Antenor Soares Gandra

Muita gente que passa diariamente pela rua Dr. Antenor Soares Gandra, entre as regiões da Ponte São João e Colônia, nem imagina quem foi este cidadão. É por isso, também, que aproveitamos este espaço no Tribuna de Jundiaí para contar a história da nossa cidade. Vamos falar deste cidadão, que fez muito pelo município: não só como profissional da Medicina, mas também como chefe do poder Executivo.

Gandra nasceu dia 10 de fevereiro de 1891. Os pais, o tenente-coronel Júlio Cezar Ferreira Gandra e Maria Soares Gandra, eram agricultores e donos da Fazenda Santa Fé, no Distrito de Paz da Rocinha. Este local fez parte de Jundiaí até 1948, quando tornou-se a cidade de Vinhedo.

Ele estudou no Rio de Janeiro, onde se formou médico aos 23 anos, mas fez questão de trabalhar em Jundiaí. Em 1916, já tinha um consultório na cidade, mas voltou ao território carioca para casar-se com Maria Celeste Ribeiro Gandra – companheira e apoiadora de todas as empreitadas ao longo da vida. Tiveram quatro filhos, todos jundiaienses.

Amor ao próximo

Era tido como um profissional e cidadão muito consciente. Por esse motivo, muitas vezes, clinicava apenas por amor à profissão e ao ser humano. Trabalhou no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, foi chefe do Serviço Sanitário Municipal e enfrentou bravamente a epidemia de gripe espanhola na cidade, em 1919 – doença que matou mais de 35 mil pessoas no Brasil (inclusive o recém-eleito presidente da República, Rodrigues Alves).

Antes de ser prefeito, Antenor Soares Gandra foi líder do Movimento Constitucionalista de 1932, quando participou de muitos combates ao lado de bravos jundiaienses para proteger a Constituição e nosso Estado.

Dr. Gandra era, também, médico-auxiliar do Departamento de Profilaxia da Lepra, na Secretaria da Educação e Saúde Pública do Estado de São Paulo. Como prefeito de Jundiaí, de 1933 a 1936, teve as mesmas atitudes que desempenhava na medicina: se aproximou do povo e, mesmo com poucos recursos à época, realizou várias obras.

Antigo prédio da Prefeitura de Jundiaí, na rua Barão de Jundiaí

Infraestrutura e saneamento

Foi responsável pela construção do Paço Municipal, demolido infelizmente há 30 anos. No local, na rua Barão de Jundiaí, funciona agora uma agência do banco Santander. Outras obras da administração Gandra foram a ponte de concreto que liga a Ponte São João ao Centro – inaugurada em 1937, por Thomaz Pivetta – e nada menos do que 312 quilômetros de estradas.

Ele dedicou-se ativamente para estudar o abastecimento de água e afastamento de esgoto, no sentido de combater as moléstias mortais e mais comuns na época, causadas pela falta de saneamento.

[tdj-leia-tambem]

Organizou a primeira exposição vitivinícola do Estado de São Paulo, realizada em 20 de janeiro de 1934. Seria o embrião da Festa da Uva que conhecemos hoje.

Criou a Escola Profissional Mista e Núcleo de Ensino Profissional que, na concepção dele, deveria formar técnicos no cultivo de uva e produção de vinho. Criou o Grupo Escolar de Vila Arens, inaugurado dia 28 de setembro de 1934, cujo terreno fez doação ao Governo de Estado. Criou, também, a Cooperativa dos Vitivinicultores do Bairro de Caxambu, inaugurada em 1935.

Aumentou de 12 para 20 o número das escolas municipais, que se juntaram às 14 escolas do Governo Estadual e quatro particulares. Destas, apenas o Colégio Professor Luiz Rosa continua funcionando.

Criou a Repartição de Estatística anexa à Prefeitura, a primeira a ser instalada no interior do Estado, assim como a Estação Experimental Viticultura de Currupira, cujo terreno, com área de 95 alqueires, doou ao Governo do Estado. Foi também Gandra quem conseguiu que o Congresso votasse a lei de criação do Ginásio de Esportes em Jundiaí.

Depois que deixou a Prefeitura, em 1937, mudou-se para a Capital sem deixar de voltar a Jundiaí sempre que podia. Em São Paulo, Gandra exerceu o cargo de assistente médico superintendente do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina, do qual foi um dos organizadores até 1946.

Bom prefeito

A atuação como prefeito sempre rendeu elogios da população. Prova disso é o jornal “O Popular”, que em 1935 estampou na capa uma página toda dedicada ao mandato de Gandra: “Quem conhece nossa gente, nossas coisas, nossos recursos e nossos problemas , não pode deixar de acreditar e confiar num futuro promissor para Jundiaí”.

Com inteligência e visão de um cidadão (e não de um político), ele afirmou: “Tenho fé em nossa gente, creio na minha, na nossa Jundiahy! Para que se engrandeça e brilhe, bastará que os governos sejam honestos e não a estorvem quando não puderem ajudar e guiar a nossa cidade”.

Gandra morreu dia 18 de maio de 1946, com apenas 55 anos, em São Paulo. Além da rua, dá nome a uma escola estadual, o antigo Industrial, no início da rua Barão de Jundiaí.

E você? Tem alguma história interessante da cidade, um fato inusitado ou quer que falemos sobre algum assunto? Peço que ajude a preservar nossa história: envie fotos antigas e participe do grupo no Facebook.

Até semana que vem!