
Espanhol, crioulo, francês, persa, japonês e árabe, são alguns dos idiomas escutados pelos corredores das unidades escolares de Jundiaí (SP). O município tem alunos estrangeiros em 28 unidades escolares, entre creches e ensino fundamental.
Ao todo, são 63 crianças das mais diferentes nacionalidades, mas a maioria vinda da América do Sul, como Venezuela, Colômbia e Chile.
Estas crianças trazem histórias e, em alguns casos, de fome e guerra. Por isso, o acolhimento, que já faz parte do Caderno de Orientações dos Departamentos de Educação Infantil e Fundamental – documento voltado a professores e coordenadores, é tão importante.
O documento traz como um guia algumas atividades, como cartazes com imagens e expressões comuns do dia a dia escolar, com saudações locais, profissões e tudo com a tradução ao idioma da criança.
Para Vastí Ferrari Marques, gestora da Unidade de Gestão de Educação (UGE), é preciso zelar pelo bem-estar da criança fazendo um acolhimento que garanta a segurança necessária para a adaptação na escola, além de entender a cultura e hábitos.
“A comunicação universal das crianças é a brincadeira, por isso é importante que o professor permita e planeje as interações entre elas. Cabe a eles entender a realidade das crianças, propor estratégias para facilitar a aprendizagem e, claro, a gestão precisa estar atenta à rotina, implementando as mudanças necessárias, inclusive no cardápio se necessário for, como forma de demonstrar que estão todos empenhados no conforto e bem-estar para que se adapte ao país”, reforça a gestora.
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Acolher alunos estrangeiros e ensinar com qualidade
O caderno de orientações está com várias propostas e os educadores precisam ser pacientes, ter falas suaves e pausadas, atentando-se aos gestos e linguagens corporais dos alunos estrangeiros.
A diretora da Emeb José Romeiro Pereira, na Vila Progresso, Adriana Arcos Batista, comenta que o corpo docente tem se adaptado aos diferentes idiomas e situações e quando há dificuldade na comunicação direta, recorrem aos tradutores de áudio.
“O processo pedagógico varia de acordo com cada criança, mas todos os professores e profissionais da unidade estão cientes sobre o que deve ser feito para deixar esta criança confortável e pronta para uma alfabetização tranquila e assertiva”, diz.
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Aos 8 anos, Omar Antar Beltagy Eacriy, do Egito, tem se adaptado à realidade brasileira. Com ajuda do corpo docente e acolhimento de seus colegas, já é um exímio estudante de matemática. Apesar de estar se familiarizando com a língua portuguesa, ele faz questão de mostrar aos colegas sobre sua cultura. “Eu adoro matemática”, afirma Omar em poucas palavras.
Com pouco mais de um mês no ambiente escolar, Motasimbelaa Abdalla Mohamed Abdelfatah, ou carinhosamente chamado como Mota, ainda precisa do auxílio do tablet para traduzir suas falas. Se adaptando à língua e à rotina escolar, o equipamento tem sido, neste momento, seu aliado em sala de aula. “Quando ele precisa se comunicar recorre ao tablet para que a tradução ao seu idioma seja feita imediatamente. Assim temos também para que ele nos compreenda”, explica a professora Ana Clara Marin Verrone.