Foto: franticstudio/Canva
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O consumo de bebidas alcoólicas contaminadas com metanol em São Paulo criou um alerta crítico entre autoridades de saúde, especialistas e entidades médicas. Nos últimos dias, três pessoas morreram após ingerirem destilados adulterados, enquanto outras permanecem internadas em estado grave.

Logo após o incidente, um jovem relatou cegueira temporária após consumir gin em uma adega na região metropolitana; o amigo dele está em coma desde o final de agosto.

As investigações apontam que as garrafas tinham lacres aparentemente intactos, o que reforça a suspeita de falsificação sofisticada. Durante operações, a fiscalização apreendeu 117 garrafas sem rótulo ou sem comprovação de origem em estabelecimentos da capital e do interior paulista. Há ainda a suspeita de que o metanol utilizado tenha sido importado ilegalmente por facções criminosas.

O que é o metanol e por que ele é tão perigoso

Diferente do etanol — o álcool presente nas bebidas alcoólicas comuns — o metanol é uma substância extremamente tóxica ao organismo humano. Utilizado na indústria química e em solventes, ele se converte, ao ser metabolizado, em formaldeído e ácido fórmico. Essas substâncias atacam principalmente olhos, rins, fígado e o sistema nervoso central. Mesmo pequenas quantidades ingeridas podem causar cegueira, coma ou morte.

De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas iniciais de intoxicação por metanol podem aparecer horas após a ingestão. Além disso, muitas vezes, é possível confundi-los com uma ressaca comum. Fique atento aos sinais de alerta:

  • Visão turva ou embaçada;
  • Dor de cabeça intensa;
  • Náuseas e vômitos;
  • Dor abdominal;
  • Dificuldade para respirar;
  • Sonolência ou confusão mental.

Casos graves podem evoluir para acidose metabólica, convulsões e falência múltipla de órgãos.

Resposta médica e protocolos de atendimento

A detecção precoce da intoxicação por metanol é essencial para a eficácia do tratamento. Os protocolos incluem a administração de antídotos como etanol ou fomepizol, que competem com o metanol e evitam sua conversão em substâncias tóxicas. Em casos críticos, recorre-se à hemodiálise, que remove o álcool e seus metabólitos do sangue.

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia emitiu um alerta sobre o risco coletivo desse surto. Associações de bebidas reforçam a necessidade de fiscalização rigorosa, uma vez que os produtos adulterados chegam ao consumidor por meio de canais aparentemente confiáveis.

Prevenção e alerta à população

O Ministério da Saúde orienta que qualquer caso suspeito de intoxicação por metanol seja imediatamente notificado às autoridades. O governo federal acionou o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, além de Procons e unidades de saúde, para acompanhar a situação.

Enquanto as investigações continuam, especialistas recomendam que o consumidor compre bebidas apenas em locais confiáveis, verifique rótulo, lacre e procedência dos produtos; e procure atendimento médico urgente ao apresentar sintomas após consumir álcool.