Economia enfrenta Revolução ESG
Conecte-se conosco

Opinião

Economia enfrenta Revolução ESG

Artigo por José Arnaldo de Oliveira.

Publicado

em

Atualizado há

Planta nascendo de moedas na terra
Foto: Jcomp/Freepik

O uso de bens intangíveis no cenário de mudanças climáticas é uma onda crescente na economia. Os serviços ambientais, especialmente carbono, são essenciais nesse campo. É preciso notar que fundos de investimentos globais exigem cada vez mais adequação das empresas e suas cadeias produtivas ao movimento ESG, iniciais em inglês para ações no ambiente, no social e na governança corporativa.

Mas, ainda sem padrões consolidados, tal movimento enfrenta a barreira do “greenwash”, com dados falsos ou apressados que podem voltar-se como efeito negativo para as próprias empresas. Os créditos de carbono, por exemplo, apressam sem regulação internacional um mercado voluntário que lembra as bolsas de commodities, onde o preço da tonelada de carbono equivalente varia a cada dia. Um hectare primário de Mata Atlântica, segundo algumas estimativas, pode chegar a até 500 toneladas de carbono equivalente. Na Amazônia, até 300 toneladas por hectare.

Se grandes consultorias movem esse mercado, ainda geram-se dúvidas sobre a pouca informação de pequenos proprietários ou populações tradicionais na negociação de direitos – e riscos como a apropriação de terras públicas ou camponesas. Mas o carbono, tanto na conservação como no sequestro de plantio, é apenas um dos serviços ambientais, mesmo sendo promissor como negócio de certificados na compensação de emissões de gases estufa. Os serviços ecossistêmicos são mais amplos – e incluem água, sociobiodiversidade, clima ou beleza cênica na equação.

O ESG, como um novo instrumento de gestão, deve mapear riscos e oportunidades – inclusive de inovação, desde empresas grandes até, por cadeias produtivas, pequenas. O E, de ambiental (environment), pode abranger resíduos, efluentes, energia, emissões atmosféricas e recursos naturais. O S, de social, envolve diversidade na equipe, direitos humanos e relações com comunidade, funcionários e clientes. E o G, de governança, inclui a diversidade no conselho, a transparência e a relação com poder público.

Cada empresa adapta sua realidade e seus impactos positivos e negativos. Mas há referências.
As principais são o Pacto Global e a Agenda 2030, ambas das Nações Unidas. O Pacto Global tem dez princípios:

  • Proteção dos direitos humanos
  • Sem violações a esses direitos
  • Liberdade de associação
  • Sem trabalho forçado
  • Sem trabalho infantil
  • Sem discriminação
  • Abordagem ambiental preventiva
  • Promoção da responsabilidade ambiental
  • Incentivo a tecnologias amigáveis
  • Combate à corrupção.

A Agenda 2030, por outro lado, tem 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), cada um com suas metas. São eles:

  • Erradicação da pobreza (seis metas)
  • Combate à fome e agricultura sustentável (cinco metas)
  • Saúde e bem-estar (nove metas)
  • Educação de qualidade (sete metas)
  • Igualdade de gênero (seis metas)
  • Água e saneamento (seis metas)
  • Energia limpa e acessível (três metas)
  • Trabalho decente e crescimento econômico (dez metas)
  • Inovação da infraestrutura (cinco metas)
  • Menos desigualdade (sete metas)
  • Cidades e comunidades sustentáveis (sete metas)
  • Consumo e produção responsáveis. (oito metas)
  • Ação contra mudanças climáticas (três metas)
  • Vida nas águas (sete metas)
  • Vida terrestre (nove metas)
  • Paz, justiça e instituições (dez metas)
  • Parcerias para implementação até 2030 (dezenove metas).

Existem ainda outros métodos como o GRI, e uma tendência de unificação de padrões nos próximos anos. A regulação do mercado internacional de carbono, por exemplo, é prevista para a COP 27, que pode ocorrer ainda em 2022. Há diferenças sutis em detalhes. Enquanto um relatório ESG é voltado para investidores, um relatório de sustentabilidade é voltado para a comunidade em geral. As nuances, como entre o olhar setorizado e outro do panorama “fora da caixa”, podem ser vistas de maneira integrada na busca de inovações tecnológicas ou nas práticas.

