
Além do trabalho que desenvolve como ginecologista e obstetra do Hospital Universitário (HU) de Jundiaí, Gilberto Lazaroni é marcante na vida de suas pacientes por muitos outros motivos. O bom-humor e o sotaque mineiro estão entre eles, assim como a orientação insistente de que as mulheres se atentem à vacinação dos filhos, desde os primeiros meses de vida.
O especialista é natural de Tombos, uma cidadezinha no interior de Minas Gerais. Aos dois meses de vida, quando morava no sítio da família, Gilberto foi diagnosticado com poliomielite, conhecida também como paralisia infantil. “Além da febre, do choro constante, meus pais perceberam que minha perna esquerda era flácida e daí o diagnóstico”, conta.
Naquela época, a vacinação era acessível a partir do terceiro mês de vida, hoje, com mais informações e estudos, a imunização deve acontecer antes, aos dois meses.
Em Tombos, Gilberto foi sendo tratado com massagens até que com quatro anos, a irmã do pai descobriu, no Rio de Janeiro, um hospital que fazia tratamentos e devolvia a mobilidade às crianças. “Nós fomos para lá em uma Kombi, uma caravana com 10, 15 pessoas”, lembra o médico.
[tdj-leia-tambem]
No hospital carioca, o ginecologista passou duas temporadas. Uma aos cinco anos e outra aos 12, sempre sendo submetido a cirurgias e fisioterapias. “Eu me lembro que passei um tempo internado e naquela época os pais não acompanhavam os filhos no hospital. Eram 40 crianças, 20 meninos e 20 meninas sozinhos. Imagine! Era pega de maca, de cadeira de rodas”, conta aos risos.
Depois dessa última temporada, Gilberto teve alta e aos poucos, conseguiu ter de volta a mobilidade motora – hoje, ele utiliza uma bengala para auxiliá-lo no dia a dia.
Na adolescência, se mudou para Juiz de Fora sozinho. Lá, ele fez o ensino médio em um colégio particular, que preparava os alunos para o vestibular. Aos 20, Gilberto começou a faculdade de medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora.

Em Jundiaí, Gilberto chegou depois de alguns anos. Veio fazer residência na Faculdade de Medicina de Jundiaí, onde foi ficando e hoje, com mestrado, é professor da instituição. “Cheguei aqui com duas malinhas, com a cara e com a coragem”, relata o médico que também atua no Hospital Universitário e atende mulheres com gravidez de alto-risco pela Prefeitura.
Longe da família e com o dia a dia agitado, o mais velho de três irmãos vai a Minas Gerais uma vez por ano. A saudade é forte, mas a certeza da profissão o motiva. “Nem sempre a gente dorme tranquilo. São duas vidas nas minhas mãos: a da mãe e a de seu filho; mas não há sentimento melhor do que ser reconhecido pelo nosso paciente”, fala, com o sotaque inconfundível.
Não é à toa que Gilberto é tão querido.
