
Na última segunda-feira (12), o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) expressou, por meio de uma nota, seu repúdio em relação à apresentação da escola de samba Vai-Vai, ocorrida no Sambódromo do Anhembi em São Paulo, durante a noite de sábado (10). A crítica centra-se no enredo da escola, que, segundo o Sindpesp, ridicularizou a imagem de agentes da lei, especialmente na parte denominada “Sobrevivendo no Inferno”, que utilizou adereços com chifres aludindo a demônios, associando negativamente à polícia. Tal representação gerou profundo descontentamento no sindicato.
O Sindpesp argumenta que o samba enredo constitui uma ofensa direta às forças de segurança pública, depreciando e desonrando de maneira grave os profissionais dedicados à proteção da sociedade e à luta contra o crime, frequentemente em condições adversas e arriscadas. A utilização do Carnaval para veicular uma mensagem que, na visão do sindicato, inverte valores morais e menospreza os agentes da lei é profundamente lamentada.
A instituição reitera sua discordância com a manifestação e expressa sua solidariedade aos trabalhadores da área de segurança pública, classificados como verdadeiros heróis dignos de reconhecimento e respeito.
Por outro lado, a Vai-Vai esclareceu que seu enredo tinha o objetivo de ser um manifesto crítico à percepção de cultura em São Paulo, destacando a exclusão de expressões culturais como o hip hop. O desfile pretendia valorizar artistas marginalizados, citando eventos históricos significativos, como a Semana de Arte de 1922 e o lançamento do influente álbum “Sobrevivendo no Inferno” dos Racionais MCs em 1997. Segundo a escola, a homenagem pretendia ressaltar questões sociais críticas refletidas no álbum e não promover ataques ou provocações.
A Vai-Vai argumentou que, ao incluir o álbum e sua temática no contexto histórico apropriado dentro do enredo, buscava reconhecer a relevância cultural e social do hip hop e dos Racionais MCs, em meio a um período marcado por desafios significativos para a segurança pública e a marginalização dos precursores do hip hop no Brasil.