Nesta quinta-feira (4), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, contou que os golpistas do 8 de Janeiro tinham três planos contra ele. De acordo com Moraes, um dos planos incluía enforcamento do ministro em praça pública.
Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal eram os principais alvos dos ataques aos prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Essa semana, o ataque completa um ano. Os manifestantes diziam que Moraes teria interferido no resultados das eleições que elegeram Lula como novo presidente do Brasil, e não Jair Bolsonaro. Todas as auditorias da Justiça Eleitoral refutou a tese dessa interferência.
Moraes alegou, durante entrevista ao portal O Globo, que os golpistas tinham três planos para “puni-lo”. Segundo ele, esses planos envolviam prisão, homicídio e até enforcamento em praça pública.
“Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais [do Exército] me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, comentou o ministro.
Agora, um inquérito no STF investigará esses planos e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tocará diligências em andamento.
Regulamento das redes sociais
Para Moraes, as pessoas que o ameaçam constantemente nas redes sociais não têm essa coragem na realidade. “Esses golpistas são extremamente corajosos virtualmente e muito covardes pessoalmente”, disse.
Ainda assim, o ministro reforçou a necessidade da regulamentação das redes sociais. De acordo com ele, essa é a principal lição dos atos do 8 de Janeiro. Para ele, sem as redes sociais, os atos golpistas dificilmente seriam tão grandes.
Punição contra Bolsonaro
Na entrevista, Moraes foi perguntado sobre uma possível punição contra Jair Bolsonaro por ter tido um papel de mentor da tentativa de golpe. “Todos os políticos, quando houver comprovação de participação, devem ser alijados da vida política, além da responsabilidade penal”, disse o ministro, sem nomear diretamente o ex-presidente.
“Achei importante três decisões: as prisões do então secretário [Anderson Torres] e do comandante geral da Polícia Militar [Fábio Augusto Vieira], para evitar efeito dominó em outros estados. Eu me certifiquei que as demais polícias militares estavam tranquilas, mas não podíamos arriscar. Ao mesmo tempo, o afastamento do governador [Ibaneis Rocha], para evitar que pudesse ocorrer algo extremista em outros estados, eventualmente outro governador apoiar movimento golpista”, explicou.
Descuido na segurança
Além disso, Alexandre de Moraes disse que outro erro grande que resultou nos ataques de 8 de janeiro foi o descuido na segurança. Após a posse do Presidente Lula, no dia 1º de janeiro, sem nenhuma intercorrência, os funcionários da área de segurança podem ter ficado “mais otimistas”, diz o ministro.
O grande erro doloso foi permitir a entrada [dos golpistas] na Esplanada dos Ministérios. O 8 de Janeiro foi o ápice do movimento: a tentativa final de se reverter o resultado legítimo das urnas”, avaliou.