
Quem passa pela área central de Jundiaí já deve ter reparado naquele toldo preto, com o número 28 em vermelho e a sigla CBCRJ: Esse é o Clube 28 de Setembro. O centro cultural foi inaugurado no dia 1º de janeiro de 1895, a partir da iniciativa de um grupo de ferroviários negros, que se uniram para fundar uma agremiação para entretenimento, educação, assistência e cultura.
A organização nasceu da união das sociedades Clube 28 de Setembro e do Clube Recreativo Jundiaiense, fundado em 1934. Assim, há 150 anos, o Clube Beneficente Cultural e Recreativo Jundiaiense é referência de resistência e luta contra a discriminação racial, e se tornou um centro de entretenimento que reflete a cultura negra.

Grande parte da história do 28 não é tão conhecida, principalmente por estar localizada em uma região até então predominantemente habitada por descendentes de italianos. Por isso, a cultura negra não tinha tanta representatividade conhecida (e apreciada).
Dos bailes à sala de aula
O Clube 28 de Setembro já recebeu milhares de pessoas para suas diversas atrações. Além dos concursos de beleza, bailes, festas e encontros sociais, um dos objetivos do local também foi promover iniciativas educacionais.

Assim, durante muito tempo, os organizadores procuravam garantir palestras com temáticas históricas, de literatura e cursos profissionalizantes destinado às mulheres, como datilografia e costura. Além disso, no início dos anos 1930, o clube criou uma escola de alfabetização noturna, chamado “Escola Cruz e Souza”.
Com isso, é inegável que o Clube 28 contribuiu muito com o crescimento de Jundiaí.
Lei do Ventre Livre
Diferente do que muitos pensam, o Clube 28 de Setembro não tem esse nome por causa da data em que foi inaugurado. Também não é a data do aniversário de nenhum dos fundadores. O clube tem esse nome como uma homenagem à Lei do Ventre Livre, promulgada no dia 28 de setembro de 1871.
A Lei Nº 2.040 foi assinada pela Princesa Isabel e considerava que todos os filhos de mulheres escravas nascidos até então seriam livres. De acordo com o texto, os filhos dos escravos, agora livres, ficariam sob cuidado dos senhores até os 21 anos, ou entregues ao governo.

Patrimônio Cultural
Com seu protagonismo desde a criação até hoje, o Clube 28 é o Clube Social Negro mais antigo de São Paulo e o terceiro mais antigo do Brasil. O reconhecimento também tornou o local um Patrimônio Cultural Imaterial de Jundiaí.

Atualmente, o Clube 28 de Setembro promove diversos projetos culturais que continuam compartilhando a história do povo negro jundiaiense e brasileiro. Um dos programas é o Ponto de Cultura, criado em 2011, com aulas de capoeira, grafite, dança de salão e eventos com ritmos de reggae e hip hop.
O Clube 28 de Setembro é referência: “como centro de resistência cultural; espaço de reivindicações raciais e formação de lideranças; como espaço de aculturação dos negros, expressão cultural e a manutenção de parte da herança ancestral; espaço físico e político que confere a seus membros um sentimento de identidade e orgulho, sendo também local para o extravasamento das tensões”.
Tem alguma história interessante da cidade, um fato inusitado ou quer que falemos sobre algum assunto? Peço que ajude a preservar nossa história: envie fotos antigas e participe do grupo no Facebook.
Até semana que vem!
Com a colaboração do Professor Maurício Ferreira, do Sebo de Jundiaí.
 
					 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		