
Uma queda durante um passeio e a perda de força muscular foi o que levou a família de Miguel, de apenas 4 anos de idade, a descobrir um câncer raríssimo no pequeno.
Julho de 2020 – um tropeço
Foi em meados do final de julho de 2020 que o pai levou Miguel e sua irmã, Maria Clara (7) para passear em um parque. Enquanto brincava, o menino tropeçou. No final daquela tarde, a mãe de Miguel, Márcia, conta que ele começou a mancar.
Até então, pensaram que era por causa da queda, mas com o passar dos dias a situação foi piorando, a ponto de optarem por consultar um ortopedista. Lá, o médico informou que Miguel tinha uma sinovite no quadril, um quadro inflamatório, que explicaria a perda de força do menino.
Durante um mês, Miguel passou por tratamentos com o ortopedista, semanalmente, até a sinovite sumir. No entanto, o menino ainda estava mancando, e a situação não melhorava. Assim, a família consultou outros médicos, até que um deles recomendou uma consulta com neurologista.
A nova médica solicitou de imediato uma ressonância de urgência, a desconfiança era de que Miguel tinha tido um Acidente Vascular Cerebral (AVC), mas o resultado do exame voltou com algo muito mais preocupante.
Setembro de 2020 – diagnóstico, cirurgia e início do tratamento
Márcia se recorda exatamente do dia, 21 de setembro de 2020, o dia em que soube que o filho caçula tinha um tumor de 5cm. Na mesma semana, felizmente, o pequeno já se encontrou com o cirurgião, que realizou a retirada do tumor, no dia 30 de setembro.

Os resultados da análise no tumor concluíram que era realmente câncer, e que Miguel teria que passar por mais tratamentos além dessa cirurgia.
Dessa forma, a família foi encaminhada para o Grendacc de Jundiaí. “Era uma quinta-feira, e já agendaram para sexta a consulta. A Dra. Arianne Casarim [oncologista do Grendacc] já passou tudo, explicou o que era o câncer do Miguel, como seria o tratamento, que era um câncer muito raro, muito agressivo, e que as chances de cura do Miguel eram muito pequenas. Mas a nossa pequena chance era o nosso 100%, que era em cima dessa chance que iríamos trabalhar”, conta Márcia.
“Foi o pior dia da minha vida, quando a Dra. explicou qual era o tipo de câncer dele. É um câncer muito raro que aparece em crianças de até 3 anos”, explica.
A mãe conta que até mesmo o tratamento foi uma grande batalha. Por causa do grau de agressividade do câncer, a quimioterapia também teria que ser agressiva. Segundo o Grendacc, as chances de cura do Miguel estavam em torno de apenas 20%, mas isso não impediu o pequeno guerreiro de superar tudo isso com um sorriso no rosto.
Foto: Arquivo Pessoal/Márcia Moreira Foto: Arquivo Pessoal/Márcia Moreira
Novembro de 2020 – quimioterapia
No dia 23 de novembro Miguel iniciou a quimioterapia. Ao todo, o menino passou por cinco ciclos de quimioterapia e um transplante de medula.
“É você viver um dia de cada vez. Eu falava sempre com quem me perguntava: ‘Eu me preocupo com o dia de hoje. O Miguel estava no primeiro ciclo, eu me preocupei com o primeiro ciclo.’ Mas o Grendacc é um lugar iluminado, as pessoas que trabalham lá são maravilhosas, fazem tudo com muito amor, carinho, dedicação. A gente fica muito abalado, mas recebe muito apoio de quem está lá”, conta Márcia.
Maio de 2021 – transplante de medula
“Ele precisou fazer um protocolo intenso, pela gravidade da doença. Depois de terminar a quimioterapia foi encaminhado para o Hospital Santa Marcelina, em São Paulo, para transplante autólogo, que é a infusão da própria medula, coletada anteriormente, após altas doses de quimioterapia”, explicou a Dra. Arianne. Esse procedimento aconteceu no dia 4 de maio de 2021. Nesse processo, Miguel ficou 33 dias internado em SP.
De acordo com a médica, no dia 16 de maio ele teve o que é chamado de “pega da medula” e voltou para o Grendacc. Depois desse período, e com o sucesso do procedimento, o pequeno iniciou o tratamento com radioterapia. Foram 28 sessões, sem pausas.
Setembro de 2021 – sem lesão
Quando se viu era setembro, exatamente 1 ano após o diagnóstico do tumor raríssimo de Miguel. Uma ressonância magnética do crânio mostrou no final de tratamento que já não havia nenhuma lesão.
Agora, o alegre Miguel se encontra fora de tratamento efetivo, precisa apenas participar de exames e avaliações para garantir sua melhor saúde.
“Mesmo doente, quando estava internado, o Miguel nunca foi uma criança triste. Ele sempre foi uma criança de brincar muito, ele brinca o dia todo. Mesmo passando mal ele ia para o Grendacc todos os dias, sempre foi muito calmo, muito alegre. Ele é muito comunicativo, faz perguntas, dá bom dia para todo mundo, conversa com todo mundo”
Novembro de 2021 – o alto e bom som da vitória
Com muita satisfação, Miguel voltou mais uma vez no Grendacc em novembro de 2021, para anunciar para todos que a esperança e um ótimo tratamento fizeram o inimaginável. Miguel pôde fazer soas pelas paredes da instituição o som de sua conquista, com o Sino da Vitória.
“O Miguel vai voltar às aulas normais na segunda-feira. Ele já iniciou o processo de vacinação, que precisou refazer por causa do transplante de medula. Já pode ter contato com outras crianças, e hoje é vida normal.”
Com apenas 4 anos de idade, Miguel Silva Moreira mostrou que a fé e um sorriso no rosto podem salvar vidas.
“Quando a gente descobre que um filho tem câncer, é a pior notícia que tem. Você perde o chão, perde a esperança. A gente tem que se apoiar em alguma coisa. A família faz muito a diferença, o tratamento que você recebe no hospital faz muita diferença, e a gente tem que ter Deus acima de tudo. Se hoje eu tenho esse milagre aqui na minha casa, eu agradeço muito a Deus, todos os dias, por permitir que meu filho tenha se curado do câncer”.








