Taça de coquetel azul com gelo, borda de sal e fatia de limão, simbolizando consumo de bebidas alcoólicas e os riscos de intoxicação por metanol.
Foto: Pexels/Canva

O aumento de ocorrências suspeitas de intoxicação por metanol em São Paulo acendeu o alerta das autoridades de saúde. A principal suspeita é a adulteração de bebidas alcoólicas por destilarias clandestinas e falsificadores. Até o momento, já foram registradas 60 notificações suspeitas no país, 11 delas confirmadas em São Paulo. Em Jundiaí, um caso foi confirmado nesta sexta-feira (3) pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) de Campinas, e segue acompanhado pela Vigilância Epidemiológica local.

O perigo invisível do metanol

O metanol é um álcool semelhante ao etanol, presente nas bebidas comuns, mas extremamente mais tóxico. Incolor, inflamável e com odor parecido ao do álcool tradicional, é praticamente impossível de ser identificado a olho nu.

“O foco está nas bebidas destiladas, sendo o maior risco em bebidas incolores, que podem parecer inofensivas e, no entanto, podem estar contaminadas com metanol”, explica o médico Frederico Michelino, do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV).

Segundo ele, os principais sintomas incluem confusão mental, sonolência, tontura, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, convulsões e alterações visuais, como a perda da percepção das cores. “Esses sinais podem surgir até 6 horas após a ingestão da bebida adulterada pelo metanol”, detalha.

No organismo, o metanol se transforma em ácido fórmico, capaz de causar lesões graves no nervo óptico, alterações neurológicas e até a morte. “Pequenas quantidades já podem ser fatais, e por isso qualquer suspeita deve ser levada a sério”, alerta o endocrinologista Ramon Marcelino, do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC-FMUSP).

Diferença entre ressaca e intoxicação

Especialistas reforçam que é essencial saber diferenciar uma ressaca comum da intoxicação grave.

“O tempo de aparecimento dos sintomas é uma das pistas mais importantes. Enquanto a ressaca aparece logo após o consumo excessivo de álcool, os sinais da intoxicação por metanol surgem geralmente entre 12 e 24 horas depois”, explica Marcelino.

Entre os sintomas que exigem atenção estão:

  • Comprometimento visual (visão borrada, manchas escuras ou cegueira, parcial ou permanente);
  • Dor abdominal intensa ou desconforto gástrico;
  • Disfunções neurológicas, como confusão mental, dor de cabeça intensa, tremores ou até coma;
  • Complicações cardiovasculares, como infarto (mais raras).

“Se após 12 horas a pessoa ainda apresenta sinais de embriaguez, confusão mental ou alterações visuais, não deve atribuir apenas à ressaca. É fundamental procurar imediatamente um pronto-socorro”, reforça o especialista.

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Como reduzir o risco

O Ministério da Saúde recomenda que casos suspeitos sejam notificados imediatamente, reforçando a vigilância em todo o país. Enquanto o problema não é controlado, a orientação é reduzir ao máximo o consumo de álcool.

Para quem ainda assim for consumir, os especialistas orientam:

  • Não comprar bebidas de origem duvidosa, vendidas em ruas ou festas sem fiscalização;
  • Dar preferência a produtos lacrados e adquiridos em estabelecimentos com alvará da Vigilância Sanitária;
  • Evitar aceitar drinks de origem desconhecida, mesmo em festas entre amigos;
  • Sempre que possível, levar informações sobre a bebida ingerida ao procurar atendimento médico.

O endocrinologista ainda chama atenção para os riscos do binge drinking – consumo de grande quantidade de álcool em pouco tempo. “Mais de quatro doses para mulheres ou cinco para homens em cerca de duas horas”, alerta.

Atendimento em São Paulo

Em Jundiaí, o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo já implementou protocolos específicos de atendimento, alinhados às diretrizes do Centro de Vigilância Sanitária e Epidemiológica. O fluxo inclui triagem rápida, monitoramento contínuo, exames laboratoriais direcionados e intervenções terapêuticas imediatas.

“Evite compartilhar bebidas ou aceitar drinks de origem desconhecida, mesmo em festas com amigos, já que o risco permanece o mesmo. Sempre que possível, leve informações sobre o que foi ingerido ao serviço de saúde, pois detalhes sobre a bebida ajudam na escolha do tratamento mais adequado”, finaliza Michelino.

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