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Opinião

A educação pública como ferramenta de segregação social em São Paulo

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Jundiaí retoma aulas presenciais na rede municipal
Jundiaí retoma aulas presenciais na rede municipal — Foto: SVM

O sociólogo francês Pierre Bourdieu entende que a educação surge como ferramenta de transformação social, pois modifica a realidade social. O projeto de educar é um processo constante na história de todas as sociedades, não é o mesmo em todos os tempos e lugares, e sim, em sua essência, um processo social. Educação e sociedade se correlacionam porque a primeira exerce forte influência nas transformações ocorridas no núcleo da segunda.

Algumas regiões do planeta se desenvolveram intelectualmente criando uma sociedade de classes, na quais todos têm oportunidades de acesso ao conhecimento, isso é determinante no avanço na luta de classes. Entretanto em outras localidades nas quais a casta dominante e preguiçosa, sabendo do poder transformador da educação, não permite o acesso, para evitar a formação de uma sociedade critica e revolucionária a qual obviamente poderá vir a incomoda-los na sua zona de conforto.

Reino Unido, países da Zona do Euro, Japão, Coréia do Sul e América do Norte evoluíram suas sociedades incrementando projetos educacionais transformadores, inclusivos e inovadores. Tal revolução vem acontecendo também na China, que está se transformando em uma potência econômica e tecnológica, e conseguindo a proeza de retirar milhões de pessoas da pobreza em curto espaço de tempo. No entanto outras nações com grandes populações preservam exércitos de analfabetos e semialfabetizados, pois a minoria dominante dificulta o acesso à educação com a finalidade de manter a maioria da população submissa ao dificultar a possibilidade de disputar os espaços na hierarquia social.

Saliento que esse modelo excludente adotado em nações como o Brasil onde a educação ainda éentendida de maneira fragmentada, ou como uma abstração válida para qualquer tempo e lugar. Pouco mudou depois da Constituição de 1988 que formalizou a educação de qualidade a todos os brasileiros, pois antes o ensino público era tratado como uma assistência aos mais pobres.

Pois apesar das amaras legais para universalizar o acesso ao ensino de qualidade, uma estrutura curricular nacional e com orçamento público garantido na Constituição, os resultados não são positivos, esbarrando nos objetivos de gestores municipais e estaduais que na maioria das vezes não estão alinhados com os propósitos de avanços permanente e se perdem nos “delírios revolucionários” de alguns formuladores de politicas públicos carregados de utopias e em outras situações a educação pública também se transforma em negócios rentáveis sustentados por orçamentos robustos e com fiscalização frágil decorrente da incapacidade dos fiscais.

É sabido que a educação exerce forte influência nas transformações da sociedade ao reforçar a capacidade crítica do indivíduo, além de atestar o grau de desenvolvimento de uma sociedade. Mediante essas premissas fico preocupado com a postura do Secretario de Educação do Estado de São Paulo que de maneira aparentemente compulsiva lança toda a rede de ensino público para um experimento pedagógico ainda não adotado em nenhuma esquina do planeta e para piorar não tem base literária para uma possível revisão. Trocar livros didáticos por breves resumos em slides de Power Point poderá provocar graves consequências na formação de uma geração e no desenvolvimento social e econômico do Brasil. 

Segundo Jean Piaget um dos objetivos da educação é formar mentes críticas, que possam verificar, e não aceitar, tudo que lhes é oferecido. Não quero acreditar que o Gestor Empresário que ocupa a Pasta mais importante do governo paulista está rompendo com um modelo pedagógico maduro com a finalidade de castrar uma possível revolução silenciosa e continuar segregando a maioria da população com um ensino sem qualidade e seduzindo a coletividade com lema de revolução inovadora, sustentada por uma engenhoca digital incapaz de promover a retenção do conhecimento.

Entendo que abolir livros didáticos do processo de aprendizagem na rede pública avilta o bom senso, as melhores práticas e a história.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

Opinião

Compra Aberta: Marco no Pioneirismo de Jundiaí

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Opinião

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