Foto: HSV
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O Dr. Helton Hirata, especialista em Ortopedia, Traumatologia e Cirurgia de Mão no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), liderou no último sábado (11) uma cirurgia pioneira no Estado de São Paulo. Realizada no HSV, um centro de excelência em ortopedia, a intervenção teve como objetivo restaurar o movimento e a sensibilidade do membro superior esquerdo de um paciente jovem, através da técnica de transferência de nervos da coluna para o esôfago, uma técnica que o Dr. Hirata aprendeu, estudou e aperfeiçoou na Índia.

A inovação aplicada a um paciente de 27 anos, que perdeu a mobilidade do membro superior devido a um acidente de trânsito, concentrou-se na restauração do movimento da mão. Isso tornou a operação, conhecida como “Transferência da raiz C7 contralateral”, complexa. O paciente perdeu a capacidade de movimentar e sentir todo o braço esquerdo, uma condição diagnosticada como “Lesão Total do Plexo Braquial”.

O cirurgião explicou que o Plexo Braquial é formado pelas raízes C5, C6, C7, C8 e T1, que saem da coluna cervical e fornecem os nervos responsáveis pelo movimento e sensibilidade do braço. Neste tipo de lesão, ocorre um estiramento dessas raízes, resultando em sua ruptura da medula espinhal, o que afeta significativamente o paciente.

Para trazer essa técnica inovadora ao HSV, o Dr. Hirata viajou para o exterior, onde teve vivências com especialistas em Plexo Braquial. Foram três dias na Espanha, com o Dr. Alain Gilbert, e 17 dias em Pune, na Índia, com o Dr. Anil Bhatia, referência na técnica.

O procedimento

O procedimento cirúrgico envolve a transferência de uma raiz nervosa não afetada, a C7 contralateral, para o lado afetado do paciente. Esta transferência ocorre entre a coluna cervical e o esôfago, reduzindo a distância e eliminando a necessidade de enxertos. Após cerca de um ano, o nervo transferido começa a crescer no novo local, restaurando assim a movimentação da mão.

“Ficamos muito satisfeitos com a cirurgia. Não houve intercorrências”, pontuou o Dr. Hirata após as oito horas de trabalho.

Ele contou com a participação de três residentes do HSV, Dr. Leonardo Leite, Dr. Alfredo Moreira e Dr. Tiago Bianchi; uma equipe de especialistas em cirurgia de mão, Dr. Samuel Ribak, chefe do Grupo da Mão da PUC-Campinas, Dr. Marcelo Castro, Dr. Eduardo Segura, Dr. Guilherme Salgado e Dr. Felipe Burgos, em conjunto com o Dr. André Nimtz, da área de cabeça e pescoço, o médico ortopedista, que concluiu sua residência na Instituição, Giovani Vasques, e a médica anestesista Dra. Lívia Maria Lima da Silva.

Hospital São Vicente na vanguarda

Para o Dr. Hirata, a realização deste procedimento no HSV marca um avanço significativo no tratamento da Lesão Total do Plexo Braquial. Ele enfatizou que, no passado, essa lesão frequentemente resultava em amputação ou uso de próteses, mas agora, com essa técnica avançada, é possível restaurar a função do membro superior.

“O Hospital São Vicente tem condições, material e, agora, a habilidade. Isso coloca a instituição na posição de vanguarda em termos de reconstrução do Plexo para a função da mão”, disse.

Além de posicionar o HSV na vanguarda da reconstrução do Plexo Braquial, a técnica introduzida pelo Dr. Hirata representa uma oportunidade única para os profissionais da instituição, como o residente em ortopedia, Leonardo Leite, que destacou a importância de aprender e se beneficiar com essa técnica inovadora.