
No Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, celebrado hoje, 28 de junho, o Tribuna de Jundiaí conversa com Ana Clara, uma das fundadoras do Coletivo Tô de Drag, que atua em Jundiaí e região para criar ambientes seguros, acolhedores e espaços de resistência para artistas e a comunidade LGBTQIA+.
Carregando o lema “performar, ocupar, aprender, preservar”, o coletivo surgiu em 2022 a partir de uma oficina drag realizada no mês da diversidade em Jundiaí.
“Nesse dia nós havíamos conversado sobre a dificuldade de ser artista drag em Jundiaí naquele momento, assim como a falta de palco para essa arte na região. No dia nós até conversamos sobre a possibilidade de criar uma organização maior, mas isso foi de fato consumado quando nós, por meio das redes sociais, decidimos nos organizar enquanto artistas drag. Assim o coletivo foi criado! Éramos 5 competidores de um concurso (Alanna Skin, Anubis Blackwood, Baby the Drag, Hanelle Zee e Sheewolf Moonshine) que posteriormente tornaram um coletivo”, recorda Ana Clara.
Oficinas, eventos e ocupações: o crescimento do coletivo
Desde sua fundação, o Coletivo Tô de Drag cresceu de 5 para 12 integrantes, expandindo objetivos e reforçando pilares como a instrução na arte drag, o reconhecimento regional e o acolhimento à diversidade.
“Existem certos pilares que nos acompanham desde o início, como a instrução dentro da arte drag, feita por meio de oficinas e atividades com integrantes do coletivo, assim como a busca pelo reconhecimento da arte feita por pessoas residentes da região interiorana. Além disso, um dos nossos pilares também é o acolhimento, onde nós buscamos abraçar todos os tipos de artistas dentro desta arte, enfatizando a importância da família drag”.

A prática do coletivo é tão diversa quanto a própria arte drag como consta em seu manifesto, clique aqui para acessá-lo.
O grupo desenvolve projetos contemplados em editais como a Lei Paulo Gustavo, organiza eventos em espaços culturais, marca presença anual na Parada da Diversidade de Jundiaí e ocupa estúdios de tatuagem, bares e galerias de arte na região. “Nós ocupamos e ocuparemos todos os ambientes que pudermos!”

Resistência, acolhimento e arte como ferramenta de transformação
O coletivo também atua para preservar a memória e valorizar figuras históricas da cultura LGBTQIA+ na região, além de fomentar espaços acolhedores para pessoas que não se sentem seguras em outros ambientes.
“Nós temos o papel de perseverar a arte drag, já que este é muito importante e rico, portanto temos a intenção de levar para frente os nomes e a cultura de quem passou antes de nós. Já desenvolvemos rodas de conversa com figuras da região como Karol Della Lastra e Divinna Synik”, detalha Ana Clara. “Cada evento é um convite para que estas pessoas se sintam bem-vindas e livres para serem o que são”, completa.
“Existe uma brincadeira entre o mundo LGBTQIA+ onde nós dizemos que drags são as abre alas do mundo LGBTQIA+, assim, nós somos as figuras imagéticas que carregam a nossa cultura. Também há a brincadeira em que colocam arte drag como a palhaçaria LGBTQIA+… e nós abraçamos ambas! Mas por além disso, a arte drag escancara questões permeadas na vivência LGBTQIA+, e trabalhamos isso não só no palco, mas na interação”.

Mesmo com desafios, o Coletivo Tô de Drag segue buscando expandir espaços, levando arte e diversidade para novos públicos:
“A questão de trazer ambientes seguros para a população LGBTQIA+ é de fato um desafio, mas nós enquanto coletivo abraçamos este desafio e procuramos sempre combatê-lo”, diz.
“Por mais que Jundiaí seja considerada uma das melhores cidades para morar no Brasil, não é tão convidativa assim quando se é abertamente LGBTQIA+. Nós procuramos fazer o contrário: enfatizamos a importância da diversidade e convidamos o público a vestir o que quiser vestir, usar o que quiser usar”, declara Ana Clara.

O coletivo destaca que abriu suas portas para noves membres interessades em vivenciar a arte drag, agregando artistas burlesques, cantores, drag queens e drag kings, ampliando ainda mais o leque de possibilidades para quem busca uma família drag. “Sentimos que muita gente precisava de uma família drag para chamar de sua”.
Arte drag como forma de resistência e convite à participação
O coletivo realiza desde sessões de desenho com modelo vivo drag, rodas de conversa e shows até espetáculos que marcaram história na região, como o primeiro evento LGBTQIA+ público de Campo Limpo Paulista e a participação como cast oficial da festa Drag Me To The Sunset, no Café Tequila.
“Ainda há um estigma gigantesco sobre o que a arte drag pode ser, mas resistimos dia após dia. Queremos ocupar bares, estúdios, galerias, teatros e onde mais puderem nos receber”.

“Gostaríamos de enfatizar que diversas vezes é difícil achar nosso lugar seguro e ainda temos muito a melhorar enquanto município, mas precisamos permanecer resistentes”, anuncia. “Nós, enquanto coletivo, lutamos em prol da autoexpressão e esperamos que nosses se encontrem no mesmo lugar”, acrescenta.
Por fim, o coletivo convida o público a apoiar a arte drag não apenas online, mas presencialmente nos eventos.
“É imensamente importante para nós que haja pessoas presentes em projetos que fazemos. O que drags mais esperam é que haja presença, assim como nos colocamos presentes. Apoiar a arte drag é algo vital pra nós, mas não é apenas para quem participa do coletivo: participar da arte drag é algo que muda vidas!”

Para acompanhar o trabalho do Coletivo Tô de Drag, siga @coletivotodedrag no Instagram.
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