Uma professora de história da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar, em Franco da Rocha (SP), está sendo ameaçada por um grupo de WhatsApp formado por alguns de seus alunos do ensino médio.
“Tem que torturar muito, ela não pode morrer rápido”; “eu vou matar essa velha desgraçada”; “vou marcar ela com ferro de gado”, são algumas das frases que ela leu a seu respeito quando descobriu a existência do grupo, em abril deste ano.
O grupo nomeado como “Morte a Mara” foi criado em 2018 e, desde então, ela vem convivendo com ameaças de morte. Além das críticas e xingamentos por meio do aplicativo, os muros próximos à sua casa foram pichados pelo grupo de estudantes, menores de idade, que ainda tem aula com a professora.
Então, Mara decidiu buscar ajuda legal e solicitou um requerimento administrativo junto à escola e um requerimento na delegacia local, por meio das advogadas que cuidam do caso, para apuração dos fatos. Inclusive, ela foi orientada a não conceder entrevistas.
Em entrevista à VEJA SP, a ex-aluna e amiga da educadora, Lucy Dias diz que Mara não foi amparada pela Etec. “Em 5 de agosto, a professora Mara fez o protocolo de sindicância administrativa com o pedido de transferência compulsória e apuração do envolvimento (dos alunos). A direção negou esse pedido e convocou uma reunião de pais para informar o que estava acontecendo”, explica. “As únicas medidas tomadas pela direção foram advertências oral e escrita, que não têm nada de efetivas”, acrescenta.
Em nota, a assessoria do Centro Paula Souza, que administra as Etecs, confirmou a reunião com as famílias dos alunos e advertências aplicadas. Além disso, detalhou que, durante sessão do Conselho de Escola, a gestão “entendeu que as ações adotadas pela Etec de Franco da Rocha foram suficientes até o momento, tanto que, desde a tomada da primeira providência, nenhum outro fato relacionado foi verificado”.
No entanto, ainda em entrevista à VEJA SP, Lucy afirma que as ameaças continuam. “Alunos estão relatando que no ambiente escolar, aqueles que se posicionam contra (o grupo), estão sofrendo bullying, além de serem obrigados a estudar num clima de medo, agressões verbais e intimidação, ou seja, não só para a professora a situação segue péssima”, argumenta.
A advogada, responsável legal de Mara, não confirma a continuidade das ameaças e disse à VEJA SP, que por conta da “delicadeza da questão e o envolvimento de adolescentes, não poderemos transmitir mais informações ou emitir declarações relacionadas ao caso, a fim de preservá-los, em conformidade com a legislação e o Código de Ética da OAB”.
Fonte: VEJA SP