
O X, rede social anteriormente conhecida como Twitter, anunciou neste sábado (17) o fechamento de seu escritório no Brasil. O anúncio foi feito por meio de um post na própria plataforma. A empresa, controlada por Elon Musk, responsabilizou diretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pela decisão de encerrar suas operações no país.
Segundo o perfil oficial de relações governamentais do X, Alexandre de Moraes teria ameaçado prender o representante legal da empresa no Brasil. A rede social divulgou a seguinte mensagem: “Noite passada, Alexandre de Moraes ameaçou nosso representante legal no Brasil com prisão se não cumprirmos suas ordens de censura. Ele fez isso em uma ordem secreta, que compartilhamos aqui para expor suas ações.”
Para proteger a segurança da equipe no Brasil, o X decidiu encerrar suas operações no país com efeito imediato. Apesar disso, a empresa garantiu que o serviço da rede social continuará disponível para os usuários brasileiros.
Em outro comunicado, a plataforma lamentou a situação e voltou a culpar o ministro do STF: “Estamos profundamente tristes por termos sido forçados a tomar essa decisão. A responsabilidade é exclusivamente de Alexandre de Moraes. Suas ações são incompatíveis com um governo democrático. O povo brasileiro tem uma escolha a fazer – democracia ou Alexandre de Moraes.”
Contexto: multa e decisões judiciais do “Twitter”
O conflito entre o X e o STF se intensificou após uma decisão tomada na última quinta-feira (15) pelo ministro Alexandre de Moraes. Ele aumentou de R$ 50 mil para R$ 200 mil a multa diária imposta à rede social por descumprir uma ordem judicial. A determinação exigia que o X bloqueasse o perfil do senador Marcos do Val (PL-ES) e outros investigados. De acordo com o gabinete do ministro, a ordem não foi cumprida pela plataforma.
As sanções fazem parte das investigações sobre os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro. Na terça-feira (13), o senador Marcos do Val teve suas contas bancárias bloqueadas até o valor de R$ 50 milhões e suas redes sociais foram alvos de bloqueio. A medida foi divulgada pelo próprio parlamentar em postagem na plataforma.
Na decisão, Moraes alertou que o novo descumprimento poderia configurar crime de desobediência, colocando o representante legal do “ex-Twitter” no Brasil em risco de prisão.
Marcos do Val classificou as medidas impostas contra ele como perseguição política: “Essa ação não pode ser interpretada de outra forma senão como uma clara e flagrante demonstração de perseguição política. Não há base legal ou lógica que sustente tal medida, evidenciando que o objetivo não é outro senão o de tentar silenciar e prejudicar um parlamentar em pleno exercício de suas funções. É um ataque ao direito e à democracia, que não pode ser ignorado.”
Elon Musk, proprietário do X, também se manifestou sobre o caso. Em uma publicação na plataforma, o bilionário chamou de censura as decisões judiciais que exigem o bloqueio de contas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
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