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Entrevistão

“Não adianta, agora, querer fazer populismo e politicagem”, diz presidente Faouaz Taha

Procurado após MP pedir informações sobre projeto que torna essenciais os templos religiosos, presidente da Câmara desabafou

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Transparência e verdade. Essas duas palavras foram várias vezes repetidas pelo presidente da Câmara Municipal de Jundiaí, Faouaz Taha (PSDB), durante o Entrevistão desta semana – que marcou o retorno das sessões do Legislativo e também um ferrenho embate sobre a definição de essencialidade dos serviços durante a pandemia.

Procurado pelo Tribuna de Jundiaí após o Ministério Público Estadual solicitar informações acerca do projeto de lei inconstitucional que torna igrejas e templos religiosos como serviços essenciais na cidade, Faouaz falou e não escondeu a decepção.

Durante a votação do projeto, terça (13), ele discutiu com vereadores que apoiavam a iniciativa. Confira:

Tribuna de Jundiaí – Você utiliza muito a rede social para mostrar o trabalho e também discutir propostas e ações que depois se transformam em projetos de lei. Com a pandemia, isso se intensificou obviamente por conta do isolamento social. Mostra que é possível fazer política, mesmo numa pandemia?

Faouaz Taha – O nosso maior papel como legislador, desde o início da pandemia, é levar a informação correta para as pessoas. Com isso, combatemos qualquer tipo de ação negativa. Por experiência desde o nosso primeiro mandato, buscamos fazer esse contato com as pessoas, levando conteúdo porque a gente sabe que estamos numa bolha política. A população não acompanha o dia a dia (da Câmara) porque tem outras atribuições, o trabalho, os estudos, a família, e é nossa obrigação levar essas informações. Faço isso desde o início pelo WhatsApp, pelo Facebook e mídias em geral, além da imprensa.

Quando veio a pandemia, houve uma ruptura e não teve como não paralisar os trabalhos (legislativos), até para entender o momento que estávamos vivendo. E não é fácil, as pessoas muitas vezes acabam não entendendo e eu não estou aqui para julgar, porque nunca julguei ninguém, pelo contrário. Sei das dificuldades, da ansiedade, das informações controversas que vão chegando à população, por isso é nossa obrigação ser transparentes, verdadeiros e levar o conteúdo correto a todos. Isso, antes de mais nada, é essencial.

Durante a pandemia fomos aprendendo muito, até porque não havia uma receita. E não existe uma receita até hoje, mas o tempo nos mostrou que a única maneira de voltarmos ao mais próximo do que tínhamos (antes da pandemia) é a vacina. Hoje, o país está engatinhando em relação a isso porque o volume da vacinação é muito pequeno perto do tamanho do Brasil. Outros países, como os Estados Unidos, já estão vacinando quase que todos os americanos e estamos torcendo para concluírem essa imunização pois, assim, podemos aproveitar algum resíduo dessa vacina para os brasileiros.

Fica claro que faltou uma coordenação nacional, porque enquanto estávamos tendo contaminação em massa, os municípios preocupadíssimos com os leitos, os kits para intubação e insumos, víamos o nosso presidente fazendo um discurso contrário e o governador, por muitas vezes, também foi patinando porque abria (o comércio), depois fechava, voltava a abrir… essa falta de coordenação nacional e estadual com os municípios nos afetou muito, infelizmente, e o maior reflexo estamos vendo hoje. E, no final, quem enterra as pessoas somos nós: o município, a ponta.

Numa pandemia mundial, a primeira coisa que o presidente deveria ter feito era chamar os governadores, os prefeitos e alinhar o discurso, as ações e atitudes que deveriam ser seguidas. Porque enquanto a gente falava para usar máscara, o presidente não colocava, não respeitava o distanciamento, gerava aglomeração… todos esses sinais têm repercussão, pois o presidente é uma figura forte no Brasil, tem muitos seguidores. Como não tivemos uma coordenação geral, a pandemia se estendeu muito e gerou inúmeros prejuízos, principalmente as muitas vidas perdidas.

