
O número de mortes e a taxa de transmissão do Covid-19 tem caído cada vez mais, sendo que as menores desde que começou a ser medida e a vacinação tem acelerado, mas mesmo assim, o uso de máscara continua sendo essencial no combate à pandemia no Brasil.
Com base em especialistas, o G1 listou cinco motivos para continuar usando a proteção:
Transmissão pelo ar
Atualmente, há um consenso entre os especialistas que o contato é responsável por uma parcela muito pequena das contaminações, já que estudos mostram que a principal forma de transmissão do vírus ocorre pelo ar, por meio de aerossóis, partículas bem pequenas que permanecem flutuando e se acumulam quando estão em ambientes com pouca ventilação.
Por isso, o foco da prevenção deve ser em não compartilhar o ar com outras pessoas. “Tem um cuidado que deve nortear as nossas decisões: é ao ar que você respira. Álcool gel, lavagem de mãos, têm o seu papel, claro. Mas o ponto determinante é o ar. Não dividir o ar com as outras pessoas”, afirma a epidemiologista Denise Garrett, que trabalhou mais de 20 anos no Centro de Controle de Doenças (CDC) do Departamento de Saúde dos EUA.
Ambientes fechados e com aglomeração
Nos lugares abertos e sem aglomeração, onde há boa ventilação, por exemplo, o risco de transmissão é muito baixo e a máscara pode nem ser necessária, mas em ambientes fechados, mal ventilados, como em transporte público, a máscara é essencial. É a única forma de garantir que não há troca de aerossóis com outras pessoas contaminadas e também de não contaminar ninguém. “No dia que você tem que ir ao médico, lugar altamente exposto, você usa sua melhor máscara, de preferência uma PFF2”, explica Fernando Morais, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP).
Vacina não impede transmissão
As vacinas aplicadas no Brasil reduzem significativamente a possibilidade de a pessoa imunizada ter a forma grave ou morrer de Covid-19, e a eficácia mínima é de 75%. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), elas funcionam inclusive contra a variante delta, mais transmissível.
A imunização, no entanto, não é 100% eficaz. É necessário que uma parcela alta da população esteja vacinada para que a pandemia seja realmente controlada. Ainda não se sabe exatamente o percentual, mas tudo indica que seja um patamar acima de 70%. E, hoje, nem metade da população brasileira está totalmente imunizada.
Além disso, a vacina não evita a transmissão do vírus para outras pessoas, que podem não estar totalmente imunizadas ou ter uma saúde mais frágil. “Enquanto a vacina contra a Covid-19 evita doença grave e morte, nós ainda não sabemos o quanto ela evita que você transmita o vírus a outros”, diz a OMS.
“Embora de grande importância, a vacinação não pode ser tratada como a única medida necessária para interromper a transmissão do vírus entre a população”, afirma um boletim assinado por 10 especialistas da Fiocruz.
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Sequelas da Covid-19
Estudo da Universidade de São Paulo mostra que 60% dos pacientes que foram internados ainda têm algum tipo de sequela um ano depois da alta. Cientistas acabam de detectar mais uma provável complicação de longo prazo da Covid-19: problemas cognitivos que prejudicam a memória, o raciocínio e a capacidade de resolução de problemas.
Ou seja, se proteger da doença, mesmo vacinado, ainda é fundamental. “O serviço de urgência e emergência vai sofrer muita pressão. Vai ter agravamento de comorbidades dos sobreviventes da Covid, a desassistência provocada pela restrição de acesso a pacientes que não foram ao hospital porque tinham medo, doenças psicossomáticas, condições crônicas agudizadas”, afirma Suzana Lobo, diretora-presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
Novas variantes
Novas mutações do vírus Sars-CoV-2 são esperadas. Isso é um comportamento comum – porque, à medida que o vírus se espalha, ele pode sofrer muitas modificações genéticas. A maioria tem pouco ou nenhum impacto nas características do vírus. Mas algumas mudanças podem influenciar, por exemplo, a capacidade do vírus de se propagar ou na eficácia das vacinas.
Uma das mais recentes, batizada de “mu”, foi identificada pela primeira vez na Colômbia, mas já está no Brasil. Usar a máscara e evitar a circulação do vírus, portanto, é fundamental para frear a pandemia. “É muito simples: mais transmissão, mais variantes. Menos transmissão, menos variantes”, diz o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.