polícia militar racismo

Um ataque cibernético racista durante palestra internacional proferida por um tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo causou revolta, ontem (9) à noite. Responsável pelo programa de combate ao racismo desenvolvido pela PM, o oficial Evanilson de Souza, que é negro, foi obrigado a interromper a apresentação depois que o slide acabou violado por um hacker – que escreveu a palavra “macaco” na tela compartilhada.

A conferência internacional virtual foi organizada pelo Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP). “O convite foi feito pela universidade para explanar sobre o programa da PM de combate ao racismo estrutural, a conscientização dos policiais e como eles devem agir em casos deste tipo. Fiz uma apresentação e logo no início houve um ruído no áudio. No slide inicial, surgiu uma inscrição com a palavra ‘macaco’. Avisei que não estava controlando mais a tela e o coordenador do curso pediu para o pessoal da técnica remover. Eles conseguiram, mas foi escrito novamente”, explicou o tenente-coronel, em entrevista à rádio CBN.

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Como não foi possível a remoção do hacker da palestra, houve a necessidade de criar uma nova plataforma. No momento, segundo Souza, havia pelo menos 60 a 70 acessos, alguns formados por grupos de alunos brasileiros e de outros países – no total, o cálculo feito pelo oficial é que até 2,5 mil alunos puderam ter acesso ao material exibido.

“O que aconteceu ali foi a materialização na aula do que falamos que o negro sofre no dia a dia. Hoje eu completo 51 anos de idade e tudo isso vem à mente neste instante. Não há negro no Brasil que não tenha passado por situação semelhante em casos de discriminação. Minha esposa é branca e estava acompanhando a palestra junto com minha filha. Ela nunca tinha presenciado uma situação dessa tão clara e ficou revoltada”.

A Polícia Militar emitiu uma nota de repúdio aos ataques racistas sofridos pelo tenente-coronel Evanilson de Souza, que é membro do grupo que faz a revisão do Manual de Direitos Humanos da PM paulista.