Você sabe o que são os Rios Voadores?
Connect with us

Opinião

Você sabe o que são os Rios Voadores?

Por Miguel Haddad

Published

on

Atualizado há

Miguel Haddad

O Governo Federal anuncia um aumento de 20% na conta de luz, em plena pandemia, com a parte mais carente da população impedida de ganhar o seu sustento – o trabalhador informal é o mais penalizado pela covid -, tendo de lutar para não passar fome. Não daria para aumentar o valor do auxílio emergencial?

Aí a questão é a outra ponta do orçamento: a inflação, que pensávamos ter sido enterrada com o Plano Real, ameaça voltar. As novas gerações não se lembram, mas houve uma época em que o salário não chegava à metade do mês. Logo que era recebido ia quase todo para pagar a estocagem de comida, pois caso se deixasse para fazer isso na semana seguinte, os preços teriam dobrado.

Em meio a esse mar de dificuldades, para muitos pagar a conta de luz vai ser um problema.
O que é mais lamentável é que o custo da energia vai continuar subindo. As providências que o poder público está tomando, ao invés de atacar as causas que levaram a esse aumento são, como de hábito, meramente paliativas. Para entender o que está acontecendo é preciso, em primeiro lugar, ver a amplitude dessa questão. 

Funciona assim: a falta de chuva impede a manutenção do volume de água necessário para garantir a operação plena das hidrelétricas e, por essa razão, torna necessário, para gerarmos energia suficiente para o País não parar, ligar as termelétricas. Movidas a combustíveis fósseis, as termelétricas geram quilowatt-hora mais caro do que as hidrelétricas, acionadas pela água corrente dos rios. 

Então a pessoa pode, legitimamente, pensar: pelo visto a culpa não é de ninguém, mas do regime pluvial. E poderíamos ficar nisso, já que não nos restaria senão lamentar esse fenômeno natural. Só que não. Se forem tomadas providências certas, essa situação pode ser resolvida.  

Para começar é preciso deixar claro que a falta de chuva que assola o sudeste brasileiro é parte de um problema maior, negligenciado, muito em razão do negacionismo, há décadas: o desequilíbrio do clima terrestre, fruto do aumento da produção de gases como o dióxido de carbono, causadores do chamado Efeito Estufa. Essa negligência pode ter efeitos ainda mais catastróficos, na medida em que estamos nos aproximando perigosamente do ponto de não retorno, quando o desequilíbrio se torna irreversível, independentemente de qualquer medida que venha a ser tomada.

Mas, concretamente, o que teria a ver o Efeito Estufa com o aumento da conta de luz? É aí que entram os chamados Rios Voadores. As árvores da floresta amazônica funcionam como bombas que puxam as águas do subsolo e as ejetam na atmosfera. O sistema de ventos traz essas águas, pelo ar, até o sudeste, onde elas se precipitam sob a forma de chuva. Sua quantidade é tamanha que os cientistas que fizeram essa descoberta denominaram esse fluxo de Rios Voadores.
 
Com o desmatamento insano da Amazônia – estamos batendo a cada ano sucessivos recordes de destruição da mata – esses rios estão virando córregos e, com isso, diminuindo a quantidade de chuva que cai na nossa região. 

O que fazer, portanto, depende, por um lado, de ações imediatas, ou seja, no caso do sofrimento da população mais carente, vítima da desigualdade social absurda do nosso País, de mudanças urgentes nas prioridades governamentais e, também, nesta emergência, da solidariedade da população. E depende, por outro lado, de ações de médio e longo prazo, de medidas que ataquem a causa desse problema, que, se não forem tomadas, vão agravar a atual situação.

Estamos, na realidade, como dito, pagando o custo do negacionismo. Deixamos de ouvir, nas últimas décadas, os alertas da Ciência. Felizmente isso começa a mudar. Hoje, nos países mais avançados, a população tem cada vez mais consciência ecológica e os governantes estão se dando conta de que é necessário rever as prioridades que têm regido suas nações.

O Brasil tradicionalmente chega atrasado na bola desse jogo. Invariavelmente ficamos no fim da fila na tomada de medidas que promovam avanços socioeconômicos efetivos. Agora mesmo isso está acontecendo: o desmatamento da floresta amazônica, ao invés de diminuir, nos últimos anos tem sido recorde. A preservação do meio ambiente em nosso País está muito aquém do que é necessário.

Com os Rios Voadores continuamente definhando teremos, senão no ano que vem, no seguinte, o mesmo problema que estamos enfrentando agora, só que de forma mais severa.  
Isso precisa mudar. 

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Opinião

A manutenção de uma nova mentalidade

Artigo por Janguiê Diniz, fundador e presidente do Conselho de Administração do grupo “Ser Educacional” e Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo.

Published

on

Janguiê Diniz - artigo sobre mentalidade
Foto: Arquivo Pessoal

Quando você conquista uma nova mentalidade, um novo mindset, é essencial fazer uma escolha consciente nessa direção e comprometer-se a preservar essa mudança. Isso exige a adoção de novos hábitos, mudanças na rotina, conexões com pessoas que apoiam a nova mentalidade e persistência mesmo quando houver retrocessos. Em síntese, manter um novo mindset positivo e desejável exige mudanças fortes no…

Continue Reading

Opinião

Por que sua marca precisa de menos elementos e mais estratégia

Artigo por Lais Lumes, designer especialista em branding essencialista e fundadora do Lais Lumes Brand Studio.

Published

on

Lais Lumes

No atual cenário do branding, existe um paradoxo comum: quanto mais elementos uma marca usa, menos ela consegue ser lembrada. É como uma sala cheia de pessoas falando ao mesmo tempo, onde ninguém é realmente ouvido. O verdadeiro diferencial de uma marca está não no que você adiciona, mas no que decide deixar de fora. A Armadilha do "Mais é…

Continue Reading

Opinião

O Dia da Consciência Negra e o “Navio Branqueiro”

Artigo por Vinícius Vieira, jornalista, co-autor do livro “Mestres da Reportagem Vol. 2” e ganhador do “Prêmio Neusa Maria de Jornalismo” em 2020.

Published

on

O Dia da Consciência Negra e o Navio Branqueiro - Artigo por Vinícius Vieira

Eu, enquanto homem negro, gastei muitos anos da minha vida tendo que explicar para pessoas brancas o porquê do Dia da Consciência Negra. Qual a importância e relevância da data, além de ter que responder, com toda paciência do mundo, o porquê de não existir um “Dia da Consciência Branca”. Eu sempre me mostrei aberto ao diálogo em todas as…

Continue Reading
Skip to content