À esquerda, ursinho de pelúcia é achado em meio à lama; à direita, equipe do tenente Vitor chega ao local
Equipe formada por bombeiros de Jundiaí atuou em duas áreas no Guarujá. (Foto: Arquivo pessoal)

Desde que um temporal atingiu o litoral paulista e dezenas de famílias foram soterradas no Guarujá, bombeiros de Jundiaí utilizam de seus dias de folga para descer a serra e auxiliar na busca de vítimas. Voluntários na operação, equipes formadas por oito membros da corporação se revezam no trabalho no Morro do Macaco e Barreira São João.

“Nós saímos por volta das 2h, 3h e voltamos no mesmo dia”, explica o tenente Vitor, ressaltando que a unidade de Jundiaí não fica, em momento algum, desamparada ou com efetivo reduzido.

Vitor esteve em uma das equipes de apoio e viajou para o Guarujá por duas vezes. Para ele, lidar com o fator emocional é um desafio que, em ocorrências nessas proporções, precisa ser enfrentado todo o tempo.

“Na zona quente, ficam apenas os bombeiros. Mas não muito longe, os familiares ficam à espera de notícias. Eles questionam se encontramos a mãe, o pai. É muito difícil. Encontramos chinelos infantis, bichinhos de pelúcia”, relembra o tenente. “Precisamos trabalhar com profissionalismo, com as técnicas recomendadas, e também com muito respeito pela família”, afirma.

Além de retroescavadeiras, a busca por corpos também é realizada com o apoio de equipamentos de mapeamento, drones e da equipe do Canil. Para Vitor, essa é uma experiência que também auxilia em futuras ocorrências.

Bombeiros cavam em área de lama
Vitor relata que a presença de pedras é uma das principais dificuldades encontradas pelos bombeiros. Foto: Arquivo pessoal)

Perda de colegas

No desastre, os colegas de profissão cabo Batalha e cabo Moraes, primeiros que chegaram ao local depois que toda a terra da encosta desceu, também foram soterrados.

“A gente se emociona, né? Porque realmente eles fizeram a diferença, salvaram muitas vidas”, diz o tenente Vitor.

Em respeito aos colegas e as vítimas, o Corpo de Bombeiros que completou 140 anos no último dia 10 de março, não celebrou a data. O silêncio e ausência de solenidade simbolizaram o luto e a solidariedade às famílias.

Solidariedade

O sentimento que motivou membros do Corpo de Bombeiros de Jundiaí a seguir viagem em seus dias de descanso, também chegou aos moradores que residem ao lado da tragédia.

Comida, água e palavras de gratidão foram os gestos de agradecimento dos guarujaenses aos que deram a vida para salvar outros ou suaram para levar conforto ao coração dos parentes.

Até o momento, há 32 mortes confirmadas e 35 desaparecidos apenas no Guarujá.

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