 

“Fica claro que faltou uma coordenação nacional, porque enquanto estávamos tendo contaminação em massa, os municípios preocupadíssimos com os leitos, os kits intubação e insumos, víamos o nosso presidente fazendo um discurso contrário e o governador, por muitas vezes, também foi patinando porque abria, depois fechava, voltava a abrir… essa falta de coordenação nacional e estadual com os municípios nos afetou muito, infelizmente, e o maior reflexo estamos vendo hoje. E, no final, quem enterra as pessoas somos nós: o município, a ponta”.

 

Tribuna – Na última sessão, houve constrangimento de alguns vereadores na aprovação do projeto de lei que tornou serviços essenciais as igrejas e templos religiosos e também na discussão do projeto que permitia a abertura do comércio durante a pandemia. Logo depois, o Ministério Público solicitou informações sobre os projetos à Câmara. Como o senhor viu isso?

Faouaz – Discutir algo e levantar o debate sobre determinado tema é democrático, é prerrogativa nossa, mas quando se faz um projeto e o coloca em votação, é preciso ter responsabilidade sobre aquilo que está propondo. Está muito claro que não tínhamos autonomia para isso, pois recentemente o Ministério Público acionou o município quando o comércio abriu as portas.

Houve confusão porque muita gente disse que a Constituição Federal garante a realização dos cultos. Não houve proibição das pessoas de praticar a sua fé, o que foi apontado é a questão da aglomeração, que neste momento não é possível. Eu também não discuti o mérito, de forma alguma, fui claro no que é competência da Câmara. Ficamos mais de quatro horas discutindo isso e não podemos enganar a população: disse que o veto viria e que estávamos criando uma expectativa para as pessoas em algo que não aconteceria na prática. E isso já está mais do que provado.

Sou filho de comerciantes, tenho uma história no comércio e sou muito cobrado dia e noite em relação ao fechamento (das lojas). Mas temos de ser muito transparentes, não adianta agora querer fazer populismo, politicagem, sou totalmente contra isso. Fui eleito pedindo voto de maneira transparente e o mínimo que as pessoas esperam da gente é a transparência.

Não cabe ao município abrir ou não o comércio, isso está mais do que claro. Não está na responsabilidade da Câmara se devem ou não funcionar determinados segmentos, templos religiosos, isso não está no nosso arcabouço. O STF (Supremo Tribunal Federal) já deixou claro que os municípios têm só o direito de restringir ainda mais as ações do Estado, então ficamos numa celeuma de fake news, de dúvidas e a população quebrando.

A bomba estourou e tinha que ter sido feita alguma coisa. O que podíamos fazer na Câmara, nós fizemos, que foi participar das ações do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus, reduzimos os salários dos vereadores e assessores para contribuir com a Saúde, continuamos fazendo os atendimentos e divulgamos o máximo possível todas as informações para auxiliar a população.

Faltou a coordenação nacional que falamos lá no início, o que tivemos foi uma bateção de cabeça política e quem paga o pato é a população. Estamos há mais de um ano na pandemia e ainda falando de comércio fechado! Então, acredito que nós falhamos enquanto política nacional. Se ainda estamos restringindo é porque não tivemos a vacina quando poderíamos ter, porque não foi feito o lockdown correto quando deveria ser feito. Isso custou empregos, o próprio comércio solapado e as milhares de vidas que se foram.

 

“Sou filho de comerciantes, tenho uma história no comércio e sou muito cobrado dia e noite em relação ao fechamento (das lojas). Mas temos de ser muito transparentes, não adianta agora querer fazer populismo, politicagem, sou totalmente contra isso. Fui eleito pedindo voto de maneira transparente e o mínimo que as pessoas esperam da gente é a transparência”.

 

Tribuna – Sua carreira política teve início em 2012, não é? Como foi chegar até aqui?

Faouaz – Era servidor da Prefeitura, me formei em Educação Física na Esef e estava cursando a pós-graduação em Fisiologia do Exercício, quando tive a oportunidade de ficar no Esporte, trabalhando em eventos com a Sabah e a Meire, minhas professoras e a quem eu agradeço muito.

Sempre tive como motivação ajudar as pessoas, entender as dificuldades delas e discutir políticas públicas. Quando estava na Esef, fui estagiário no centro esportivo do Morada das Vinhas com o professor Walter Mendes. Fiz o trabalho durante um ano, ali, junto com ele e foi um grande aprendizado.

