O Dia Nacional do Riso é uma oportunidade para celebrar o poder do riso como fonte de alívio e reflexão. Em Jundiaí, o trabalho da Cia Tramp de Palhaços é um exemplo vivo de como a arte da palhaçaria contribui para o bem-estar e a leveza do público.
O grupo, que se dedica a explorar a linguagem e a essência do palhaço, foi formado a partir do encontro entre os artistas Luan Silva, Paulo Freitas e Fernando Rosa. A trajetória da companhia começou nas oficinas “Arte do Riso”, ministradas por Claudio de Albuquerque no Ateliê Casarão, em Jundiaí, um espaço dedicado à experimentação e expressão artística.
Desde então, a trupe cresceu com a chegada de Matheus Ferreira e Christofer Bergmann, formando um elenco que cativa o público com um humor que transcende a piada superficial e mergulha em uma abordagem mais profunda e lúdica.
A filosofia da Cia Tramp: “Acreditamos no jogo do palhaço”
A Cia Tramp acredita que o riso é um recurso teatral poderoso. “O palhaço é uma figura que pensa de maneira diferente, ilógica, quando vai resolver um problema não busca uma solução rápida, não tem uma lógica na sua solução”, explica o grupo. “O jogo do palhaço, tão tradicional, atravessa séculos e séculos, e é o gerador do riso desta linguagem.”
Para os palhaços do grupo, o riso uma das ferramentas mais potentes do teatro. “É através do riso que as pessoas se despem verdadeiramente das suas couraças e se deixam se afetar pela que chega até ela. Ao longo da nossa carreira percebemos que o riso é a principal ferramenta para fazer as pessoas refletirem, ao mesmo tempo se divertem, que ficam mais leves.”
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Ainda assim, a companhia de palhaços diz que não coloca o riso como foco principal de seu trabalho. “Ele é a consequência do nosso jogo e das relações que criamos entre nós e o público”, explicam. “Quando entramos em cena com a obrigação de fazer rir, a tendência é o fracasso. Queremos que o público ria, sim, porém não nos prendemos a isso. O maior desafio do palhaço é ser verdadeiro. O público percebe quando um palhaço não está verdadeiramente conectado, no estado de presença. Essa relação com o público tem que ser genuína e verdadeira e estar neste lugar é muito desafiador, pois ou você está ou não está.”
Jornada de leveza e aprendizado
Ao longo dos anos, a Cia Tramp de Palhaços aprendeu valiosas lições com sua prática, descobrindo que o palhaço é uma figura atemporal, carregada de significados e afetos que atravessam gerações. “Quando vemos alguém com um nariz vermelho, já fazemos diversas associações e nos conectamos a diversas afetividades.” Esse simbolismo do palhaço, com seu humor e simplicidade, acaba tocando profundamente a audiência, que se vê refletida no jogo e nos dilemas dos personagens.
Impacto Social do Riso
A Cia Tramp de Palhaços carrega consigo memórias de momentos emocionantes que destacam a importância de seu trabalho. Após uma apresentação do espetáculo “Charanga da Tramp” em Porto Ferreira (SP), uma senhora escreveu ao grupo, contando que havia perdido o filho recentemente e que, durante o espetáculo, foi a primeira vez que riu de verdade desde o luto. “Isso nos emocionou muito, pois são com esses depoimentos que vemos que nosso trabalho faz sentido,” afirmam. Para a Cia Tramp, histórias como essa reforçam a ideia de que o riso é uma ferramenta poderosa de cura, capaz de aliviar, ainda que temporariamente, as dores do dia a dia.
Tradição e a importância do Palhaço na cultura popular
A figura do palhaço é uma das mais consolidadas na cultura popular, carregando uma rica bagagem emocional e associada ao cômico há séculos. O trabalho da Cia Tramp é uma celebração dessa tradição, um convite para se deixar afetar pela alegria e pelo humor.
