Sapateiro mais antigo de Jundiaí resiste em profissão cada vez mais rara 3
Sapateiro mais antigo de Jundiaí resiste em profissão cada vez mais rara 3

Foi com os braços apoiados em sua simples bancada e com estantes de ferro cheias de sapatos ao fundo, que o simpático sapateiro Jurandir Boni, de 71 anos, recebeu o Tribuna de Jundiaí e falou um pouco sobre sua profissão, que resiste ao tempo nos poucos estabelecimentos do tipo em Jundiaí.

O comerciante e sapateiro, que trabalha há 64 anos na Avenida Doutor Odil Campos Saes, no bairro do Vianelo, é o sapateiro mais antigo registrado pelo Cadastro Fiscal Imobiliário (CFM) da Prefeitura de Jundiaí. Ele começou a trabalhar por ali em 1955, junto com um amigo e ainda criança, e abriu o seu negócio sozinho somente em 1967.

“Meu negócio eu abri oficialmente em 5 de janeiro de 1967, mas comecei antes, bem antes. Trabalho na profissão desde criança”, contou ele, enquanto pegava fotografias antigas para mostrar como era a região da Vila Arens e Vianelo antigamente.

“Era muito diferente, era arborizado. Parecia até que a Serra do Japi era mais próxima. Nunca imaginava que ficaria assim, tão movimentado”, disse ele, apontando para uma foto antiga que mostra a região da Rua Vigário J.J. Rodrigues, com o Teatro Polytheama e a antiga ‘Escola Industrial’ ao fundo.

Sapateiro mais antigo de Jundiaí resiste em profissão cada vez mais rara
Seu Jurandir mostrando fotografias antigas da região (Foto: Tribuna de Jundiaí)

E é ali que sua vida se resume. Nasceu na Rua Silva Jardim e, desde então, permanece no bairro. “Aqui todo mundo me conhece, é bom demais”, disse.

Sobre a sua profissão, seu Jurandir diz que ama o que faz e lamenta que hoje não tenha mais quem esteja começando esse tipo de trabalho.

“Aqui é tudo manual. De máquina só tenho a de acabamento e a de costura. O resto é tudo na ‘unha’. Tudo que é feito na mão é feito com mais amor e sem amor nada fica bem feito”, afirmou o sapateiro.

Fotografia mostra o sapateiro nos anos 70, ainda jovem (Foto: Tribuna de Jundiaí)

Por dia, ele conserta uma média de 15 a 20 pares de sapatos, principalmente saltos femininos, zíperes de bota e saltos de sapatos sociais masculinos. Além disso, ele também conserta bolsas e mochilas.

Para ele, a melhor parte é a das amizades que faz, depois de tantos anos de trabalho com o público. “Eu sempre trabalhei com o público, a gente pega amor. Eu gosto muito de trabalhar assim, de conversar com os clientes, do olho no olho”, continuou ele.

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E, enquanto puder, seu Jurandir garrante que vai continuar ali, firme e forte, na sua profissão. “Aqui não falta trabalho, sempre tem o que fazer. E eu gosto do que faço, sempre vivi disso. A gente vai remando. Tendo serviço, vamos vivendo”, finalizou o sapateiro mais antigo de Jundiaí.