Coletivo Teatro Preto se apresenta nos palcos e também em praças.
Coletivo Teatro Preto surgiu em 2021 após a flexibilização da pandemia (Foto: Divulgação/ Coletivo Teatro Preto CLP)

No Dia Nacional do Teatro, celebrado nesta quinta-feira (19), nada mais do que justo falarmos de um coletivo da região, o Coletivo Teatro Preto CLP, que surgiu em 2021 com o objetivo de reafirmar o pertencimento preto no cenário regional, nacional e mundial de artes cênicas. 

O Coletivo Teatro Preto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo em Campo Limpo Paulista e Franco da Rocha, ambos municípios de São Paulo. 

Tiago Pinheiro, ator integrante do coletivo, explica que além das reflexões sobre aspectos de racismo estrutural, institucional e recreativo, o grupo aborda o resgate da memória afro nacional como motivação de recuperar e impedir um possível apagamento histórico. 

“O grupo ainda demonstra a necessidade de fortalecer o que chamamos de “aquilombamento”, [que] trata-se da união de pessoas pretas com o propósito de ser resistência contra racismo e dificuldade de atores pretos ocuparem grandes palcos”, detalha Tiago.

Tiago ainda destaca que a classe artística enfrenta muitas dificuldades em território nacional, principalmente com as leis de incentivo. “Embora novos editais tenham surgidos nos últimos anos, os grupos pretos lidam com questões que grupos majoritariamente formados por pessoas brancas não enfrentam, com intolerância religiosa, além de estereótipos que o próprio mercado estabelece [de] preto interpretando bandido ou personagens com cargos de servidão”, explica. 

E para contornar essas dificuldades, o Coletivo Teatro Preto contribui com a representatividade, permitindo a abertura para novos espaços para discussões e trocas. “As apresentações do grupo servem de espaço para discussões e trocas para que o público se veja nos discursos dos personagens”, afirma o ator. 

Equipe do Coletivo Teatro Preto (Foto: Divulgação/ Coletivo Teatro Preto CLP)

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Processo criativo do Coletivo Teatro Preto

Ingrid Mercês, atriz e idealizadora do grupo, conta que a temática abordada nas apresentação está sempre em busca do resgate da memória afro nacional e, nos projetos mais recentes, foram apresentadas personalidades brasileiras importantes, responsáveis por grandes feitos na história do país e que merecem ser lembrados. 

O primeiro curta-metragem é História Pretas – narrativas de resistência e o segundo é História Pretas II, memórias e vivências. Ambos estão disponíveis no YouTube, clique aqui para acessar. 

Tiago como Seu Jorge no curta-metragem Histórias Pretas II (Foto: Divulgação/ Coletivo Teatro Preto CLP)

Quando questionada sobre as referências artísticas, Ingrid responde: “Toda produção preta e nossas vivências servem de inspiração, além das propostas de pesquisa com grandes estudiosos das temáticas raciais”.

A idealizadora do coletivo também destaca que as produções foram exibidas nas redes sociais e para alunos do Ensino Médio em escolas, atendendo toda a comunidade nos Centros de Referência e Assistência Social, potencializando o acesso à arte e à cultura. 

Materiais produzidos estão disponíveis no YouTube (Foto: Divulgação/ Coletivo Teatro Preto CLP)

Atualmente, o Coletivo Teatro Preto está concluindo o projeto da Lei Paulo Gustavo em Franco da Rocha, com exibição no domingo (22), às 18h, no Centro Cultural. “Em breve, pensamos em construir um novo projeto do zero”, adianta Tiago. 

E para os jovens que desejam entrar no mundo do teatro, Tiago deixa um recado importante sobre representatividade:

“Se você entrar em um lugar e for o único preto, lute para que outros ocupem também aquele espaço”.

Acompanhe o Coletivo Teatro Preto nas redes sociais, seguindo o perfil @teatropretoclp.