A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (2), revela um aumento expressivo na desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com 56% de rejeição, esta é a maior diferença registrada em relação à aprovação do governo, que caiu para 41%. Os números evidenciam o desgaste da gestão e apontam para um cenário de crescente insatisfação popular.

Rejeição sobe e aprovação recua

De acordo com o levantamento, a desaprovação ao governo Lula subiu sete pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, divulgada em janeiro. À época, os índices estavam em 49% (desaprovação) e 47% (aprovação). Desde julho do ano passado, a taxa de rejeição à atual gestão acumula uma alta de 13 pontos, enquanto a aprovação recuou no mesmo patamar.

Nordeste lidera crescimento da insatisfação

O aumento da insatisfação foi registrado em todas as regiões do país, mas chama atenção o salto registrado no Nordeste, tradicional reduto eleitoral do PT. Na região, a desaprovação saltou de 37% para 46% em dois meses, enquanto a aprovação caiu de 59% para 52%. No Sudeste, a região mais populosa do Brasil, a rejeição chega a 60%, contra apenas 37% de aprovação.

Descontentamento entre jovens e classes médias

A queda na popularidade do governo Lula também é mais acentuada entre jovens de 16 a 34 anos, com 64% de desaprovação, o mesmo percentual registrado entre eleitores com ensino superior incompleto. Já entre pessoas com renda familiar média baixa, a rejeição atinge 61%.

Tentativas de ajuste não surtiram efeito

Nos últimos meses, o governo tentou recuperar a imagem pública com medidas como o lançamento do crédito consignado para trabalhadores CLT e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Também houve mudanças na equipe, como a substituição de Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), além de maior presença de Lula em viagens pelo país.

Apesar dos esforços, as ações parecem não ter revertido a percepção negativa. Segundo a pesquisa, 44% dos entrevistados acreditam que a comunicação do governo “está igual” desde a troca na Secom. Para 19%, houve melhora, enquanto 21% notaram piora. Outros 16% não souberam opinar.

Avaliação geral piora com avanço da percepção negativa

Quando solicitados a classificar o governo como positivo, regular ou negativo, 41% dos entrevistados optaram pela avaliação negativa — aumento de quatro pontos em relação à pesquisa anterior. Outros 29% consideram a gestão regular, e apenas 27% avaliam positivamente. Até então, os três grupos mantinham proporções similares, mas agora a avaliação negativa se destaca.

Desconfiança sobre promessas e rumo do país

A percepção negativa do governo parece estar diretamente ligada ao cenário econômico e à frustração com as expectativas em torno do retorno de Lula ao Palácio do Planalto. Para 56% dos entrevistados, o Brasil está seguindo na direção errada — eram 50% em janeiro. O mesmo percentual afirma que a economia piorou nos últimos 12 meses, número que representa um salto de 17 pontos em comparação ao levantamento anterior.

Além disso, 71% dos brasileiros ouvidos acreditam que Lula não tem conseguido cumprir as promessas feitas durante a campanha. Mais da metade (53%) considera que o atual mandato está pior que os dois anteriores. Outros 23% veem os três governos como semelhantes, e 20% acreditam que a atual gestão é melhor.

Comparação com Bolsonaro divide opiniões

Na comparação direta com o governo de Jair Bolsonaro, os entrevistados estão divididos: 43% dizem que o governo Lula é pior que o anterior, enquanto 39% consideram o atual melhor. A diferença configura um empate técnico, dentro da margem de erro da pesquisa, estimada em dois pontos percentuais.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 27 e 31 de março, com 2.004 entrevistas presenciais em todo o Brasil, com pessoas de 16 anos ou mais. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.