Aos 53 anos, ele é pai e ‘mãe’ de garoto autista: “missão”

Osni Soares da Silva, de 53 anos, é pai de quatro filhos. Após ter perdido sua esposa em 2016, ele assumiu o papel duplo de ser pai e mãe, especialmente de Pedro, de 8 anos, que é autista e requer uma atenção especial.

Guilherme, de 19 anos, também mora com o pai. Os outros filhos, mais velhos, já estão casados. Com uma rotina de trabalhar, cuidar da casa e dos filhos, como a de muitas mães, Osni diz que essa é de fato uma jornada dupla.

A sua maior tarefa, conta ele, é dar o melhor para o seu filho Pedro. “Eu dedico a maior parte do meu tempo disponível para ele”, afirma.

Ele perdeu sua esposa, Adriana, após uma luta de 15 anos contra a Hepatite C. “Quando nós tinhamos 10 anos de casados descobrimos que ela tinha a doença e que já estava com o fígado com mal funcionamento. Foram longos anos de tratamento, mas uma hora o fígado não suportou. No meio de toda essa tribulação nasceu o Pedro”, diz.

No ano passado, veio a descoberta de que seu filho mais novo tinha autismo. Para Osni, que se apega em sua fé, tudo isso foi uma missão dada para ele.

“Eu tive a missão de cuidar da minha esposa, seguindo aquilo que eu prometi na Igreja, respeitando o ‘até que a morte nos separe’, e agora tenho a missão de cuidar do Pedro”.

Atualmente Pedro estuda em uma escola integral, onde além do professor ele recebe os cuidados de um especialista em autismo, que dá suporte dentro da sala de aula. Além da escola, ele participa da Associação Amigos dos Autistas (AMA) e passa por vários especialistas, como fonoaudióloga e psicolóloga.

De acordo com o pai, um de seus maiores sonhos é ver seu filho com autonomia, sabendo se comunicar e saindo das fraldas.

“Minha alegria maior hoje não seria nem ganharn na loteria, mas sim ver ele falando. Seria uma alegria tremenda, dinheiro nenhum pagaria isso. Hoje eu vejo que dinheiro não tem mais valor, a gente muda os princípios e anseio por coisas básicas, como escutar a voz dele”, conta.

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Seu filho ainda está no processo de desenvolver a fala e tem dificuldades em se comunicar para pedir coisas como ir ao banheiro, por exemplo. Por conta disso, ainda utiliza fralda.

“Mas estamos com um projeto na escola e na AMA de, assim que terminar o inverno, vamos tentar tirar a fralda. Estamos com expectativas, ainda mais que é todo mundo ajudando ele”, diz o pai.

Pai de autista

Osni e Pedro no Parque da Cidade (Foto: Tribuna de Jundiaí)

Osni diz que ser pai de autista tem muitos desafios, mas que a persistência de dar autonomia para o filho deve estar sempre em primeiro lugar.

E, como todos os pais, tem seus deveres. “Temos que ser fortes, presentes. Ser pai é estar junto com os filhos enquanto eles crescem, é dar aquilo que eles precisam, não só alimentação, mas educação e amor”, reiteira.

E, para os outros pais que, assim como ele, têm um filho autista, Osni deixa uma mensagem: “Eu digo para que não desista, que não foi por acaso, para Deus nada é impossível. Com persistência as coisas vao acontecendo. E sempre agradeça a Deus pelo dia, pela família, pelo seu filho”, finaliza.