A economia chinesa será beneficiada com o boicote a Rússia
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Opinião

A economia chinesa será beneficiada com o boicote a Rússia

Artigo por Everton Araújo, economista e professor.

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Arte de containers com bandeiras da Rússia e da China
Foto: Envato Elements / twenty20photos

Cresce a cada dia a lista de empresas ocidentais que estão revendo seus negócios na Rússia após o país invadir a Ucrânia. As medidas anunciadas até agora vão desde uma pausa temporária nas vendas de produtos, até abandono de negócios em parcerias com os russos, a debandada começou nos setores de energia, petróleo e gás. Os ramos de aviação, financeiro, cibernético e produção de automóveis também aderiram à onda de rupturas com a economia russa.

O governo americano tem pressionado o mundo ocidental e o Japão a boicotar negócios com a Rússia, evidentemente com a narrativa de punição devido à invasão das tropas de a Moscou a Kiev. Entretanto os interesses geopolíticos estão à frente dos humanitários, e os Estados Unidos continuam promovendo seus espetáculos de guerra em diversos pontos do mundo desde o final da Segunda Guerra Mundial, utilizando os seus poderes para alcançar os objetivos do seu Estado.

Continua firme com seus propósitos de dominação e submissão usando a narrativa de defesa da democracia, para invadir nações soberanas, destruir terroristas opositores mesmo que necessite criar milícias armadas, judiciais, legislativas e empresariais, desde que defendam suas cores e com sua poderosa máquina de propaganda consegue convencer a opinião pública mundial com a esperança de  dias melhores, mas não deixam claro pra quem.

A pressão sobre as finanças e a produção de uma grande economia inevitavelmente causará problemas diversos para muitas nações. Crises financeiras, rupturas de cadeias de fornecimentos e desabastecimentos, vão provocar instabilidades em muitos mercados.  A nação comandada por Putin tem grandes reservas de minérios e é responsável por quase metade do gás fornecido a Europa rica, o que poderá ser uma bomba no colo do cidadão europeu que não assinou os tratados de punição.

A energia é apenas um dos insumos estratégicos que os asiáticos ofertam ao mundo, tem também fertilizantes com potássio, que são elementares na produção agrícola e países grandes produtores como o Brasil depende da importação da Federação Russa para atender a demanda na produção de grãos e está limitado pela brevidade da atividade. Infelizmente mais uma população que será afetada pelo conflito, essa é diferente da Europa, pois tem recursos naturais abundantes  para fugir da dependência, mas sofre com a ingerência dos governos que fazem um capitalismo às avessas.

A imprensa do ocidente está em êxtase apostando no isolamento do gigante asiático, mas a realidade demonstra alguns movimentos de alinhamento comercial de nações importantes aos russos, talvez analisando o risco de ficar sem trigo e milho que é a base alimentar de suas populações. Os países árabes, Índia, Irã, Brasil e Indonésia estrategicamente já estão buscando ajustar suas moedas para manter suas relações de Comércio.

A poderosa China deve abocanhar todo o mercado recusado por europeus e norte americano. Tem grandes companhias bem estruturadas e com capacidade operacional elevada em todas as áreas de atuação e vão encontrar infraestruturas prontas, o que deve beneficiar a região e o autocrata Putin. Um bom combate e quem ficar neutro poderá colher bons frutos.

O dólar norte americano deve perder a confiança como reserva de valor para as nações e levando a uma nova guerra cambial e o fim da hegemonia da atual moeda de referência global. Isso pode ser uma carta poderosa no jogo geopolítico entre a República Comunista da China e Estados Unidos da América. A China que pode e deve além de desfazer de suas enormes reservas em dólar, constituírem uma cesta de moedas na Ásia para facilitar as trocas na região. Além de aumentar os fundos em ouro e até ativos digitais.

A diversificação de fundos de reserva estatais e até privados em outros ativos será uma tática de sobrevivência, e o confisco do governo americano passou a ser uma realidade para quem tem reservas em dólar norte americano, pois basta entrar em conflito com os interesses do império ianque. Os riscos de um excesso de liquidez no ocidente já são visíveis na linha do horizonte dos mercados globalizados. Pois bem o posicionamento com muita resiliência do governo brasileiro pode até desagradar aos mais eufóricos, mas temos que saber jogar nesse tabuleiro do mundo multipolar e não ser usado como massa de manobra por nenhuma potencia global.

 “A paz, estado de harmonia, como a gente imagina, não é fruto da generosidade humana entre os países. É uma concessão do mais forte. Ele concede a paz nas condições que lhe convém”.. General brasileiro Sérgio Etchegoyen

Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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Lula festeja o crescimento da economia e o povo ainda não

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Presidente Lula
Foto: José Cruz/Agência Brasil

As projeções para a economia brasileira são positivas e o governo aproveita para promover as suas conquistas dando publicidade para a posição do Brasil no ranking das maiores economias global, e com isso vai camuflando o problema endêmico da distribuição de rendas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024…

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Opinião

Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

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Opinião

Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

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Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

É absurda e danosa à economia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a cobrança retroativa de impostos não recolhidos no passado em razão de sentenças judiciais definitivas ganhas pelas empresas. Estas terão de despender agora expressivo volume de dinheiro com uma inesperada despesa, para arcar com algo que a própria Justiça havia estabelecido como indevido. É uma…

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Opinião

‘Policiais são, talvez, os profissionais mais fiscalizados e não saem às ruas para cometer excessos’, diz especialista

Opinião de André Santos Pereira, Presidente da ADPESP, Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo

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Policiais Militares de SP
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O governo de São Paulo planeja lançar, até maio, um edital para a aquisição de 3.125 câmeras corporais portáteis para a Polícia Militar, visando incorporar tecnologias avançadas e melhorar a segurança pública. O anúncio vem após críticas direcionadas à Secretaria de Segurança Pública sobre possíveis abusos cometidos em operações da PM no litoral de SP. A Operação Verão terminou nesta…

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Opinião

A destruição criativa é o grande desafio para os gestores públicos e privados

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Foto: Canva Pro

São muitas as teorias para explicar, definir, entender, analisar, ensinar, antecipar e justificar os movimentos dos mercados. Porém nesse breve relato vou ousar em buscar nas leis da física uma reflexão para tais problemas. Isaac Newton físico inglês disse: “Todo corpo tende a permanecer em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme a menos que uma força…

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