Com a morte do papa Francisco na madrugada desta segunda-feira (21), a Igreja Católica inicia um período chamado de “Sé vacante”, onde começam os preparativos para o funeral do pontífice e a escolha de um novo líder. 

Francisco tinha 88 anos e, destes, ficou 12 anos à frente da Igreja Católica, se destacando pela ajuda humanitária, solidariedade e amor ao próximo.

De início, a Igreja Católica passa a ser administrada por um governo temporário chamado Sé Vacante. Durante esse período, a maioria dos cargos da Cúria Romana, incluindo os chefes dos dicastérios (ministérios do Vaticano), perde suas funções. Apenas o camerlengo mantém atribuições específicas, como cuidar dos assuntos administrativos imediatos. Decisões urgentes e preparativos para o Conclave ficam a cargo do Colégio dos Cardeais, que se reúne nas chamadas Congregações Gerais.

Neste período sem papa, o camerlengo conduz os trabalhos da Igreja e prepara a transição de governo. Ele ajudará a organizar o Conclave, que elegerá um novo líder. O cargo, hoje, é ocupado pelo cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell.

A Igreja Católica seguirá uma série de ritos, como cerimônias fúnebres que deverão começar ainda nesta segunda-feira. Confira a programação no horário de Brasília:

• 14h: missa de sufrágio do papa Francisco, na Basílica de São João de Latrão, em Roma, pelo cardeal Baldo Reina;

• 15h: ritos de constatação da morte e deposição do corpo de Francisco no caixão. A cerimônia ocorrerá na capela privada do papa, na Capela de Santa Maria, e será realizada pelo camerlengo Farrell. 

O pontífice será enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, a última vez que isso aconteceu foi em 1903, com o enterro do papa Leão XIII, após a liberação do corpo que ocorrerá na quarta-feira (23) após traslado pela Basílica de São Pedro.

Igreja segue novo protocolo para funeral de um papa, aprovado por Francisco em 2024

Após a morte de um papa, o funeral segue as diretrizes estabelecidas na “Ordem das Exéquias do Sumo Pontífice”, conjunto de normas litúrgicas aprovado pelo papa Francisco em abril de 2024 e publicado em novembro do mesmo ano.

O primeiro rito é a confirmação oficial do óbito, feita pelo camerlengo, cardeal responsável por administrar a Igreja durante o período de Sé Vacante. Ele chama o papa pelo nome três vezes. Sem resposta, a morte é declarada. A tradicional prática de tocar a testa do pontífice com um martelo de prata está em desuso.

Em seguida, o camerlengo retira e destrói o “Anel do Pescador”, símbolo da autoridade papal, encerrando simbolicamente o pontificado. O quarto do papa também é lacrado.

O corpo é colocado em um único caixão de madeira com revestimento de zinco e levado para a Basílica de São Pedro, onde será velado — agora sem a etapa anterior de passagem pelo Palácio Apostólico. Outra mudança é a exibição do corpo diretamente no caixão, e não sobre um esquife elevado, como antigamente.

As novas normas também simplificam o sepultamento: os três caixões usados antigamente (cipreste, chumbo e carvalho) foram substituídos por uma única urna.

O enterro deve ocorrer entre quatro e seis dias após o falecimento. Francisco expressou em vida o desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, e não na Basílica de São Pedro, fugindo do costume.

Por fim, missas serão celebradas por nove dias consecutivos, no tradicional período de luto conhecido como novemdiales.

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Processo de escolha do novo papa começa entre 15 e 20 dias após a morte do pontífice

A sucessão papal na Igreja Católica é iniciada entre 15 e 20 dias após a morte do papa. Nesse período, o Vaticano convoca o Colégio dos Cardeais, formado por 252 membros, incluindo oito brasileiros. No entanto, apenas os 138 cardeais com menos de 80 anos — sete deles do Brasil — poderão votar no Conclave.

Antes da eleição, ocorrem as “Congregações Gerais”, reuniões diárias em que os cardeais discutem questões administrativas da Igreja e organizam os detalhes do Conclave, como a data de início da votação e os preparativos dos ambientes onde os religiosos serão alojados e votarão.

Esses encontros começam ainda durante os “novemidiales”, período de nove dias de missas em homenagem ao papa falecido. Uma das primeiras decisões das congregações é sobre o traslado do corpo do pontífice para a Basílica de São Pedro, onde será velado publicamente.

O Conclave é realizado em sigilo na Capela Sistina e tem como objetivo escolher o novo líder da Igreja Católica.