Com a alta temperatura dos últimos dias, Jundiaí está marcando entre 8 e 9 na escala de raios ultravioletas, um índice perigoso que pode causar lesões, queimaduras e câncer de pele. Segundo a Organização Mundial da Saúde e a Organização Meteorológica Mundial, o índice moderado é de 3 a 5.
Com isso, o Tribuna de Jundiaí conversou com o Dr. Arthur Maia Gomes Filho, oncologista clínico no Instituto de Oncologia Marcello Fanelli, para saber mais sobre tratamentos e prevenção do câncer de pele. Confira!
Tribuna de Jundiaí: O alto índice de raios ultravioletas pode desenvolver quais tipos de câncer?
Dr. Arthur: O alto índice de raios ultravioletas pode desenvolver três tipos de câncer de pele, como cassinoma basocelular – tumor menos agressivo e mais comum na população, como, por exemplo, aqueles sinais que aparecem em idosos; cassinoma espinocelular – apresenta agressividade intermediária; e melanoma – que é extremamente agressivo.
Tribuna de Jundiaí: Como os tumores se desenvolvem no organismo?
Dr. Arthur: A pele é um órgão com espessura fina e longa, que possui vários componentes celulares dentro de sua estrutura, e ambos têm frequência mais elevada de neoplasia associada.
Qualquer componente da pele pode gerar um câncer, como por exemplo, a glândula de suor e a musculatura, todos podem gerar tumores diferentes, mas estas três camadas, camada basal da célula; melanócito que dá cor a pele e faz pintas e sinais aparecerem; queratinócitos que produz a queratina da pele.
Tribuna de Jundiaí: Quais são os fatores de riscos?
Dr. Arthur: O principal fator é a exposição aos raios ultravioletas (UVA e UVB). O raio ultravioleta está contido dentro da radiação solar, então, quando o sol emana sua radiação, parte dela está presente na luz infravermelha que faz o calor, já a outra parte é o espectro da luz visível que vem do sol, nada mais que as setes cores que o olho humano não consegue enxergar.
Essas cores são conhecidas como ondas ultravioletas, que carregam energia, ou seja, quando elas entram em contato com a pele, elas penetram e têm a capacidade de alterar o DNA.
Já outro fator de risco natural é a camada de ozônio, bastante pautada no mundo inteiro. Algumas regiões apresentam menos ozônio, como a linha do Equador que o sol bate com mais intensidade, aumentando as chances da pessoa ter contrair o câncer de pele.
Além desses, existem o fator genético que são pessoas com cabelos, peles e olhos claros que tem predisposição a ter melanoma e outros tumores relacionados. Estas pessoas possuem uma quantidade menor de melanina, substância responsável por impedir a penetração dos raios UV.
Tribuna de Jundiaí: Quais são os principais tratamentos?
Dr. Arthur: Para cada tipo existe um tratamento, como o cassinoma basocelular, que é tratado através de ressecção cirúrgica, como cauterização ou congelamento do tumor; o cassinoma espinocelular é uma doença mais agressiva e necessita de cirurgia, além de exigir exames mais amplos do corpo inteiro para conferir se o câncer não se espalhou, ocasionando a metástase, o que torna a doença incurável; já o melanoma o tratamento é feito por meio de drogas imunoterápicas.
Tribuna de Jundiaí: Quais mitos estão relacionados ao câncer de pele?
Dr. Arthur: São vários, mas se cobrir da radiação solar, não adianta, o mesmo serve para sombrinhas e roupas compridas. Além disso, dias nublados também podem apresentar índice extremo de radiação solar, ou seja, tem que se proteger com filtro solar todos os dias.
Tribuna de Jundiaí: Quais são os melhores meios de se prevenir?
Dr. Arthur: O uso do filtro solar é imprescindível. Já existem estudos internacionais que apontam o protetor solar como principal fator para reduzir os riscos, agressividades e mortalidade da doença. Devemos usar no mínimo o protetor solar de fator 30. Quanto maior o fator, maior será o nível de proteção contra os raios UV, mas não indica que a incidência do câncer de pele será reduzida.
Outra forma de nos proteger, é fazer a reaplicação do produtos de 2 a 3 horas na pele, mesmo em ambientes que não tenha exposição solar. Pois, quando aplicamos o protetor solar, a pele forma micelas de gordura (oleosidade), e, ao invés de formar uma camada protetora, forma ‘floquinhos’, ou seja, terá áreas protegidas e áreas desprotegidas. Já os hidratantes que contém filtro solar, não necessita de reaplicação precoce, o prazo pode ser estendido.