qualquer cidade da região.
Isso faz com que, na habitação, só consigamos maturar algum projeto junto com o Governo do Estado e o Governo Federal. Esse sistema habitacional para (famílias de) baixa renda precisa ser viabilizado com modelo de subsídio e se o Governo Federal trava e o Governo do Estado também trava os seus subsídios pelo Casa Paulista, a gente se enfraquece muito na medida habitacional. O que, neste instante, não está acontecendo porque o Governo do Estado tem uma linha e o Governo Federal está potencializando aquele programa Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa Minha Vida).
Diante disso, a gente acredita que ainda vá entregar um bom plano habitacional para a cidade, pois essa é também uma questão que muito nos incomoda, de não poder tirar as pessoas do aluguel. Tem a ver, também, obviamente com a condição hoje da cidade, da qualidade de vida, mas isso acaba expulsando de Jundiaí uma classe social que mais precisa. Isso é muito ruim porque você elitiza a cidade e não dá acesso àqueles que menos têm.
Por isso temos um projeto muito forte para a (favela da) Meias Aço, tenho um desejo muito grande de resolver esse problema ainda neste mandato, assim também como temos interesse em fazer parcerias com a iniciativa privada, principalmente aqueles que têm terra, para viabilizar a habitação e tirar as pessoas do aluguel. Isso é um ponto fundamental.
Tribuna – O senhor intermediou uma disputa entre a Associação Mata Ciliar e a concessionária VOA SPpela área onde há anos a entidade ocupa. Como foi isso?
Luiz Fernando – O que percebemos claramente é que não há uma dicotomia entre o desenvolvimento e meio ambiente, muito pelo contrário. Saber harmonizar a preservação e a qualidade de vida com o desenvolvimento é o segredo.
Especificamente em relação à Mata Ciliar, precisamos compreender não necessariamente a solução para agora, mas sim para o futuro. Até porque, ali temos o aeroporto, que é um espaço que produz ruído, a pista do aeroporto, a rodovia dos Bandeirantes e a rodovia Dom Gabriel, em meio à área onde hoje está a associação. Como é que se resolve este problema?
Temos três pontos aí que precisam ser destacados: primeiro é reconhecer o trabalho que a Mata Ciliar faz; segundo é não tomar nenhuma providência que seja açodada ao ponto de retirar os animais que lá estão; terceiro é definir a médio e longo prazos qual o futuro da Mata Ciliar. Eu acho que o futuro dela está muito mais associado a uma nova área, em que eles possam ter todos os recintos, todo o instrumental de tecnologia para os cuidados com os animais silvestres, mas que necessariamente não impacte a atividade econômica da cidade.
A Mata fica e não sairá dali enquanto uma solução não for dada, é óbvio. Mas devemos lembrar que aquela região é industrial e não faz sentido você propor uma alteração de zoneamento porque o direito lá estabelecido não se perde com uma possível alteração. Se amanhã se decidir que a avenida Nove de Julho é zona rural, não se pode construir mais nada ali que não seja adequado ao zoneamento. Mas isso não quer dizer que se tenha de destruir todos os prédios e construções já existentes, porque o direito não retroage para prejudicar.
A discussão mais correta, neste sentido, é manter a Mata Ciliar ali e, por outro lado, numa visão de médio prazo encontrar um novo espaço – que é exatamente onde nós estamos, agora.
Tribuna – O senhor já esteve na Câmara Municipal, no Congresso Nacional, na Assembleia Legislativa e agora na Prefeitura de Jundiaí. Há planos para novos voos políticos?
Luiz Fernando – Estou muito focado em Jundiaí e este é o projeto. Acabei de me eleger e tenho mais três anos e meio pela frente para cumprir com a minha obrigação. Depois, vou pensar nos próximos passos que, seguramente, terei.
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