
O que acontece quando você mistura uma amizade de anos com um amor compartilhado por animais? Eis a resposta: uma ONG que muda vidas todos os dias. Neste Dia Nacional dos Animais, o Tribuna de Jundiaí conta a história da Valéria, da Adriana e do Brechó Maria Chica.
Adriana chegou há 20 anos no bairro Champirra, em Jundiaí, e foi lá que conheceu a amiga e agora sócia, Valéria. O amor que ambas tinham por animais as aproximou ainda mais. “Ela foi minha primeira amiga e a gente sempre resgatava, castrava. Sempre fizemos isso, na verdade é uma coisa que já vem da nossa infância”, conta Adriana.
Ela disse que as duas cuidavam dos animais que resgatavam com o próprio dinheiro, quando trabalhavam como gerentes de loja. Em algumas ocasiões, conseguiam auxílio da Prefeitura de Jundiaí. Em 2017, ambas pediram demissão do trabalho, mas continuaram ajudando os animais de rua.
Foi então que Adriana teve a ideia que mudaria a vida das amigas: “Por que a gente não faz um bazar para poder juntar dinheiro e ajudar mais animais?” Foi a partir desta conversa que nasceu o Maria Chica. Em uma casa alugada no mesmo condomínio em que moravam, as amigas abriram o brechó. “Nós abrimos aqui no bairro e a gente ficou em torno de uns seis, sete meses por aqui. Deu super certo.”
A princípio, a casa era apenas para o brechó, mas então os animais foram chegando, ficando… o número foi crescendo e, então, os problemas começaram.
Transição complicada
Alguns meses depois da criação do Maria Chica, Adriana e Valéria receberam uma notícia que complicaria o trabalho: a proprietária da casa usada pela ONG pediu a residência. Além disso, Adriana conta que o espaço começou a ficar pequeno para os animais.
Além dos bichinhos que a dupla resgatava, elas também passaram a receber animais deixados ali por outras pessoas. “Achavam que a ONG tinha obrigação de ficar com os animais. Largavam lá, prometiam mundos e fundos que iam ajudar com ração, com isso, com aquilo… e nunca mais apareciam”, desabafa Adriana.
Com o tempo, elas conseguiram doar os 16 animais que estavam na casa. Adriana ainda ficou com um e Valéria com dois dos cachorrinhos resgatados. Mas o sonho não acabou por aí. Na verdade, foi só o começo. Depois de perder a casa, decidiram levar o brechó da Maria Chica para o Centro de Jundiaí.

Outros planos, mesma motivação
Como não tinham mais um local fixo para abrigar animais abandonados, a dupla descobriu outras formas de ajudar os bichinhos. Agora, a ONG procura constantemente por lares temporários, famílias que abrigam os animais até que consigam encontrar uma casa fixa.
Além disso, com o apoio de clínicas veterinárias parceiras, a Maria Chica ajuda muitos animais com castração e cirurgias de emergência, com custo mais baixo.
Outra vertente muito forte da Maria Chica é a arrecadação e doação de rações para os animais que estão em lares temporários. O alimento arrecadado e comprado também é doado para outras instituições que resgatam animais. “Nosso limite no abrigo eram 20 cachorros. Hoje a gente ajuda 53 cachorros e mais de 40 gatos. Porque eles têm os lares que a gente acaba ajudando”. Mas Adriana conta que não é nada fácil.
“O brechó é para poder tirar nossos custos fixos, de gasolina, com a ONG, e para pagar as contas de veterinário. Estamos sempre no negativo, sempre devendo”, conta, rindo. Adriana contou ao Tribuna uma das histórias mais recentes que passaram pela ONG: o caso de uma cadela de 10 anos de idade, que foi atropelada.
“A gente assumiu o caso: fizemos tudo, pagamos tudo. Depois de ela recuperada, fomos devolver para a família, mas a família disse que não queria mais”. Depois de passar por vários lares temporários, conseguiram finalmente um lar definitivo e cheio de amor para a cadelinha. Veja:
Ajuda extra na pandemia
Mesmo com a chegada da pandemia do novo coronavírus na cidade, e os impactos sociais e econômicos que trouxe, a ONG não parou. Adriana relata como vem sendo importante a ajuda que dão à famílias da cidade que estão em vulnerabilidade neste período tão difícil.
“Às vezes as pessoas não tem nem o que comer, quem dirá dar ração para os cachorros. A gente tem vários pedidos neste sentido. Tirando as castrações, que é o nosso foco principal”, conta. Atualmente, todos os lares temporários que colaboram com a ONG estão lotadas.
Além de ajudas externas, a Maria Chica ainda tem duas voluntárias que ajudam Adriana e Valéria com conteúdo para mídias sociais e arrecadação de doações: a Giulia e a Elis.

Enquanto isso, as amigas idealizadoras do projeto dividem a rotina entre ficar na loja e realizar as visitas e acompanhamento de todos os animais resgatados. “Nós vamos nos locais, vemos se tem algum para castrar, se tem algum doente, como está a vacinação, leva ração. Não é simplesmente dar, a gente acompanha esses animais, e vai atrás, principalmente, para adoção. Tem muita gente que busca a gente para adotar.”
Campanha de doação
A ONG e Brechó Maria Chica criou uma campanha para a arrecadação de doações, para que o trabalho em prol da causa animal continue na ativa. As doações podem ser tanto de roupas, acessórios, calçados e itens de decoração para o bazar, quanto ração ou em dinheiro, para o pagamento de procedimentos veterinários e castrações.
O Bazar da ONG fica na rua Rangel Pestana, número 925, no Centro. Os telefones para contato são: (11) 99589-1286 – Valéria ou (11) 99205-4477 – Adriana.
Você também pode acompanhar as ações, adoções e outras campanhas pelo Instagram @ongbrechomariachica.