Clube 28 de Setembro carrega histórias de resistência e luta contra a discriminação racial em Jundiaí
Conecte-se conosco

Sextou com S de Saudade

Clube 28 de Setembro carrega histórias de resistência e luta contra a discriminação racial em Jundiaí

Até hoje, o Clube 28 é referência de entretenimento, recreação e um marco na história negra de Jundiaí e do Brasil.

Publicado

em

Atualizado há

Foto de antiga entrada do Clube 28 de Setembro, em Jundiaí
O nome do clube foi dado em homenagem à Lei do Ventre Livre, instituída em 28 de setembro de 1871 (Fotos: Acervo Maurício Ferreira)

Quem passa pela área central de Jundiaí já deve ter reparado naquele toldo preto, com o número 28 em vermelho e a sigla CBCRJ: Esse é o Clube 28 de Setembro. O centro cultural foi inaugurado no dia 1º de janeiro de 1895, a partir da iniciativa de um grupo de ferroviários negros, que se uniram para fundar uma agremiação para entretenimento, educação, assistência e cultura.

A organização nasceu da união das sociedades Clube 28 de Setembro e do Clube Recreativo Jundiaiense, fundado em 1934. Assim, há 150 anos, o Clube Beneficente Cultural e Recreativo Jundiaiense é referência de resistência e luta contra a discriminação racial, e se tornou um centro de entretenimento que reflete a cultura negra.

Fotos: Acervo Maurício Ferreira

Grande parte da história do 28 não é tão conhecida, principalmente por estar localizada em uma região até então predominantemente habitada por descendentes de italianos. Por isso, a cultura negra não tinha tanta representatividade conhecida (e apreciada).

Dos bailes à sala de aula

O Clube 28 de Setembro já recebeu milhares de pessoas para suas diversas atrações. Além dos concursos de beleza, bailes, festas e encontros sociais, um dos objetivos do local também foi promover iniciativas educacionais.

Fotos: Acervo Maurício Ferreira

Assim, durante muito tempo, os organizadores procuravam garantir palestras com temáticas históricas, de literatura e cursos profissionalizantes destinado às mulheres, como datilografia e costura. Além disso, no início dos anos 1930, o clube criou uma escola de alfabetização noturna, chamado “Escola Cruz e Souza”.

Com isso, é inegável que o Clube 28 contribuiu muito com o crescimento de Jundiaí.

Lei do Ventre Livre

Diferente do que muitos pensam, o Clube 28 de Setembro não tem esse nome por causa da data em que foi inaugurado. Também não é a data do aniversário de nenhum dos fundadores. O clube tem esse nome como uma homenagem à Lei do Ventre Livre, promulgada no dia 28 de setembro de 1871.

A Lei Nº 2.040 foi assinada pela Princesa Isabel e considerava que todos os filhos de mulheres escravas nascidos até então seriam livres. De acordo com o texto, os filhos dos escravos, agora livres, ficariam sob cuidado dos senhores até os 21 anos, ou entregues ao governo.

Fotos: Acervo Maurício Ferreira

Patrimônio Cultural

Com seu protagonismo desde a criação até hoje, o Clube 28 é o Clube Social Negro mais antigo de São Paulo e o terceiro mais antigo do Brasil. O reconhecimento também tornou o local um Patrimônio Cultural Imaterial de Jundiaí.

Fotos: Acervo Maurício Ferreira

Atualmente, o Clube 28 de Setembro promove diversos projetos culturais que continuam compartilhando a história do povo negro jundiaiense e brasileiro. Um dos programas é o Ponto de Cultura, criado em 2011, com aulas de capoeira, grafite, dança de salão e eventos com ritmos de reggae e hip hop.

O Clube 28 de Setembro é referência: “como centro de resistência cultural; espaço de reivindicações raciais e formação de lideranças; como espaço de aculturação dos negros, expressão cultural e a manutenção de parte da herança ancestral; espaço físico e político que confere a seus membros um sentimento de identidade e orgulho, sendo também local para o extravasamento das tensões”.

Tem alguma história interessante da cidade, um fato inusitado ou quer que falemos sobre algum assunto? Peço que ajude a preservar nossa história: envie fotos antigas e participe do grupo no Facebook.

