Foto: Tribuna de Jundiaí
Foto: Tribuna de Jundiaí

Nesta segunda-feira (24), o Bloco Kekerê de Jundiaí compartilhou uma nota de repúdio contra ataques sofridos pela Comunidade Afro Santa Catarina, um templo de candomblé da cidade. A comunidade se apresentou na abertura do bloco de Carnaval na tarde de domingo e, após o evento, foi alvo de mensagens discriminatórias.

A Comunidade Afro Santa Catarina e o Bloco Kekerê promoveram uma abertura inter-religiosa durante o desfile, convidando pessoas de todas as crenças a refletirem sobre a importância da paz, do respeito e do amor entre religiões. O momento, que deveria simbolizar união, acabou sendo marcado por ataques preconceituosos.

As frases de teor discriminatório foram comentadas por diversos usuários em uma publicação sobre o desfile na página do Jornal da Região. Em resposta, a Comunidade Afro Santa Catarina divulgou uma nota afirmando: “Não nos tolere, nos respeite”.

Confira a nota na íntegra:

É com profunda tristeza e indignação que vemos o racismo religioso e falta de respeito contra as religiões de matriz africana persistir em nossa sociedade em pleno 2025. O racismo religioso é crime, previsto na lei (Lei Nº 9.459, de 1997, e a Lei Nº 14.532, de 2023) e atinge diretamente a liberdade de crença de milhões de brasileiros.

Nossas religiões, com suas raízes ancestrais e ricas tradições, nada têm a ver com disputas políticas ou com outras crenças. Somos um povo de fé, que busca a conexão com o sagrado e a harmonia com a natureza. Nossos Nkisis, nossos guias, nos ensinam a amar e respeitar o próximo, independentemente de sua religião, cor ou origem.

Que possamos construir um Brasil onde a diversidade religiosa seja celebrada e onde a paz e a justiça prevaleçam. Que o amor seja a nossa maior arma contra o ódio e a falta de respeito para com os nossos irmãos.

Desde já agradecemos a solidariedade de muitos na postagem. 🤍 Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que lutar!

Não nos tolere… NOS RESPEITE! Não nos calaremos!

Intolerância religiosa é crime no Brasil

A intolerância religiosa é um crime inafiançável e imprescritível no Brasil. A Lei 9.459, de 1997, tipifica o crime de discriminação religiosa, enquanto a Lei 14.532, sancionada em 2024, equipara a injúria racial ao crime de racismo, aumentando as penalidades para atos de intolerância religiosa. De acordo com a legislação vigente:

  • A pena para discriminação religiosa varia de 1 a 3 anos de reclusão, além de multa.
  • A pena para intolerância religiosa pode chegar a 2 a 5 anos de reclusão, também acompanhada de multa.

Como denunciar atos de intolerância religiosa

Caso ocorra um crime de intolerância religiosa em andamento, é essencial agir rapidamente. A vítima ou testemunha pode acionar a Polícia Militar pelo telefone 190. Para fortalecer a denúncia, recomenda-se reunir provas, como gravações de áudio, vídeos ou capturas de tela de comentários ofensivos.

A importância do respeito à liberdade religiosa

A intolerância religiosa não apenas fere os direitos humanos, mas também provoca divisões na sociedade e compromete a convivência pacífica entre diferentes grupos. A liberdade de crença é um direito fundamental garantido pela Constituição e deve ser respeitado por todos.

Promover o respeito à diversidade religiosa é essencial para construir uma sociedade mais justa e harmoniosa. Denunciar a intolerância é um passo importante para garantir que todos possam exercer sua fé sem medo ou represálias.