O “botão triplo” do ambiental, do social e do econômico nunca esteve tão atual e necessário. Isso pode ser visto em casos como o Pacto Ecológico, da União Europeia, ou o Green Deal, dos Estados Unidos. Mas é nos grandes fundos que vem ganhando tração. Na ponta, um rumo de interesse para toda a sociedade local, nacional e mundial.

Acionar esse rumo, com êxito crescente e progressivo, requer o envolvimento de colaboradores, fornecedores e comunidade. A motivação depende do sentimento de todos fazerem parte do processo – e deve ser transmitida em linguagem compreensível como estímulo a serem protagonistas de mudanças da ação sobre o clima, a biodiversidade e o futuro da humanidade.

Artigo por José Arnaldo de Oliveira.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Opinião

Elon Musk ataca a democracia no Brasil, tentando barrar a BYD e amenizar sua agonia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

Publicado

em

Por

Elon Musk
Foto: Reprodução/Youtube

O ambicioso, controverso, arrogante e polêmico bilionário sul africano Elon Musk, em uma entrevista à Bloomberg em 2011, caiu na gargalhada quando o repórter sugeriu a BYD como possível rival da gigante Tesla no setor de veículos elétricos. Musk respondeu com empáfia, perguntando se alguém já tinha visto um carro da marca chinesa, subestimando qualquer possibilidade de algum terráqueo superar…

Continuar lendo

Opinião

Decisão do STF sobre retroatividade de impostos agrava a insegurança jurídica

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

Publicado

em

Por

Rafael Cervone é presidente do CIESP. Foto: CIESP/Divulgação

É absurda e danosa à economia a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a cobrança retroativa de impostos não recolhidos no passado em razão de sentenças judiciais definitivas ganhas pelas empresas. Estas terão de despender agora expressivo volume de dinheiro com uma inesperada despesa, para arcar com algo que a própria Justiça havia estabelecido como indevido. É uma…

Continuar lendo

Opinião

‘Policiais são, talvez, os profissionais mais fiscalizados e não saem às ruas para cometer excessos’, diz especialista

Opinião de André Santos Pereira, Presidente da ADPESP, Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo

Publicado

em

Por

Policiais Militares de SP
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O governo de São Paulo planeja lançar, até maio, um edital para a aquisição de 3.125 câmeras corporais portáteis para a Polícia Militar, visando incorporar tecnologias avançadas e melhorar a segurança pública. O anúncio vem após críticas direcionadas à Secretaria de Segurança Pública sobre possíveis abusos cometidos em operações da PM no litoral de SP. A Operação Verão terminou nesta…

Continuar lendo

Opinião

A destruição criativa é o grande desafio para os gestores públicos e privados

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.

Publicado

em

Por

Foto: Canva Pro

São muitas as teorias para explicar, definir, entender, analisar, ensinar, antecipar e justificar os movimentos dos mercados. Porém nesse breve relato vou ousar em buscar nas leis da física uma reflexão para tais problemas. Isaac Newton físico inglês disse: “Todo corpo tende a permanecer em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme a menos que uma força…

Continuar lendo

Opinião

CIESP Jundiaí: 74 anos de trabalho em favor da indústria e da economia

Artigo por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e Marcelo Cereser, o diretor-titular do CIESP Jundiaí.

Publicado

em

Por

Marcelo Cereser e Rafael Cervone
Marcelo Cereser e Rafael Cervone (Foto: Divulgação/CIESP)

O CIESP Jundiaí, que comemora seu 74º aniversário em 28 de março, foi fundado em 1950, em meio ao plano de expansão da indústria e da rede de nossa entidade de classe, iniciado no final da década de 40, após a Segunda Guerra Mundial. Desde então, acumulou conquistas importantes, encampou batalhas, apoiou e acompanhou o crescimento e desenvolvimento do setor…

Continuar lendo
Publicidade