Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Maurício Marques tem 43 anos e começou a praticar o levantamento de peso para combater um mal que aflige milhões de pessoas: a obesidade. Morador em Louveira, ele levou tão a sério o desafio que três anos depois já alcançou o bicampeonato paulista e brasileiro de Power Lifting GPC (Levantamento de Força, em inglês).

O esporte é voltado para a demonstração da força dos competidores numa série de testes, de diferentes formas. No Power Lifting, por exemplo, a prova envolve o agachamento, o supino e o levantamento de peso propriamente dito. No Strongman (Homem Forte), a missão é erguer, arrastar e empurrar objetos extremamente pesados, conciliando a força, resistência, habilidade e velocidade.

Ele ressalta quanto a modalidade é difícil e os sacrifícios feitos para poder disputar as provas. “O maior desafio é o lado financeiro, já que não é barato uma preparação para competir. Infelizmente, também, não é fácil conseguir patrocínio e depois vem os treinos, que são exaustivos e dolorosos. No final, quando você conquista o objetivo, tudo vale a pena”.

Medalhas conquistadas por Maurício durante a curta carreira como atleta de força (Foto: arquivo pessoal)

A atual categoria de Maurício é a Master 1, que envolve competidores com idades entre 40 e 44 anos e pesagem limitada de 110 a 120 quilos.

Mas a preparação para esse esporte não é nada fácil. A alimentação, inclusive, faz jus ao físico avantajado dos atletas e chega a assustar pela quantidade. Em períodos de competição, por exemplo, eles podem ingerir até 15 mil calorias diárias – uma pessoa “normal” consome, em média, 2 mil diariamente. Os atletas, geralmente, justificam as quantidades exorbitantes pelo alto gasto calórico durante a prática dos exercícios de Strongman.

“Basicamente a dieta pré-competição é rica em carboidratos e proteínas, além de muita água. No processo de preparação, passo a controlar o consumo de carboidratos para não passar do peso da minha categoria”, conta Maurício, que tem 1,82 metro de altura e 114 quilos.

maurício numa das participações em competições pelo país (aRQUIVO PESSOAL)

E como todo esporte que requer mudança física e corporal, Maurício conta como as pessoas o enxergam. “Quem não conhece o esporte e me vê treinando, acha que sou louco. Aí digo que sou campeão paulista e brasileiro”, afirma.

O competir também explica a diferença entre os atletas desta modalidade. “Muitas vezes, os atletas de força são confundidos com fisiculturistas e com levantadores de peso básico (powerlifters), mas há diferenças. Nas competições de fisiculturismo, é privilegiada e avaliada a estética corporal. Já os levantadores de peso básico, apesar de fortes, nem sempre possuem as técnicas necessárias para levantar pedras, rodas ou outros objetos com formas irregulares”.

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Perguntado se já teve de usar a força para se defender, Maurício foi taxativo: “Graças a Deus nunca precisei, mas se for necessário não pensarei duas vezes”.

Paciência e suor

Como todo esporte, principalmente para iniciantes, o Strongman começa pelas cargas nos levantamentos básicos. Também é preciso não se descuidar dos protocolos de treinamento que mantenham e aumentem a resistência cardiovascular, dentro das demandas específicas. “Para quem quer começar neste esporte, aconselho procurar conhecer a categoria e sempre trabalhar com um educador físico, para ajudá-lo na preparação. Além disso, tudo requer muita paciência já que a técnica e força se adquire com o tempo”.

O título mais recente foi de campeão brasileiro pela GPC, conquistado dia 9 de julho, em São Vicente (SP). Agora, o competidor de Louveira quer mais: a Strongman, o Sul-Americano e o Mundial de Power Lifting. A próxima competição que ele participará será o Paulista de Power Lifting pela IPF, que acontece em Jundiaí, mais especificamente na CRF Kerberos, de 4 a 7 de setembro.