O termo “voar em campo”, muito usado nas resenhas do futebol, nunca serviu tão bem para contar a história desse jundiaiense que brilhou em muitos gramados com a camisa de alguns dos principais clubes brasileiros. Estamos falando de Mário Milani, jogador de futebol e contabilista que aprendeu a pilotar avião para não perder tempo nas viagens de trem entre Jundiaí e São Paulo.
Milani foi campeão paulista pelo Corinthians, carioca pelo Fluminense, bicampeão brasileiro pela Seleção Paulista, artilheiro do Campeonato Brasileiro de Seleções por duas vezes e do Campeonato Paulista, além de ter passado também pelo São Paulo, pouco depois do clube ser fundado, Juventus e Paulista de Jundiaí.
Apesar de ter sido um jogador de futebol de grande destaque na década de 1940 e feito história com a camisa de grandes clubes brasileiros, a carreira de Mario Milani não foi muito difundida. Atacante nato, gostava mesmo de fazer gols. Só pelo Corinthians, foram mais de 100! Teve média de gols maior, por partida, do que Baltazar, Marcelinho Carioca, Sócrates, Rivelino, Viola e Casagrande – grandes ídolos do alvinegro de Parque São Jorge.
Agachado na foto, Milani com a faixa de campeão pelo Corinthians
História
Mário Milani nasceu em 1918. Os pais eram Olinda e Fortunato Milani, de uma família empreendedora e com posses. Fortunato foi fundador e presidente da Indústria Alimentícia Milani, que fabricava conservas, além de ter ajudado a fundar a Gessy Lever.
A carreira no futebol teve início aos 14 anos, quando passou a disputar jogos com a camisa do Estrela de Ouro Futebol Clube, time amador da cidade. Apesar da pouca idade, ele já chamava a atenção nos gramados e não demorou muito para ser descoberto por um olheiro do futebol. Seis anos mais tarde, em 1938, já estava vestindo a camisa do tricolor do Morumbi.
Os pais tiveram de ser convencidos de que ele precisava jogar futebol na cidade grande. A missão, neste caso, coube ao também jundiaiense Romeu Pellicciari – concluída com êxito, para o bem do futebol.
Depois do São Paulo, Milani foi para o Fluminense, no Rio de Janeiro. Ganhou três títulos em 1940, mas a saudade da esposa Maria Ribeiro falou mais alto e ele resolveu voltar à capital paulista. Ingressou no Corinthians, onde viveu a melhor fase da carreira – já no ápice da técnica e da forma física.
Goleador
O craque jundiaiense era aquele “menino de ouro”, como se dizia antigamente: era um grande profissional, jogava muito bem e era um cavalheiro – tanto dentro quanto fora de campo.
Viveu dias de glória nos braços da Fiel Torcida, ao lado de craques consagrados como Baltazar, Rui, Lima e Servílio. Era um atleta completo e foi convocado várias vezes para a Seleção Paulista – onde conquistou dois títulos. Naquela época, os campeonatos entre seleções estaduais ocorriam praticamente todos os anos.
Quando deixou o Corinthians, jogou no Juventus e também atuou como técnico. Milani ainda disputou competições com a camisa do Paulista Futebol Clube, em 1950. Encerrou a carreira um ano depois.
Presença constante na Seleção Paulista
Curiosidades
Cansado de viajar de trem todos os dias quando treinava no Parque São Jorge, Milani aprendeu a pilotar aviões no recém-inaugurado Aeroclube de Jundiaí. Com um avião Paulistinha, ele ia até o Campo de Marte, em São Paulo, para encurtar o trajeto.
Mário Milani era um esportista versátil. Na adolescência, foi campeão de basquete (chamado, naquela época, de bola ao cesto) pela Escola Professor Luiz Rosa, Esportiva e Associação dos Empregados do Comércio. Também foi professor de Contabilidade nas Escolas Padre Anchieta (hoje Unianchieta) e chegou a atuar como secretário de Finanças nas Prefeituras de Jundiaí e Itupeva.
Ele era diferente da maioria dos jogadores de futebol – isso até os dias de hoje. Antes de se profissionalizar nos campos, estudou na Escola Paroquial Francisco Telles e se formou contabilista na Escola Professor Luiz Rosa. Ele chegou a ser o responsável pela contabilidade da empresa da família.
Teve a história contada em uma biografia – “Milani – O artilheiro aviador”, do jornalista Gustavo Longhi de Carvalho. Faleceu dia 24 de setembro de 2003, deixando os filhos Olga Maria Milani e José Antônio Milani, netos e bisnetos.
Recebeu inúmeras homenagens: um viaduto na rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (a estrada de Itu), o estádio municipal de Itupeva e o centro esportivo do bairro Ivoturucaia, em Jundiaí, levam o nome do craque.
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