Todo esse tempo foi despertando em mim o desejo de poder ajudar diretamente com a política. Fui candidato pelo DEM em 2012, tive 1.103 votos e fui o mais votado do partido. Não consegui uma cadeira, o governo que apoiei com o Luiz Fernando (Machado, atual prefeito) perdeu a eleição, Pedro (Bigardi, ex-prefeito) assumiu por quatro anos e tive a oportunidade de ingressar no governo dele, quase no finalzinho, mas não aceitei e optei por ficar ao lado do Luiz Fernando. Fui para o PSDB, a convite do Miguel (Haddad, ex-prefeito e ex-deputado) e do Luiz, e não tenho vergonha em dizer que estava no lugar certo, na hora certa: o Gustavo Martinelli fez 7200 votos, arrebentou, e fui eleito com 1568 votos em 2016.

Com o mandato, pude ampliar essa atuação e desenvolver nossas ideias junto com a sociedade. Desde o início, modéstia à parte, acabamos modernizando o jeito de fazer política na cidade pela rede social. Não sou um vereador de bairro, sou da cidade e sempre defendi esse discurso, mesmo antes de assumir o cargo. Entendo e respeito quem é de bairro, cada um tem o seu campo de atuação, mas eu nunca medi limites para apoiar, ajudar ou levar demandas, estou à disposição seja a região que for.

Acredito, também, que não temos de ficar olhando somente os serviços públicos em si: uma poda de árvore, um buraco, uma lâmpada queimada… isso é serviço da Prefeitura, mas encaminho esses pedidos para quem me pede, claro. Meu mandato, porém, está focado em discutir políticas públicas que atingem a população como um todo, como foi o projeto dos fogos (de artifício). Esse é um projeto que as pessoas se identificam, apoiam e nos ajudam porque mexe com a vida de todos.

Sou educador físico, não entendo muito de cultura, de obras. Quando você leva a informação e abre as portas do gabinete, as pessoas se aproximam e trazem sugestões. O nosso mandato foi muito participativo por causa disso, mostrando para a população que é desta forma que se faz política de fato: dando voz e fazendo ela sentir que pode ser representada.

Sempre mantive essa relação com as pessoas e com a tecnologia da rede social, conseguimos chegar em grande parte da cidade, diferentemente de estar em apenas uma região.

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Faouaz em reunião com a gestora de Segurança Pública, Carla Basson: políticas públicas (Foto: Facebook)

Tribuna – A transição de vereador para o cargo de presidente da Câmara foi difícil?

Faouaz – Quando você não tem mandato o trabalho é muito mais difícil, você não tem para quem encaminhar as demandas, não consegue chegar nos gestores, não tem acesso… quando fui eleito, isso abriu um campo enorme em minha vida. Muito disso se aprende na prática, ninguém ensina para a gente como ser vereador. Se aprende na prática e sempre fui muito afim disso, mas também montei uma equipe boa, é muito importante dizer. Eu sempre, graças a Deus, me cerquei de boas pessoas, o que me favoreceu muito. Fui líder nos primeiros dois anos do governo Luiz Fernando Machado, aprendi muita coisa e após o mandato do Gustavo (Martinelli, atual vice-prefeito) como presidente (2018), pude disputar essa eleição e ganhei a confiança dos colegas até pelo jeito de lidar: tento sempre pacificar, não fico inflamando, ouço todo mundo e dou oportunidade para todos. Esse é o papel de um presidente da Câmara.

Foi uma presidência muito transparente com a população e com grandes desafios, como a renovação da frota e redução de 19 para 12 carros, troca de computadores, reforma do prédio anexo, AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) que não tinha no prédio da Câmara. Fizemos, também, a reforma administrativa da Câmara e acredito que tudo isso me credenciou, pois foram ações que muitos não quiseram enfrentar ao longo dos anos, a ser mais uma vez presidente, neste novo mandato.

Cada dia é um desafio, não é fácil lidar com tudo isso e não tem receita: eu acerto, erro e quando isso acontece peço desculpas, não tenho vergonha. Mas o mais importante é levar a informação correta, jogar limpo com a população mesmo que isso custe, às vezes, um xingamento ou crítica. Durmo tranquilo porque estou levando a boa informação e sei até onde posso atuar.

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Com Miguel Haddad, uma das referências políticas: “sempre me apoiou” (Foto: Arquivo Pessoal)

Tribuna – O senhor, como bom são-paulino, tenho certeza que tem como ídolo no futebol o goleiro Rogério Ceni. E na política, em quem você se espelha?

