Região de Jundiaí vai perder pelo menos 31 médicos cubanos

Região de Jundiaí vai perder pelo menos 31 médicos cubanos

A declaração do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) que culminou na decisão do governo de Cuba de retirar profissionais do "Programa Mais Médicos" vai afetar diretamente no atendimento de Saúde da região de Jundiaí.

A reportagem do Tribuna apurou que 31 médicos cubanos fazem o atendimento em quatro cidades da Aglomeração Urbana. Jundiaí deve perder três médicos cubanos que trabalham em áreas de grande vulnerabilidade social: Jardim São Camilo, Vila Esperança e Rio Acima. A história se repete e com tons mais dramáticos na Vila Real, em Várzea Paulista, onde 11 médicos cubanos fazem o atendimento do Programa "Saúde na Família", com visitas domiciliares e 40 horas de carga horária semanal. O bairro é um dos mais pobres da região.

Em Campo Limpo Paulista, o impacto negativo não fica atrás: 10 médicos cubanos atendem atualmente em 8 Unidades Básicas de Saúde das regiões mais periféricas da cidade, exemplos do Botujuru, São José, Pau Arcado e Parque Internacional.

Já em Itupeva são 7 os médicos de Cuba para atender moradores de bairros como São João, Rio das Pedras, Santa Fé, Santa Elisa, Quilombo, Guiomar, Monte Serrat.

A Unidade de Gestão de Saúde em Jundiaí afirmou, por meio de nota, que "aguarda posicionamento oficial por parte do Ministério da Saúde, que já sinalizou sobre a abertura, nos próximos dias, de edital para selecionar médicos brasileiros que queiram ocupar as vagas deixadas em aberto pelos profissionais cubanos".

Em Várzea Paulista, os responsáveis pela Saúde aguardam com certa apreensão. "A cidade sofrerá muito, com certeza, caso a medida seja concretizada. Desejamos que o governo faça com ciência da necessidade de reposição", diz nota.

A preocupação é semelhante em Itupeva. "Será uma grande perda para o município, pois os médicos do programa atendem um número bem elevado de pacientes".

A Prefeitura de Campo Limpo afirma ainda não ter sido notificada sobre a possível redução no quadro dos médicos da família, mas ressalta "a importância destes profissionais no bom atendimento à população".

Prefeitos pedem manutenção de cubanos

Em nota conjunta, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) apelam para a manutenção dos profissionais cubanos no Brasil sob risco de faltar atendimento à população.

Segundo as entidades, com a decisão do Ministério da Saúde de Cuba de rescindir a parceria, mais de 29 milhões de brasileiros poderão ficar desassistidos da atenção básica de saúde. Eles pediram que o presidente eleito Jair Bolsonaro reveja a decisão de aplicar novas exigências para a permanência dos cubanos no país.

“As entidades pedem a revisão do posicionamento do novo governo, que sinalizou mudanças drásticas nas regras do programa, o que foi determinante para a decisão do governo de Cuba. Em caráter emergencial, sugerem a manutenção das condições atuais de contratação, repactuadas em 2016, pelo governo Michel Temer, e confirmadas pelo Supremo Tribunal Federal, em 2017”, diz a nota.

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