O judô brasileiro escreveu uma página gloriosa em sua história nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. A equipe, demonstrando garra e determinação, conquistou a medalha de bronze na competição por equipes, um feito inédito para o esporte no país. Essa vitória, conquistada após uma campanha emocionante, marca a quarta medalha do Brasil nesta edição dos Jogos e a 28ª medalha olímpica da história do judô brasileiro.

A trajetória do time brasileiro até o pódio foi marcada por momentos de superação. A equipe iniciou sua campanha vencendo o Cazaquistão e a Sérvia, garantindo seu lugar na disputa pelo bronze contra a Itália. Em um confronto acirrado, o Brasil empatou com os italianos em 3 a 3, levando a decisão para a luta extra. Coube à experiente Rafaela Silva a responsabilidade de lutar pelo ponto decisivo, e a judoca não decepcionou. Com uma performance impecável, Rafaela garantiu a vitória brasileira por 4 a 3, levando o time ao pódio e fazendo história para o judô brasileiro.

“Quando a gente estava fazendo a preparação, a gente viu o quanto todo mundo queria, o quanto essa medalha inédita era importante para o judô brasileiro, para o nosso legado. Tem gente que está na primeira Olimpíada, tem gente que está na última e a gente sabia o quão especial seria essa medalha. Então a gente ia jantar, ia almoçar e fazendo estratégia, quem pode cruzar com quem, ‘dá pra gente chegar nessa medalha’, então a gente acreditou até o final”, contou Rafaela, emocionada, após a conquista.

Superação e trabalho em equipe levam judô brasileiro ao pódio

A conquista do bronze em Paris tem um significado ainda mais especial para o judô brasileiro, considerando o contexto da equipe. O Brasil, um dos poucos países com forte presença em diversas categorias, tanto no masculino quanto no feminino, ainda não havia conquistado essa medalha olímpica por equipes.

Além disso, o fato de nomes consagrados do judô brasileiro, como os medalhistas olímpicos Daniel Cargnin, Rafaela Silva, Ketleyn Quadros, Mayra Aguiar e Rafael Silva, não terem subido ao pódio na competição individual, serviu como motivação extra para o grupo. A união e o espírito de equipe foram fundamentais para que o judô brasileiro superasse os desafios e alcançasse o resultado histórico.

Um exemplo de superação dentro da equipe foi o desempenho da judoca Beatriz Souza. Recém-consagrada campeã olímpica na categoria individual, Bia, como é conhecida, fez questão de lutar todos os confrontos da equipe no dia seguinte à sua conquista, totalizando oito combates em menos de 24 horas. “Se eu já fiz eu não me recordo (oito lutas em menos de 24 horas), mas eu me sinto grata e feliz por ter aguentado cada luta, cada minuto, cada segundo. Hoje foi literalmente pela equipe, em momento algum eu pensei em mim, em algo para mim. Eu só estava aqui realmente por eles a cada momento, eu pensava: ‘eu tenho que ajudar a equipe a trazer essa medalha’, e essa foi a inspiração”, disse Bia, demonstrando a força do espírito de equipe que levou o judô brasileiro ao pódio.

Judô brasileiro celebra conquista e projeta futuro promissor

A conquista da medalha de bronze em Paris representa um marco para o judô brasileiro, coroando anos de trabalho e dedicação de atletas, comissão técnica e todos os envolvidos na modalidade. Ketleyn Quadros, medalhista olímpica de bronze em Pequim 2008, que lutou na categoria até 70kg, uma acima da sua, fez questão de destacar que a medalha é a coroação de um trabalho de 20 anos e um prêmio para essa geração, sem esquecer, é claro, daquelas que abriram caminho para o sucesso do judô brasileiro.

“Tenho muito orgulho de fazer parte da história do judô brasileiro bem quando ele mudou para melhor. Agradeço a todas as mulheres que vieram antes de nós, quando era proibido até treinar, que plantaram a semente para que a gente pudesse colher agora”, disse Ketleyn, emocionada.

“Eu amo o que eu faço, eu amo o judô. É uma lição de vida, uma filosofia, são quase 30 anos dedicados ao esporte. Nós temos a sorte de conviver com nossos ídolos, eles andam com a gente. Essa disputa por equipes é muito boa porque reúne a história, a garra de cada um. A gente vê a Bia saindo mancando ali da luta e dando tudo. A gente vê altos e baixos, um foi melhor numa rodada, o outro nem tanto, mas estamos juntos. Então, sair daqui com essa medalha é a realização de um sonho. A sensação que eu tenho é que depois da tempestade o sol brilha”, completou a judoca, representando o sentimento de todo o judô brasileiro.

A equipe brasileira que fez história nos Jogos de Paris e que entra para a história do judô brasileiro foi composta por: Larissa Pimenta (-57kg), Rafaela Silva (-57kg), Ketleyn Quadros (-70kg), Beatriz Souza (+70kg), Daniel Cargnin (-73kg), Willian Lima (-73kg), Rafael Macedo (-90kg), Guilherme Schimidt (-90kg), Leonardo Gonçalves (+90kg) e Rafael Silva (+90kg).