A violência é o gargalo no sistema de saúde no Brasil
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Opinião

A violência é o gargalo no sistema de saúde no Brasil

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

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Foto: Canva Pro

Uma sociedade com indivíduos saudáveis é muito importante para um país, pois tem impacto direto na economia e no tecido social que dá coesão a um povo. Entretanto esperam que o Estado seja capaz de prover uma cobertura universal de saúde aos seus cidadãos, pois se não consegue oferecer isso, precisa urgente repensar as suas prioridades. Saúde é sempre um tema crítico principalmente quando pensamos nos indivíduos mais pobres, pois apesar de ter acesso gratuito, o sistema público por sua vez não atende com a qualidade esperada pelosclientes, apesar do volume de capital disponibilizado nos orçamentos dos governos.

Uma parcela imensa da sociedade brasileira acredita que as dificuldades de atendimento no Sistema Público de Saúde no Brasil, são causadas principalmente por ingerência dos gestores, corrupção e profissionais ineficientes. Em uma ordenação seguindo o diagrama de Pareto essas causas com certeza vão aparecer, entretanto não como as principais a serem combatidas para aperfeiçoar as operações e eliminar os impactos dos efeitos. Segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a violência nas grandes cidades é a principal causa do sufocamento das instalações nas unidades de saúde pública no país, além do impacto financeiro no sistema provocado pelo elevado custo com a internação de uma pessoa vitima de arma de fogo e acidente de transito mais comuns com gravidade.

Dados do estudo “Custos da Violência Armada”, do Instituto Sou da Paz, divulgado recentemente, apontam que uma pessoa atingida por uma arma de fogo é 3,2 maior do que o valor gasto pelo governo federal com a saúde de um indivíduo — em casos de alta gravidade, o gasto é 5,2 vezes maior. O levantamento aponta que, em média, uma pessoa ferida com baixa gravidade por arma de fogo custa R$ 1.402 aos cofres públicos, valor que sobe para R$ 3.804,33 em casos de alta gravidade. Já o custo per capita do governo com saúde é de R$ 737,89 estabelecidos com base em históricos sem essa variável considerada aleatória.  

Os gastos incluindo valores com profissionais especializados, equipamentos, procedimentos cirúrgicos e manutenção do paciente, custaram R$ 41 milhões ao SUS (Sistema Único de Saúde) no ano passado, que atendeu 17.100 internações para tratamento de ferimentos por arma de fogo. De acordo com especialistas somente os custos dessas internações em 2022 seriam suficientes para a realização de um milhão de mamografias,ferramenta essencial para identificar e garantir tratamento em tempo hábil para o câncer que mais mata mulheres no Brasil.

O comportamento no trânsito é outro fator que afetaos custos e a qualidade dos serviços no SUS.Levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina aponta o problema como uma epidemia, pois os desastres nas ruas e estradas do país deixam milhões de feridos a cada década que passa, e os gastos para o sistema de saúde pública sendo contabilizado em bilhões de reais. Dados do IBGE sustentam a classificação de flagelo pelo CFM, pois entre 2009 a 2018 houve um crescimento de 33% na quantidade de internações ocasionadas pela violência na circulação de veículos no Brasil, com destaque negativo para as regiões nordeste e centro-oeste. Saliento que os dados mais recentes não houve avanços positivos significantes.

Diante de tal espetáculo de brutalidade e seus efeitos nocivos para toda a sociedade, precisa encontrar saídas para eliminar essas perturbações e um pacto social envolvendo as instituições públicas e privadas, é uma porta que pode ser escancarada para tal passagem. A “educação” ainda é o elemento central para moldar o comportamento dos indivíduos capacitando-os para viver em harmonia respeitando as diversidades no corpo social em movimento constante, mas está perdendo a solidez.

A moralidade não pode ser legislada, mas o comportamento pode ser regulamentado.  Martin Luther King ativista social estadunidense

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

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Foto: Reprodução/Instagram/@javiermilei

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Foto: DAE Jundiaí

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