André Luiz Mendonça, atual titular da Advocacia-Geral da União, e Alexandre Ramagem, atual diretor da Agência Brasileiro de Inteligência (Abin), estão confirmados para substituir Sergio Moro e Maurício Valeixo no comando do Ministério da Justiça e diretoria-geral da Polícia Federal, respectivamente.
A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (28) e são assinadas pelo presidente Jair Bolsonaro.
Jose Levi Mello do Amaral Júnior vai ocupar o cardo de Advogado-Geral da União.
Substituição
Moro pediu demissão do governo Bolsonaro, depois que o presidente da República exonerou Valeixo, então diretor-geral da Polícia Federal.
Durante coletiva de imprensa em que anunciaria sua saída, o ex-juiz da Lava Jato, fez graves acusações, entre elas que o presidente tentava interferir politicamente na PF, por isso, a saída de Valeixo. Bolsonaro, mais tarde, negou.
Dois inquéritos, abertos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e investigados pela Polícia Federal, podem preocupar o presidente. Um deles, um esquema de fake news que corre em sigilo, teria chegado, segundo a Folha de S. Paulo, ao nome Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro. O outro, aberto no domingo (19), investiga a participação de deputados bolsonaristas na manifestação antidemocrática e pró-golpe. O nome de Eduardo Bolsonaro, deputado federal, também poderia estar envolvido.
O relator dos inquéritos, ministro Alexandre de Moraes, determinou, depois da saída de Moro, que os delegados responsáveis pelos casos não sejam substituídos.
Com a nomeação de Ramagem para a diretoria da PF, a tensão ganhou novos contrastes. Além de ter trabalha como chefe da segurança de Bolsonaro durante a campanha de 2018 e, depois de eleito, ter sido escolhido para assessor de governo, ele também é amigo da família Bolsonaro.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (27), Bolsonaro comentou a proximidade de Ramagem com a família. (Veja vídeo)
“Ele ficou novembro e dezembro, praticamente, na minha casa. Dormia na casa da vizinha, tomava café comigo, aí tirou fotografia com todo mundo. Foi no casamento de um filho meu… Não tema nada a ver a amizade dele com o meu filho, meu filho conheceu ele depois. E eu confio, passei a acreditar no Ramagem, conversava muito com ele, trocava informações. Demonstrou ser uma pessoa da minha confiança, então a partir do momento que eu tenho uma chance de indicar alguém pra PF, por que não o indicaria?”, questionou Bolsonaro.
Segundo o G1, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse que vai apresentar uma ação na Justiça que impessa que Ramagem assuma o cargo.
Perfis
André Luiz Mendonça
Antes de ocupar a Advocacia-Geral da União, Mendonça atuou como corregedor-geral do órgão, entre 2016 e 2018.
Em 2011, Mendonça venceu, na categoria especial, o Prêmio Innovare, que identifica e divulga as melhores práticas exercidas no âmbito do Poder Judiciário, por idealizar e coordenar um grupo dedicado à recuperação de ativos desviados em casos de corrupção, que recuperou bilhões de reais aos cofres públicos.
É pastor na Igreja Presbiteriana Esperança, em Brasília, e pós-graduado em direito pela Universidade de Brasília (UnB).
Alexandre Ramagem
É delegado da Polícia Federal desde 2005. Na corporação, comandou as divisões de Administração de Recursos Humanos e de Estudos, Legislações e Pareceres.
Ocupou papel na coordenação de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014, a Olimpíada de 2016 e a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente.
Depois de atuar como segurança de Bolsonaro em 2018, em 2019, foi nomeado para a direção da Abin. Antes, trabalhou com o ex-ministro Santos Cruz, chefe da Secretaria de Governo na gestão Bolsonaro nos primeiros meses do mandato.