
Há anos, a chegada do inverno não significa apenas frio para pessoas em situação de vulnerabilidade. Graças à campanha de doação de cobertores organizada por Alexandre Alves de Moraes, morador de Jundiaí (SP), essa estação também é marcada por um gesto de cuidado e empatia. Em entrevista ao Tribuna de Jundiaí, ele conta como a ideia surgiu e de que forma a solidariedade coletiva tem sido essencial para transformar vidas.

Inspiração que virou ação
A campanha nasceu da união de duas inspirações. “A primeira veio de um grande amigo espírita, o Ari, que realiza a entrega de sacolas de Natal. A outra foi uma conversa com minha amiga Terezinha, que dizia que ajudaria os outros só quando ficasse rica. Eu respondi: ‘Por que esperar ser rico? Podemos ajudar mesmo com pouco’”, conta Alexandre. A partir disso, ele decidiu iniciar uma arrecadação de cobertores — e mais tarde também de fraldas geriátricas — mobilizando amigos.
Apesar de ser o organizador da campanha, Alexandre reforça que o sucesso da ação depende de muitos outros envolvidos. “Sou apenas um elo. Essas campanhas só se realizam porque inúmeras pessoas se unem e colaboram”, afirma.

Da arrecadação à entrega: união que faz a diferença
Para garantir que cada cobertor chegue a quem realmente precisa, Alexandre conta com uma rede de apoio confiável. “Tenho um amigo evangélico que faz um trabalho maravilhoso no Vale do Jequitinhonha [em Minas Gerais]. Entrego a ele um volume de cobertores e peço apenas uma coisa: que não haja qualquer tipo de seleção, que sejam entregues a quem mais precisa”, explica.

Ele também mobiliza familiares no interior do Rio de Janeiro para distribuição nas cidades serranas, regiões que enfrentam invernos rigorosos. “Se alguém me conta que está ajudando famílias vulneráveis, eu me esforço para levar cobertores até elas”, completa.
A compra dos cobertores é feita com recursos arrecadados por doações. Alexandre busca o melhor custo-benefício entre fábricas e distribuidoras, para garantir qualidade e quantidade. “Não tenho um fornecedor fixo. Faço pesquisa de preço e escolho onde posso adquirir mais cobertores com o valor arrecadado”, explica.

Histórias que aquecem mais do que o corpo
Entre tantos relatos marcantes, Alexandre se emociona ao lembrar de um episódio envolvendo sua tia, em Miguel Pereira (RJ). Ao doar cobertores para garis, um deles se ajoelhou em agradecimento, com lágrimas nos olhos.
“Um deles ao receber ajoelhou diante da minha tia e dizia palavras de gratidão. Chamando-a de ‘Santa de Deus’. Pois ele e os filhos dormiam juntos na cama porque sentiam muito frio e não tinham cobertas suficientes para todos. Ela voltou e pegou mais quatro cobertores e deu para ele”, relata.
Outra história tocante aconteceu durante uma negociação comercial. Após negar o pedido de desconto de um cliente em seu trabalho, Alexandre acabou compartilhando sobre a campanha de arrecadação, e se surpreendeu. “Ele me perguntou quanto custava cada cobertor e disse: ‘Posso dar 50?’. Pensei que era R$50, mas logo depois recebi uma transferência com o valor de 50 cobertores. Me surpreendi com o gesto e ele se tornou um amigo pessoal”, lembra.
Como ajudar e fazer a diferença?
Cada cobertor adquirido pela campanha custa R$ 32,90. “Mas não há valor mínimo. Tem gente que doa R$ 20, outros 30 cobertores. Toda ajuda é bem-vinda e abençoada”, afirma Alexandre. A contribuição pode ser feita via PIX para o número 11 94962-8207.

Além da doação financeira, Alexandre destaca que divulgar a campanha, mobilizar contatos e até ajudar na logística são formas valiosas de colaborar. “O importante é entender que, mesmo sem grandes recursos, todos podemos fazer algo pelo próximo”.
A campanha liderada por Alexandre Alves de Moraes é um lembrete de que a solidariedade não depende de riqueza, mas de vontade. Um cobertor pode parecer pouco — até que ele chegue às mãos certas e aqueça não só o corpo, mas também o coração.
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