A falta de segurança no bairro Ponte São João foi motivo de muitas reclamações de vereadores, durante a sessão da Câmara Municipal de Jundiaí, nesta terça (13). O tema foi trazido pela vereadora Quézia de Lucca (PL), que pediu ajuda para conseguir fazer uma reunião com a Prefeitura e as forças de segurança da cidade.
Ela pediu a palavra logo no início da sessão, alegando que o programa Bairro Seguro não está mais sendo realizado na região. “A ação social, o pessoal da limpeza pública e de obras sempre estão lá, mas a situação está crítica em relação à segurança. As pessoas não têm nem liberdade para sair na porta de casa. Os furtos triplicaram, os estabelecimentos estão tendo levadas as caixas de energia, cabos. Queremos que volte ao início deste processo, quando a GM e a PM estavam muito mais ativas, com viaturas e patrulhamento a pé. Não se vê mais isso!”, comentou.
A vereadora disse que tem recebido muitas cobranças dos moradores e que até o momento não teve uma resposta em relação à reunião solicitada. “Que pelo menos as rondas voltem a ser como eram no início, porque a população sentiu a diferença. Os crimes diminuíram na época, por isso estou pedindo ajuda, presidente, porque preciso de uma reunião urgente com o prefeito e os representantes da segurança. O negócio lá está bem feio”.
O assunto teve apoio de outros parlamentares, como o delegado Paulo Sérgio Martins (PSDB) e o policial civil e advogado Antônio Carlos Albino (PL) – especialistas no tema.
Paulo Sérgio Martins, delegado, cobra desde 2008 a descentralização da GM (Foto: Divulgação/CMJ)
Paulo Sérgio fez um desabafo ao dizer que está desde 2008 alertando sobre a necessidade de descentralização da Guarda Municipal. “Já demos a ideia de criar uma subsede da Guarda Municipal onde era o antigo clube Jaú. É um absurdo isso, porque é uma questão técnica: a descentralização é feita em várias áreas, como a Saúde. Por que não na Guarda? Precisamos de 10 GMs numa base dessa, não vai gastar nada!”, ressaltou.
O delegado também citou que escolas e UBSs podem servir de base para que as rondas possam ser executadas nos bairros. “Será que o Vetor Oeste também não precisa de uma subsede da Guarda? Será que alguém poderia chamar a gente para conversar sobre isso? Confio muito na coronel Carla, porque ela sabe o que faz. Vamos ver se alguém ouve a gente, precisa de todo um serviço lá. Tem que acabar também com os receptadores. Enquanto não fechar, vai continuar tendo gente furtando e levando lá. De 2008 a 2021 estou falando a mesma coisa, enche bem o saco! Desculpem o desabafo”.
Cassação de alvará
Albino (PL) citou um projeto de lei dele, que determina a cassação do alvará de comerciantes flagrados com objetos e produtos furtados ou roubados. “Isso é receptação dolosa e tem que ser punida. Já recebi duas chamadas essa semana de furto de grades da rede de água pluvial, que depois são vendidas para ferro-velho. Tem que haver punição! A Prefeitura vai ter que soldar as grades para não haver furto, isso é um absurdo”, destacou.
O presidente da Câmara, Faouaz Taha (PSDB), disse que os vereadores terão uma reunião com gestores da Prefeitura na próxima quinta (15) e que será uma ótima oportunidade para buscar soluções. “Eu perdi as contas de quantas tampas de bueiro foram furtadas no Centro. Sabemos que mais pessoas estão em vulnerabilidade por conta da pandemia, mas não é motivo. Também recebi reclamações deste tipo e mandei e-mail para fazermos uma reunião sobre isso. Será preciso uma ação em conjunto, porque não é só uma questão policial”.
Outro lado
Procurada pelo Tribuna de Jundiaí, a Prefeitura respondeu em nota que “permanece ativo o Programa Bairro Seguro desenvolvido pela Guarda Municipal de Jundiaí (GMJ), com guardas atuando de forma fixa nas áreas comerciais das regiões Central e Ponte São João. Entre os meses de setembro de 2020 a abril de 2021 – até o dia 12 -, as equipes da GM do Programa Bairro Seguro, com apoio de viaturas do Canil e Apoio Tático, realizaram 1.264 patrulhamentos nos arredores da região da Ponte São João, a qual é compreendida pelo 49º Batalhão da PM e pelo 3º Distrito Policial”.
A Prefeitura também alegou que “no mesmo período também foram realizadas 250 operações no bairro, o que equivale a 37% do total realizado na cidade; atendidas 35 ocorrências de furto e roubo, além de 20 ocorrências de aglomeração de pessoas registradas via 153; capturados cinco procurados pela Justiça; efetuados 17 atendimentos de perturbação de sossego ou de trabalho; e realizados 10 atendimentos dentro do Programa Guardiã Maria da Penha”.
A nota destacou ainda que a segurança é uma das principais preocupações da gestão municipal. “Nos últimos anos, foram feitos investimentos para a aquisição de armas e munições, compra de coletes balísticos e EPIs, além da renovação da frota e ampliação do efetivo. Ao todo, o setor de segurança tem previsão de investimento superior a R$ 30 milhões”.