The Last Of Us em sala de aula
Foto: Arquivo Pessoal

Em The Last of Us, um fungo toma o controle da humanidade e transforma pessoas em criaturas assustadoras. Em Várzea Paulista, a história é outra, com um protagonista apaixonado por ciência e desafios. 

Leonardo Acorinti Colagrossi, 29 anos, professor de Ciências e Biologia na escola Mitiharu Tanaka, usou o jogo como ponto de partida para despertar a curiosidade dos alunos e mostrar que a biologia pode ser tão envolvente quanto um bom enredo de videogame.

“Gosto de jogar vídeo game desde criança e o vejo como um recurso pedagógico muito interessante, pois podemos aprender e nos divertir ao mesmo tempo. Como sempre gostei de aplicar metodologias ativas em sala, vejo que com os games conseguimos aprender de uma forma divertida e desafiadora”, conta o educador ao Tribuna de Jundiaí.

Fungos, pandemias e filosofia na mesma aula

Na sala de aula de Leonardo, o controle do videogame dá lugar ao debate científico. The Last of Us serve como ferramenta para abordar temas como a diversidade dos fungos e sua importância no equilíbrio ambiental.

“O jogo The Last of Us está conectado com o tema relacionado à diversidade dos fungos e nele podemos ter a dimensão da variedade fúngica que temos em nosso planeta, como o Cordyceps, que é um fungo real e foi adaptado para a série a fim de demonstrar como seria sua infecção em seres humanos”, explica.

Com a mesma naturalidade com que Joel e Ellie enfrentam os desafios do jogo, os alunos de Leonardo mergulham em discussões sobre morfologia, comportamento dos fungos, pandemias e mudanças climáticas. O game também abre espaço para diálogos interdisciplinares.

“Podemos trabalhar tanto a área da biologia como morfologia e comportamento dos fungos, pandemias e mudanças climáticas. Além disso, pode-se trabalhar matérias como a filosofia, utilizando conceitos como ética e moral para lidar com as situações do jogo”, destaca.

Quebrando preconceitos e conquistando atenção

Mesmo com bons resultados, o professor reconhece que o uso de games ainda enfrenta resistência. “[Os games] ainda são vistos como uma aula sem importância por se tratar de jogos, ou uma aula somente para brincar. Por isso, temos que introduzir muito bem o assunto e a temática para assim chegar na prática de gamificação”, comenta.

Para ele, o segredo é falar a língua dos alunos. “Com os jogos podemos nos comunicar com os alunos dentro de sua própria linguagem. Além deles, também gosto de trabalhar com animes, séries e filmes de seu interesse. Com isso, trazemos para sua realidade a matéria a ser estudada.”

Quando o ensino nasce da paixão

Engajado e criativo, Leonardo acredita que ensinar com propósito começa ao unir paixão e conteúdo.

“A dica é trabalhar com o que você gosta e que faça sentido para você. Todas as iniciativas que tenho são de coisas que realmente gosto e trago para o contexto escolar, desde jogos até dinâmicas, experimentos e outros tipos de aulas práticas. A dica é não ter medo de tentar, buscar e inovar. Mesmo com tantos desafios na escola pública, quando trago algo que é de interesse dos alunos, tenho um ótimo resultado”, conclui.

De The Last of Us às experiências práticas, o professor mostra que educar também é contar boas histórias e que, quando o aprendizado desperta emoção, o conhecimento se torna inesquecível.