Lula e Trump
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O governo dos Estados Unidos anunciou uma flexibilização em suas tarifas sobre produtos brasileiros. Apesar do gesto diplomático, autoridades brasileiras alertam que o impasse comercial permanece e que o caminho até uma normalização completa ainda será longo.

Para o g1, o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, afirmou que, mesmo com sinais positivos vindos de Washington, a “sobretaxa de 40%” continua sendo um entrave importante para diversas exportações nacionais. Ele declarou que o governo brasileiro “continuará trabalhando” para ampliar a redução das tarifas impostas durante a gestão de Donald Trump.

“A última ordem executiva do presidente Trump foi positiva e na direção correta. Foi positiva. Vamos continuar trabalhando. Conversa do presidente Lula com Trump foi importante no sentido da negociação e, também, a conversa do chanceler Mauro Vieira com o secretário Marco Rubio”, disse o vice-presidente.

Alckmin destacou que a distorção precisa ser corrigida: “Todo mundo teve 10% a menos. Só que, no caso do Brasil, que tinha 50%, ficou com 40%, que é muito alto. Você teve um setor muito atendido que foi o suco de laranja. Era 10% e zerou. Isso é US$ 1,2 bilhão. Então zerou, ficou sem nenhum imposto. O café também reduziu 10%, mas tem concorrente que reduziu 20%. Então esse é o empenho que tem que ser feito agora para melhorar a competitividade.”

Segundo o vice-presidente, a flexibilização anunciada por Trump nesta sexta-feira elevou de 23% para 26% o percentual das exportações brasileiras que não sofrem sobretaxas adicionais, o equivalente a cerca de US$ 10 bilhões em produtos agora livres de tarifas extras.

A equipe econômica brasileira avalia, porém, que a medida ainda está longe de solucionar o problema estrutural criado pelas sobretaxas desde 2020. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, a manutenção de tarifas tão altas, mesmo após o corte recente, impacta setores estratégicos, como o agronegócio e a indústria de transformação, reduzindo a competitividade do Brasil frente a concorrentes que receberam reduções tarifárias mais vantajosas.

Exportadores veem riscos e oportunidades

Para o setor exportador brasileiro, a flexibilização pode abrir uma janela de oportunidade, especialmente para produtos beneficiados pela redução e eliminação de tarifas, como o suco de laranja. No entanto, a permanência de sobretaxas de 40% sobre boa parte das exportações exige atenção redobrada.

Especialistas defendem que o Brasil aproveite o momento para diversificar mercados, ampliar acordos comerciais e acelerar ações de competitividade internacional. Afinal, mesmo diante de sinais positivos, o ambiente global permanece imprevisível.