Faouaz – Vou ser muito franco: o Miguel Haddad, que sempre deu espaço para mostrar meu trabalho, foi prefeito várias vezes, deputado e esteve em várias esferas. Tenho muito respeito pela maneira como sempre conduziu Jundiaí. E o Luiz Fernando, que vem num amadurecimento gigantesco como político, gestor e não foi reeleito com 70% dos votos à toa. Me espelho muito no seu trabalho e tiro disso as melhores ações para a minha carreira. O Gustavo Martinelli também não posso deixar de citar, tenho muito respeito e gratidão a ele, que vem crescendo e amadurecendo bastante. Lembrar sempre, também, do doutor Ary que infelizmente nos deixou.

Nós temos obrigação, enquanto políticos, de quebrar esse paradigma de que na política só existe ladrão, corrupto. A política move a vida das pessoas e está em tudo: desde o preço do arroz até a se a iluminação do bairro está boa, se o asfalto está bem cuidado. Nós temos de enfrentar essa discussão e fazemos isso com boas práticas, boas atitudes e ações, com transparência e ficha limpa.

Tribuna – Tem pretensões políticas para 2022?

Faouaz – Como presidente, quero manter o respeito e a transparência, que seja uma Câmara acessível, racional e sempre discutindo com muita calma bons temas para a população. Em termos de estrutura, vamos continuar modernizando e melhorando a Câmara, principalmente na questão de acessibilidade, que me preocupa muito. Vamos fazer uma reforma do Plenário, que já era esperada por ser um espaço antigo, com infiltrações, sem acessibilidade, para trazer mais qualidade e conforto à população. Também estou propondo transformar uma ala do quarto andar do prédio anexo num coworking, uma sala para reuniões ampliadas que hoje nós não temos, que pode receber gestores e representantes da sociedade.

Quanto às pretensões, não escondo que quero continuar a ter uma carreira política. Estou tentando fazer o melhor mandato possível e se o partido precisar do meu nome, estarei à disposição. Tenho interesse, sim, gostaria muito mas respeito as liderança do partido, existem outros nomes fortes na legenda. Mas me coloco à disposição de uma futura candidatura a deputado. E se pudesse escolher, gostaria de ser federal. É óbvio que o Miguel Haddad tem prioridade e se ele for candidato, eu o apoiarei. Sou um cara de grupo e se tiver de apoiar alguém, vou esperar meu momento. Jamais sairia do PSDB para disputar uma eleição por outra legenda, política é feita pelo grupo, nunca uma decisão pessoal.

Ficou claro a falta que faz um deputado para a nossa cidade, perdemos representatividade, muitos recursos que poderiam ser investidos aqui com as emendas… e os candidatos que receberam os votos daqui jamais apareceram para ajudar, então é preciso haver essa conscientização.

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Faouaz com a esposa Safia e o filho Yunes: “família é a base de tudo” (Foto: Arquivo Pessoal)

Tribuna – Raio X: quem é Faouaz Taha?

Faouaz – Sou educador físico, vou fazer 33 anos agora em maio, casado com a Safia, pai do Yunes, de 4 anos. Me considero uma pessoa simples, trabalhadora e acessível. Sou muito grato à minha família e aos meus pais, a tudo o que eles me ensinaram e lutaram juntos para vencer as dificuldades, isso foi a base para todos nós. Tenho dois irmãos maravilhosos, o Mohamad, que passou num concurso público e trabalha na Caixa Econômica Federal, e o caçula Ahmad, que trabalha na DHL.

Devo muito, também, à minha esposa que sempre me apoiou, tem as atividades dela mas está sempre ao meu lado, me ajuda e incentiva. Retomei as atividades físicas, que tinha abandonado por muito tempo. Estou me sentindo muito bem, me alimentando e cuidando melhor da saúde.

Sou muçulmano, frequento a Mesquita de Jundiaí desde que me conheço como gente. Estamos no Ramadan, que é o mês sagrado nosso. Ficamos em jejum absoluto, sem comer e beber nada do sol nascer até o pôr do sol, sem relação com as esposas, para sentir na pele o que é passar fome e valorizar a caridade ainda mais, se aproximar de Deus e ler o Alcorão.

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