A ex-jogadora da seleção feminina de basquete, Magic Paula, esteve em Jundiaí no sábado (5) para conversar com crianças atendidas pelo projeto Ímpar do Amanhã, que oferece, gratuitamente, aulas da modalidade para jovens do Ivoturucaia e região.
Na oportunidade, Paula conversou com a redação do Tribuna de Jundiaí e resgatou momentos de sua adolescência, quando jogou pelo Cica Divino e representou Jundiaí em competições.
Tribuna de Jundiaí: Paula, quais são as principais memórias que você tem sobre sua adolescência em Jundiaí?
Magic Paula: Cheguei em Jundiaí aos 14 anos com as minhas irmãs, minha avó. A minha relação com a escola ficou muito marcada. Eu passava o dia na escola, estudava, voltava para a casa, ia trabalhar duas horas na secretaria do colégio e dali para a quadra. Aí era até anoitecer jogando basquete.
Essas memórias de infância para mim foram e são fundamentais. Tudo o que eu vivi depois, já no nível profissional, era consequência do trabalho que já existia de categorias menores.
Uma lembrança assim muito marcante pra mim foram os Jogos Abertos do Interior, em Araçatuba. A gente precisava vencer o time de Catanduva, que era o time da Hortência, com 19 pontos de diferença na final. A gente acabou vencendo por 21 pontos que era algo surreal, inusitado. Esse momento jogando pela cidade foi um momento marcante.
Tribuna de Jundiaí: Qual a sua relação com Jundiaí hoje?
Quando posso venho pra cá em alguns eventos, mas assim, ter convivência diária eu não tenho mais. A amizade que construí vai ser pra sempre, mas é muito difícil com a vida louca que eu tenho ter contato com todo mundo que eu joguei. O que consigo é manter contato pelas mídias sociais.
Aqui em Jundiaí, eu morei na casa de uma família que foi minha segunda família. Eu virei palmeirense por causa dessa família. Eu tive mãe e irmãs aqui, nessa família. Então é impossível você se desprender dessa relação que o esporte traz, que são as amizades.
Tribuna de Jundiaí: Como você vê a grande dificuldade atual do basquete feminino nacional para se destacar em competições internacionais. A culpa é de quem?
Não dá para você fazer planejamento pontual, de apenas 15 dias; ou treinar uma seleção em duas semanas e ir para uma competição.
Precisa de um planejamento a longo prazo, precisa de uma renovação, começar já a preparar uma nova seleção que vai estar daqui 8, 12 anos competindo. Mas infelizmente o que acontece é que a gente vem patinando em relação a gestão. Quando a gente acredita que vai ter uma gestão mais profissional, diferente, a entidade máxima tem uma dívida de 40 milhões. E sem dinheiro a gente sabe que não dá pra preparar ninguém.
A gente fica sempre mordendo o rabo. Acha que o problema é o técnico, a quantidade de jogadoras, mas enquanto a gente não começar um trabalho de base, estrutural, é difícil mudar a realidade.
Tribuna de Jundiaí: Algum dia o Brasil verá uma rivalidade (saudável) tão marcante quanto Paula x Hortência?
Nós tínhamos esperança que a gente tivesse mais jogadores do nosso nível e pudesse manter o patamar que a gente conseguiu chegar. Acho que é uma pretensão. Nós queríamos que houvessem melhores jogadoras que a gente no futuro, mas existe um descaso muito grande em relação ao feminino ainda, não se aproveitou as novas gerações para termos novos talentos, jogadoras que pudessem ter o carisma e o talento que a gente tinha de lotar ginásios e que basquete feminino tinha de uma maneira geral.
Eu gostaria que a gente tivesse um basquete feminino diferente do que a gente tem hoje.
Tribuna de Jundiaí: Além de apoio a projetos como este, qual a sua ligação com o basquete hoje?
Nenhuma. Só tenho meu Instituto – o Passe de Mágica há 15 anos, onde também fazemos um trabalho na área social, mas não tenho nenhuma relação com o basquete feminino, de times, de confederação ou de liga.
O Instituo também parte para o trabalho social. Mais educacional, para o desenvolvimento humano do que pra formação de atletas. Quando sou convidada, tento sempre estar presente.