Menina bebendo água
Foto: Canva Pro

Neste Dia Mundial da Água, o UNICEF chama atenção para 2,1 milhões de crianças e adolescentes que vivem sem acesso à água potável no Brasil. Os dados são de uma análise do UNICEF com base no Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim, as informações trazem um alerta sobre a urgência de investimentos para garantir o acesso adequado ao recurso a todos, sem exceção.

“Ter acesso seguro à água potável ­é um direito humano fundamental – indispensável para a promoção e a manutenção da qualidade de vida”, explica Rodrigo Resende, Oficial de Água, Saneamento e Higiene do UNICEF no Brasil. “A privação desse direito afeta diretamente o bem-estar e o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes, comprometendo também a efetivação de outros direitos, como alimentação adequada, saúde e educação. O acesso ao recurso é, portanto, essencial para a redução das desigualdades e da pobreza.”

Falta de acesso a água para população vulnerável

De acordo com os dados do Censo, a falta de água potável afeta de forma mais intensa as populações em situação mais vulnerável. Em especial negros, indígenas e moradores das regiões Norte e Nordeste. No Brasil, o percentual de crianças e adolescentes negros sem acesso adequado à água é o dobro do de brancos – 4,7% versus 2,2%, respectivamente. Já entre crianças e adolescentes indígenas, esse percentual é 11 vezes maior do que o de brancos (25%). Os 15 Estados com maiores percentuais de crianças e adolescentes sem água potável estão no Norte e Nordeste do País.

“A crise climática é também uma crise de acesso à água. Os números representam a quantidade crítica de crianças e adolescentes que estão sem acesso à água segura para beber, preparar alimentos e fazer a higiene adequada, o que fere seus direitos e prejudica sua saúde, levando ao risco de contrair doenças, como diarreia aguda”, afirma Rodrigo Resende.

A OMS de 2016 mostrou que 20% das mortes de crianças abaixo de 5 anos, por ano, no mundo, têm como causa diarreia. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz de 2022 estimou que crianças indígenas têm 14 vezes mais chances de morrer por diarreia, comparado com outros grupos populacionais.

Acesso a água nas escolas 

Além disso, os desafios de acesso à água se refletem nas escolas. De acordo com o Censo Escolar 2023, no Brasil, 1,2 milhão de estudantes estão matriculados em 7,5 mil escolas públicas sem acesso à água potável. Entre eles, 224 mil meninos e meninas estão em 3 mil escolas em que o acesso à água é inexistente.

O acesso precário ou inexistente a água pode gerar uma série de problemas que prejudicam o desenvolvimento de meninas e meninos em idade escolar, levando ao risco de doenças, abandono ou atraso escolar e aumento das desigualdades.

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