Até semana que vem!

Com a colaboração do Professor Maurício Ferreira, do Sebo de Jundiaí.

Sextou com S de Saudade

Mário Milani, o craque jundiaiense que ia aos treinos pilotando um avião

Apesar do destaque em grandes clubes brasileiros, a carreira dele não é muito conhecida. Por isso, prestamos essa homenagem

Publicado

em

Mário Milani
Jundiaiense era considerado um grande profissional do futebol, além de contabilista e também aviador (Fotos: Acervo Maurício Ferreira)

O termo "voar em campo", muito usado nas resenhas do futebol, nunca serviu tão bem para contar a história desse jundiaiense que brilhou em muitos gramados com a camisa de alguns dos principais clubes brasileiros. Estamos falando de Mário Milani, jogador de futebol e contabilista que aprendeu a pilotar avião para não perder tempo nas viagens de trem entre Jundiaí…

Continuar lendo

Sextou com S de Saudade

Pipoqueiros marcaram época em Jundiaí: você conhece algum deles?

Publicado

em

Pipoqueiro Caxambu
Pipoqueiro na estrada de terra, no bairro Caxambu, na década de 1960: parte da história de Jundiaí (Foto: Acervo Maurício Ferreira)

Algumas profissões ou determinados tipos de trabalho estão cada vez mais difíceis de serem vistos por aí, não é? Nos anos 1980, quem nunca aproveitou para amolar a faca ou afiar a tesoura quando ouvia aquele tilintar da bicicleta passando pela rua? Com a chegada da tecnologia, muitas dessas funções passaram a ser feitas pelas pessoas em casa, mesmo, graças…

Continuar lendo

Sextou com S de Saudade

Na Jundiaí de 1930, bombas de gasolina ficavam nas esquinas

Geralmente as bombas pertenciam a algum comércio próximo: você pagava e abastecia ali mesmo, na rua

Publicado

em

Posto
Tempo em que se podia abastecer os carros e caminhões sem a necessidade de um posto de combustíveis (Foto: Acervo Maurício Ferreira)

Você imagina o mundo, hoje, sem postos de combustíveis? A gente teve um exemplo claro disso quando houve a greve dos caminhoneiros, em 2018: ninguém conseguia abastecer e o país virou um caos, não é? Mas já houve uma época em que nem se pensava em ter estabelecimentos assim e a gasolina era vendida nas esquinas. Nessas duas imagens que…

Continuar lendo

Sextou com S de Saudade

Meu amado avô Zeca: exemplo de cidadão a serviço da população

Era um homem com pouco estudo, muito trabalhador, detentor de espírito público e respeito pelo que pertencia ao povo

Publicado

em

zeca
Com meu avô e o primo Eduardo Massagardi (à direita) numa foto dos vários momentos juntos que passamos (Foto: Acervo Maurício Ferreira)

Nasci literalmente no interior da Prefeitura de Jundiaí, mais precisamente no Depósito Municipal que funcionou durante décadas na avenida Dr. Amadeu Ribeiro, no Anhangabaú, entre o Bolão e o Parque da Uva. Meu avô Zeca Ferreira e meu pai Ferreirinha (José Antônio) eram funcionários públicos e moravam nas casas da Prefeitura. Vim ao mundo, numa dessas moradias, pelas mãos de…

Continuar lendo

Sextou com S de Saudade

Miro Jarinu foi dono de panificadora e vereador, mas se consagrou como vendedor de carros

Líder comunitário na Vila Hortolândia, comerciante se destacou na política e como vendedor de veículos

Publicado

em

Miro Jarinu
Miro acompanha obra que reivindicou na avenida João Meccatti, no final dos anos 1960 (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Argemiro de Campos, o Miro Jarinu, nasceu em 1939. Filho de João Antônio e Maria do Carmo, ele sempre foi muito querido em toda Jundiaí por ser uma pessoa que exerce a plena cidadania. Em 1963, junto com o pai dele, João Antônio, e o irmão Geraldo, arrendou um bar na Vila Hortolândia e abriu a Panificadora Jarinu - uma…

Continuar lendo
Publicidade